quarta-feira

ACROSS THE UNIVERSE

ACROSS THE UNIVERSE (Across the universe, 2007, Revolution Studios, 133min) Direção: Julie Taymor. Roteiro: Dick Clement, Ian LaFrenais, estória de Julie Taymor, Dick Clemente, Ian La Frenais. Fotografia: Bruno Delbonnel. Montagem: Françoise Bonnot. Música: Elliot Goldenthal. Figurino: Albert Wolksy. Direção de arte/cenários: Mark Friedberg/Ellen Christiansen de Jonge. Produção executiva: Derek Dauchy, Charles Newirth, Rudd Simmons. Produção: Matthew Gross, Jennifer Todd, Suzane Todd. Elenco: Jim Sturgess, Evan Rachel-Wood, Joe Anderson, Dana Fuchs, Martin Luther, T.V. Carpio, Dylan Baker, Lynn Cohen, Joe Cocker, Bono Vox, Salma Hayek. Estreia: 09/9/07 (Festival de Toronto)

Indicado ao Oscar de Melhor Figurino

Quem não gosta dos Beatles bom sujeito não é, e a cineasta Julie Taymor certamente o é. Depois de ter ousado visualmente com a biografia da artista plástica Frida Kahlo no filme estrelado por Salma Hayek - e que ganhou 2 Oscar, de maquiagem e trilha sonora - Taymor desviou sua atenção para um projeto menos sério, mas igualmente ambicioso: um musical totalmente calcado nas inesquecíveis canções do quarteto de Liverpool. Aproveitando-se da boa vontade com que o gênero vinha sendo recebido pelo público - "Moulin Rouge" e "Chicago" foram elogiados e tiveram bilheterias consideráveis - ela concebeu uma obra que é capaz de fazer cantar o mais tímido espectador.


Aprovado por Paul McCartney e George Harrison - os Beatles remanescentes à época do lançamento do filme - "Across the universe" é uma história de amor simples, com roteiro direto e sem maior profundidade dramática, mas que cumpre perfeitamente o que promete. Quando a trama tem início, o jovem Jude (Jim Sturgess, simpático e carismático) deixa sua pequena cidade inglesa para procurar o pai - que não sabe de sua existência - em Nova York. Lá chegando - e descobrindo que a imagem que fazia de seu progenitor está bem longe da verdade - ele faz amizade com o rebelde Max (Joe Anderson), que vive em constante crise com a família, que cobra dele mais responsabilidade e seriedade. Os dois vão morar no apartamento de Sadie (Dana Fuchs), uma cantora que busca um lugar ao sol e lá fazem amizade também com o músico Jojo (Martin Luther) e com a bissexual Prudence (TV Carpio). Enquanto convive com as lutas pelos direitos civis e com as manifestações contra a guerra do Vietnã, Jude conhece e se apaixona pela irmã de Max, a bela Lucy (Evan Rachel-Wood), que acaba de perder um namorado no conflito asiático.


Repleto de referências à obra dos Beatles - até mesmo em pequenos detalhes que só serão reconhecidos pelos fãs mais atentos - e buscando cobrir todas as épocas da banda (desde seu começo no Cavern Club até sua fase psicodélica), "Across the universe" é visualmente empolgante: fotografado com capricho por Bruno Delbonnell (de "O fabuloso destino de Amélie Poulain), o filme de Taymor equilibra com maestria o romantismo, o drama e a psicodelia dos anos 60 com números musicais que vão do doce e terno - caso de "Something" e "Because" - até os mais radicais - como "Helter skelter" e "Happiness is a warm gun"- passando por sequências de tirar o fôlego, como a versão gospel de "Let it be" e a magistralmente editada visão de "Strawberry fields forever". Salpicando sua obra com diálogos e situações que remetem diretamente às canções do grupo, a cineasta criou uma pequena obra-prima pictória, uma compilação visual fascinante do talvez mais irrepreensível cancioneiro popular inglês. O seu único problema, porém, está naquele que é, provavelmente, o calcanhar de Aquiles de quase todo filme musical: o roteiro.

Ao concentrar-se em uma maneira de concatenar as músicas que pretendia utilizar em seu filme, Taymor pecou em não se aprofundar devidamente ao desenho de suas personagens e ao desenvolvimento de sua trama. Por mais atraentes e carismáticos que sejam seus intérpretes, as personagens criadas pela cineasta - e desenvolvidas por outros roteiristas - não conseguem atingir todo o seu potencial, especialmente devido à necessidade da diretora em ligá-las às canções. Dessa forma, perde-se minutos valiosos em uma longa e enfadonha sequência que envolve uma espécie de guru místico (vivido pelo cantor Bono Vox), ao invés de aprofundar o romance entre os protagonistas. Tudo bem que a intenção era citar a fase "maluco beleza" de Lennon, McCartney e cia., mas foge da trama central e desvia a atenção.

Porém, há muitos mais acertos do que erros em "Across the universe", uma deliciosa e emocionante viagem através da música e dos sentimentos de quatro dos mais importantes músicos da história. Como disse McCartney após uma sessão, "o que há para não se gostar?".

3 comentários:

Hugo disse...

Quase todo mês este filme passa na tv a cabo, mas sempre acabo perdendo a sessão.

Abraço

Jeniss Walker disse...

É um bom filme. As vezes irregular, por ter ótimos momentos e outros nem tanto, mas vale uma conferida. Abraço

Anônimo disse...

Acho longo, cansativo e ideológico demais... filme para pequeno burguês

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