terça-feira

BATMAN BEGINS

BATMAN BEGINS (Batman begins, 2005, Warner Bros, 140min) Direção: Christopher Nolan. Roteiro: Christopher Nolan, David S. Goyer, estória de David S. Goyer, personagens criadas por Bob Kane. Fotografia: Wally Pfister. Montagem: Lee Smith. Música: James Newton Howard, Hans Zimmer. Figurino: Lindy Hemming. Direção de arte/cenários: Nathan Crowley/Paki Smith, Simon Wakefield. Produção executiva: Benjamin Melniker, Michael E. Uslan. Produção: Larry Franco, Charles Roven, Emma Thomas. Elenco: Christian Bale, Katie Holmes, Gary Oldman, Liam Neeson, Morgan Freeman, Michael Caine, Cillian Murphy, Tom Wilkinson, Rutger Hauer, Ken Watanabe, Linus Roache. Estreia: 15/6/05

Indicado ao Oscar de Fotografia

Depois do verdadeiro fiasco de "Batman & Robin", dirigido por Joel Schumacher em 1997 - e que praticamente enterrou as possibilidades do super-heroi - muita gente acreditava que a franquia do homem-morcego (tão rentável nas mãos de Tim Burton) estava acabada de vez. Foi preciso uma recauchutagem geral para que o Cavaleiro das Trevas, criado por Bob Kane nos anos 30 voltasse às boas graças do público e da crítica. Com o criativo e talentoso Christopher Nolan - recém saído do sucesso "Amnésia" e do prestigiado "Insônia" - no comando, "Batman begins" tem a inteligência de ignorar a série cinematográfica lançada em 1989 e partir do princípio da história, das origens do heroi mascarado, que viu seus pais morrerem assassinados quando ainda era uma criança.

Escalar o inglês Christian Bale (lançado por Steven Spielberg em "Império do sol", de 1987) como protagonista foi o acerto primordial de Nolan. Frio nas horas certas e com o físico adequado para o papel, Bale apaga em poucos minutoso trauma deixado por Michael Keaton, Val Kilmer e George Clooney (ainda que este último não tenha sido o responsável pela derrocada da série). Na pele do milionário Bruce Wayne, o jovem ator consegue ser o super-heroi que todos desejavam ver sem apelar para o escapismo tradicional mas bastante fake dos filmes anteriores. Wayne, depois da tragedia que testemunhou, foi embora da mansão de sua família, foi preso, fez um treinamento quase ninja e volta à Gotham City com a missão de salvá-la da sua destruição total pela violência. Contando com a ajuda do Comissário Gordon (um Gary Oldman envelhecido mas ainda brilhante) e da assistente de promotoria que foi sua namorada na infância (a inapropriada Katie Holmes no único erro de escalação do elenco), ele parte para o ataque contra os bandidos que querem transformar sua cidade em ruínas.



Christopher Nolan é um exímio diretor de atores, o que faz toda a diferença na transformação da sombria saga de Batman de um ralo filme de ação em um drama de personagens, mesmo que às vezes eles sejam um tanto superficiais. O romance entre Wayne e sua namorada, por exemplo, nunca empolga (culpa talvez da constante apatia de Katie Holmes). A ideia genial de Batman fazer a sua primeira (e triunfal) aparição somente depois de meia-hora de projeção, no entanto, dá vida nova e inteligente ao roteiro. Michael Caine, Morgan Freeman, Ken Watanabe, Liam Neeson e Tom Wilkinson - todos já indicados ao Oscar - são coadjuvantes de luxo em uma diversão de primeira, que prova que filmes-pipoca podem e devem ser espertos e não tratar o público como crianças. A edição, repleta de idas e voltas - que no começo até atrapalham um pouco - também ajuda o filme a fugir do óbvio, e a bela fotografia de Wally Pfister (dona de sua única indicação ao Oscar) dá o tom exato da bela obra de Nolan.

"Batman begins" pode não ter rendido tanto dinheiro quanto os primeiros filmes do heroi, mas arrebanhou prestígio suficiente para dar o pontapé inicial em uma nova e bem-sucedida série e preparar a audiência para
seu extraordinário segundo capítulo, "Batman, o cavaleiro das trevas", que deixaria o mundo de queixo caído.

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