segunda-feira

ESCRITO NAS ESTRELAS

ESCRITO NAS ESTRELAS (Serendipity, 2001, Miramax Films, 90min) Direção: Peter Chelsom. Roteiro: Marc Klein. Fotografia: John De Borman. Montagem: Christopher Greenbury. Música: Alan Silvestri. Figurino: Marie-Sylvie Deveau, Mary Claire Hannon. Direção de arte/cenários: Caroline Hanania/Tracey Gallacher. Produção executiva: Julie Goldstein, Bob Osher, Amy Slotnick. Produção: Peter Abrams, Simon Fields, Robert L. Levy. Elenco: John Cusack, Kate Beckinsale, Jeremy Piven, Bridget Moynahan, Eugene Levy, John Corbett, Molly Shannon. Estreia: 05/10/01

Filmes românticos tem, normalmente, o poder de fazer com que o público deixe de lado, ao menos por um curto período de tempo, a racionalidade para acreditar  em histórias que normalmente pareceriam inverossímeis. Às vezes não dá para embarcar na fantasia. Em outros casos os elementos se encaixam tão bem que é impossível não se deixar levar pelo romance, pela magia e pelo encanto. É o caso de "Escrito nas estrelas", uma deliciosa comédia romântica que tem no elenco carismático e no roteiro esperto seus maiores trunfos, a ponto de ter rendido mais de 50 milhões de dólares somente no mercado americano (quase o dobro de seu orçamento).  Mesmo com a demora em seu lançamento no Brasil - estreou por aqui mais de um ano depois de seu lançamento nos EUA, é um filme que merece ser descoberto pelos fãs do gênero.

John Cusack, normalmente avesso a produções comerciais - o que ele fazia em "Con Air", pelo amor de Deus? - encara seu primeiro papel totalmente romântico - já que em "Alta fidelidade" havia uma saudável e cavalar dose de auto-ironia - ao interpretar Jonathan, um rapaz normal que, às vésperas de um Natal qualquer em Nova York conhece a bela inglesa Sarah (Kate Beckinsale recuperando-se rapidamente do fracasso crítico de "Pearl Harbor") em uma loja de departamentos. Os dois sentem uma afinidade inexplicável, mas sabem que qualquer romance entre eles é impedido pelo fato de ambos serem comprometidos com outras pessoas. Para não deixar a idílica noite passar em branco, eles resolvem deixar que o destino os reúna, se estiver "escrito nas estrelas" que devem ficar juntos. Sendo assim, ela escreve seu nome e telefone dentro de um exemplar de "O amor nos tempos do cólera", de Gabriel García Marquez e ele em uma nota de cinco dólares. A ideia é simples: se tais objetos caírem em suas mãos em algum dia, é um sinal inequívoco de que eles devem ficar juntos. Anos se passam e tanto Jonathan quanto Sarah estão de casamentos marcados. Ele, no entanto, ainda apaixonado, resolve procurá-la, mesmo que o destino não lhe tenha dado nenhum sinal.


Não simpatizar com "Escrito nas estrelas" é tarefa das mais complicadas. Além da história, com doses exatas de romantismo e bom-humor (que tira sarro até mesmo do músico grego Yanni, através do noivo de Sarah, vivido aqui por John Corbett, da série "Sex and the city"), o elenco do filme de Peter Chelsom conquista o público principalmente por sua contagiante simpatia. A química entre Cusack e Becksinsale funciona bastante, a ponto de a plateia torcer por seu final feliz mesmo que eles não contracenem em nenhum momento depois dos minutos iniciais de projeção. Os coadjuvantes, como sempre, não deixam por menos e quase roubam as cenas em que aparecem, em especial Molly Shannon e Jeremy Piven, como os melhores amigos dos protagonistas. Shannon e Piven aproveitam cada diálogo para mostrar que tem talento o suficiente para segurar papéis maiores.

Além disso tudo, o roteiro de "Escrito nas estrelas" é um achado. Comandados por uma trama que mistura misticismo e ironia com um romantismo deslavado, as personagens de Marc Klein se movem graciosamente rumo a seu desfecho por uma Nova York belissimamente fotografada e encantam justamente por suas falhas, inseguranças e principalmente por seu desejo de amor e felicidade. As "coincidências" que atravessam seus caminhos são tão inacreditáveis que chegam a ser encantadoras, o que seduz o público imperceptivelmente. Ao final de sua hora e meia de projeção é impossível não ficar com um sorriso estampado no rosto e não acreditar que o amor existe, sim, e pode estar em qualquer lugar esperando para acontecer.

"Escrito nas estrelas" é um filme comum, sem maiores ambições, e é perfeito para se assistir ao lado da namorada, de mãos dadas e debaixo de um edredon. É uma experiência romântica, feita para românticos incuráveis que gostam de finais felizes. E, a julgar pelo eterno sucesso do gênero, eles são muitos...

Um comentário:

una disse...

Show de bola esse teu blog! O descobri só para aumentar minha lista de filmes pra ver, haha.
Tô seguindo, vou passar sempre por aqui. Dá uma olhada no meu, que está engatinhando http://no-roteiro.blogspot.com/.

Beijão!

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