A QUEDA! OS ÚLTIMOS DIAS DE HITLER (Downfall, 2004, Constantin Film, 156min) Direção: Oliver Hirshbiegel. Roteiro: Bernd Eichinger, livros de Joachim Fest e Traudl Junge/Melissa Muller. Fotografia: Rainer Klausman. Montagem: Hans Funck. Música: Stephan Zacharias. Figurino: Claudia Bobsin. Direção de arte/cenários: Bernd Lepel. Produção executiva: Christine Rothe. Produção: Bernd Eichinger. Elenco: Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, Corinna Harfouch, Thomas Krestchmann, Ulrich Matthes, Juliane Kohler, Heino Fersch. Estreia: 08/9/04 (Alemanha)
Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
Tarefa inglória a do diretor Oliver Hirshbiegel: dar profundidade e um tanto de humanidade a um dos maiores monstros forjados pela História do Mundo, o Adolf Hitler. Personagem principal de um dos mais tristes e apavorantes períodos do século XX, o ditador alemão poucas vezes foi protagonista de uma produção de grande visibilidade, sendo sempre retratado de forma superficial. Baseando-se então nos livros escritos por Traudl Junge - secretária do fuhrer em seus últimos dias - e Joachim Fest, o filme "A queda! As últimas horas de Hitler" chegou às telas cercado de expectativa e - por que não? - uma certa dose de medo em relação à maneira com que a história seria retratada. No final das contas, porém, todo mundo ficou feliz: não só a adaptação é fiel em termos históricos como é também cinema de grande qualidade, valorizado pela avassaladora interpretação de Bruno Ganz no papel central.
Ganz, conhecido por seu papel como um dos anjos do incensado "Asas do desejo", de Wim Wenders, entrega uma soberba atuação como Hitler, dando ao infame ditador nuances nunca vistas em performances anteriores. Longe de fazer dele uma vítima - armadilha na qual cineastas e atores menos competentes poderiam facilmente cair - Ganz e o diretor Hirshbiegel utilizam-se de um formato de semi-documentário para narrar os últimos meses do regime nazista sob o ponto de vista da jovem Traudl (Alexandra Maria Lara), contratada como secretária em novembro de 1942. É dela o olhar do público, que acompanha, aterrado, a partir de 20 de abril de 1945 - aniversário de Hitler - os bastidores da queda do regime que dizimou milhares de judeus pelo mundo afora. Silenciosa, ela tem a posição privilegiada de testemunhar as discussões entre a alta cúpula do poder alemão, dividindo-se entre a lealdade a seu patrão e ao medo de transformar-se em vítima da vitória dos aliados.
É impressionante a maneira neutra com que Oliver Hirshbiegel conduz sua câmera, infiltrando-se em reuniões desesperadas entre Hitler e seus fiéis asseclas e nos momentos mais íntimos de seus protagonistas. Inclusive são nas cenas mais pessoais que o filme cresce e empolga. Se nos momentos políticos o interesse já é grande o bastante para qualquer pessoa interessada em História é impossível ficar impassível diante das sequências fortes que mostram as horas finais de todos os companheiros de Hitler. É fascinante, por exemplo, o trabalho sutil mas impactante de Corinna Harfouch como Magda Goebbels, capaz de matar os próprios filhos para impedir que eles convivam com a queda do regime no qual acredita fervorosamente. Tal como uma Medeia, ela retrata, de forma inequívoca, a força da fidelidade nazista. Assim como praticamente todo o elenco - irretocável do início ao fim - Harfouch pontua com competência o trabalho de Ganz, que transmite toda a fúria, o desespero e a angústia de uma personagem ingrata em um desempenho consagrador.
Indicado ao Oscar de filme estrangeiro, "A queda", logicamente, perdeu a estatueta - não se pode esquecer a predominância de eleitores judeus na Academia de Hollywood. Mas é forte, inteligente e realizado com um nível técnico acima de qualquer suspeita (fotografia, edição e reconstituição de época são extraordinárias). Um item obrigatório para fãs de bom cinema e História Mundial.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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Um comentário:
Sou fãs de filmes sobre a 2º Guerra e este é um dos melhores já realizados.
Além da tensão crescente entre os oficiais e pessoas próximas a Hitler, a interpretação de Bruno Ganz é fantástica.
Abraço
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