quinta-feira

CLOSER, PERTO DEMAIS

CLOSER, PERTO DEMAIS (Closer, 2004, Columbia TriStar, 104min) Direção: Mike Nichols. Roteiro: Patrick Marber, peça teatral de sua autoria. Fotografia: Stephen Goldblatt. Montagem: John Bloom, Antonia Van Drimmelen. Figurino: Ann Roth. Direção de arte/cenários: Tim Hatley/John Bush. Produção executiva: Celia D. Costas, Robert Fox, Scott Rudin. Produção: Cary Brokaw, John Calley, Mike Nichols. Elenco: Julia Roberts, Jude Law, Clive Owen, Natalie Portman. Estreia: 03/12/04


2 indicações ao Oscar: Ator Coadjuvante (Clive Owen), Atriz Coadjuvante (Natalie Portman)
Vencedor de 2 Golden Globes: Ator Coadjuvante (Clive Owen), Atriz Coadjuvante (Natalie Portman)

Qualquer drama romântico/sensual forjado por Hollywood frequentemente esbarra na superficialidade, na vulgaridade e muitas vezes no sentimentalismo barato. Quando acontece um filme como "Closer - perto demais", então, o choque é nunca menos do que desconcertante: forte, contundente, real e longe de qualquer concessão ao tradicional final feliz, o filme de Mike Nichols - diretor do aclamado e igualmente poderoso "Quem tem medo de Virginia Woolf?" - é um dos dramas adultos mais impactantes realizados pelo cinema americano no início do século XXI e um dos raros a mostrar relações humanas vividas por personagens que realmente parecem humanos e não criações fictícias.


Sem delongas e conversas desnecessárias, o público é jogado diretamente na trama logo nos primeiros acordes da belíssima canção "The blower's daughter", do inglês Damien Rice - que de certa forma é a quinta personagem da história de amor, traição, vingança e sexo que se desenrolará a partir dali: recém chegada a Londres, a bela e sensual americana Alice (interpretada com fúria e entrega por uma Natalie Portman irrepreeensível) conhece e se apaixona pelo jornalista e aspirante a escritor Daniel Woolf (Jude Law, deixando de lado a persona sexy e quase arrogante com que vinha conduzindo sua carreira até então). O romance dos dois poderia correr sempre às mil maravilhas se o rapaz não se sentisse atraído pela fotógrafa Ana (Julia Roberts em uma performance corajosa e desprovida de glamour), que, mesmo envolvida por ele inicia um romance com o dermatologista Larry (Clive Owen no grande papel de sua carreira). Durante alguns anos os destinos dos quatro irão permanecer ligados em uma corrente de desejo, dependencia e até amor verdadeiro.


Na verdade, grande parte dos méritos de "Closer" deve ser creditado ao roteirista Patrick Marber, também autor da peça teatral que deu origem ao filme (e que chegou a ser montada no Brasil). São de Marber os diálogos corantes, ácidos e secos declamados pelos atores - todos eles em grande momento de suas carreiras - e é de sua autoria a trama, que apresenta personagens vulneráveis em seus desejos e fortes em suas obsessões. Com o texto forte em mãos, coube ao veterano Mike Nichols conduzir a história sem ceder
ao lugar-comum. A edição jamais é previsível, a fotografia de Stephen Goldblatt é elegante e a trilha sonora é discreta mas fundamental. Nem mesmo as frases menos sutis do roteiro soam grosseiras e sim reais, graças principalmente à empatia das personagens e das situações propostas.

Dolorosamente real, "Closer" é um filme para se ver e rever, nem que seja para ter a convicção de que nenhum relacionamento é um mar de rosas e que qualquer pessoa, por mais amor que julgue estar sentindo ainda é apenas uma pessoa em busca de algo novo, de mais felicidade e mais amor. Dói, mas é necessário.

2 comentários:

! Marcelo Cândido ! disse...

Um filme verdadeiro !!!

Heron Xavier disse...

Não consegui gostar deste filme. Bobo demais!

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