segunda-feira

E SUA MÃE TAMBÉM



E SUA MÃE TAMBÉM (Y tu mama tambien, 2001, México, 106min) Direção: Alfonso Cuarón. Roteiro: Alfonso Cuarón, Carlos Cuarón. Fotografia: Emmanuel Lubezki. Montagem: Alfonso Cuarón, Alex Rodriguez. Figurino: Gabriela Diaque. Direção de arte/cenários: Marc Bedia, Miguel Angel Alvarez/Roberto Loera. Produção executiva: Sergio Aguero, Amy Kaufman, David Linde. Produção: Alfonso Cuarón, Jorge Vergara. Elenco: Gael García Bernal, Diego Luna, Maribel Verdu. Estreia: 08/6/01 (México)

Indicado ao Oscar de Roteiro Original

A transição da adolescência para a fase adulta já foi tema de centenas de filmes desde a invenção do cinema e talvez por isso mesmo produções com essa temática tenha sérios detratores, uma vez que normalmente esses filmes seguem uma linha de pornochanchada de qualidade questionável. Não deixa de ser uma surpresa, portanto, quando um filme mexicano consegue ultrapassar as barreiras de preconceitos idiomáticos e temáticos e chega a concorrer a um inesperado Oscar de roteiro original. Esse filme, dirigido pelo mesmo Alfonso Cuaron – que já passou por Hollywood para dirigir “A princesinha” e “Grandes esperanças” – é “E sua mãe também”, uma divertida e melancólica comédia que atinge seus objetivos de entreter e ainda por cima arruma espaço para discussões sociais e até sobre diferenças entre os sexos.

Os protagonistas são Julio (Gael García Bernal) e Tenoch (Diego Luna), dois amigos mal saídos da adolescência que, longe das namoradas que foram viajar de férias pela Europa, resolvem empreender uma viagem de carro em busca de uma praia inventada por eles em sua ânsia de seduzir Luisa (Maribel Verdú), esposa de um primo de Tenoch. Tenoch é filho de um político corrupto e Julio é de uma classe social inferior, o que não os impede de manter uma amizade antiga e quase desprovida de preconceitos. Durante a viagem com Luisa, eles acabam confrontados com suas verdades pessoais e, graças a sua companheira de aventura, iniciam um caminho irretornável à maturidade.



Aparentemente “E sua mãe também” é apenas mais uma versão mexicana de filmes adolescentes americanos, mas uma olhada mais aprofundada mostra a verdade sobre a pequena obra-prima de Cuaron, escrita em parceria com seu irmão. Utilizando a técnica antiga mas ainda eficaz em certos casos de um narrador em terceira pessoa, o roteiro permite ao espectador aprofundar-se na personalidade de suas personagens, com informações às vezes nem disponíveis a elas. Sem nunca permitir-se optar pelo caminho mais fácil de contar sua história, o diretor tampouco cede à tentação de mostrar um México de cartão postal, utilizando a fotografia de Emmanuel Lubezki como comentários visuais de suas teorias sobre a desigualdade social de seu país. Ao contrário de seu filme anterior, o visualmente deslumbrante “Grandes esperanças”, dessa vez Lubezki conta com lentes quase nuas, sem retoques ou matizes para disfarçar as coisas de como elas realmente são.

"E sua mãe também" chega a ser vulgar em certos diálogos, mas sua veracidade verbal não tem objetivo de chocar e/ou provocar risos forçados. Da maneira como são ditas pelos ótimos Gael García Bernal e Diego Luna, as falas, repletas de palavrões, soam até mesmo inocentes e ingênuas em determinados momentos. E é essa paradoxal ingenuidade da trama dos irmãos Cuarón que talvez tenha encantado seu público e a crítica. Uma ingenuidade que, como mostra a sequência final do filme, tem prazo limitado e que, quando acaba, leva junto boa parte da felicidade juvenil inerente às amizades descompromissadas.

Um comentário:

renatocinema disse...

Adorei esse filme.

Me pegou de calça curta e aprovei. Gostei dos diálogos, do roteiro e das atuações.


Filme bem verdadeiro e inspirado.

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