terça-feira

O JARDINEIRO FIEL


O JARDINEIRO FIEL (The constant gardener, 2005, Universal Pictures, 129min) Direção: Fernando Meirelles. Roteiro: Jeffrey Cane, romance de John Le Carré. Fotografia: César Charlone. Montagem: Claire Simpson. Música: Alberto Iglesias. Figurino: Odile Dicks Mireaux. Direção de arte/cenários: Mark Tildesley/Michelle Day. Produção executiva: Jeff Abberley, Julia Blackman, Gail Egan, Robert Jones, Donald Ranvaud. Produção: Simon Channing Williams. Elenco: Ralph Fiennes, Rachel Weisz, Hubert Koundé, Pete Postletwhaite, Danny Huston, Bill Nighy. Estreia: 31/8/05


4 indicações ao Oscar: Atriz Coadjuvante (Rachel Weisz), Roteiro Adaptado, Montagem, Trilha Sonora Original
Vencedor do Oscar de Atriz Coadjuvante (Rachel Weisz)
Vencedor do Golden Globe de Atriz Coadjuvante (Rachel Weisz)
Vencedor do Screen Actor Guild Award de Atriz Coadjuvante (Rachel Weisz)

Incensado mundialmente como um dos melhores filmes de 2002, o nacional "Cidade de Deus" não apenas apontou um novo caminho pro cinema tupiniquim mas também abriu as portas de Hollywood para seu diretor, o merecidamente aplaudido Fernando Meirelles. E comprovando que seu festejado segundo filme não era apenas um golpe aleatório de sorte, seu novo trabalho - a adaptação de um romance do best-seller John Le Carré - também conquistou a crítica e, se não causou o mesmo furor, ao menos não fez feio nas cerimônias de premiação, dando a até então limitada Rachel Weisz um Oscar de coadjuvante.


Mesmo que não seja uma grande atriz - o que seu trabalho medíocre em filmes como "Círculo de fogo" e "A múmia" deixa bem claro - Weisz se sai bastante bem na pele de Tessa Quayle, uma personagem que, no livro de Le Carré, é bem menos desenvolvida dramaticamente. No roteiro de Jeffrey Cane - também indicado a um prêmio da Academia - a esposa do diplomata Justin Quayle (em mais uma atuação competente de Ralph Fiennes) assume uma importância mais ativa do que nas páginas do romance, onde é constantemente citada (mesmo porque a trama tem início com sua morte) mas pouco age. No filme de Meirelles - que rendeu mais de 80 milhões de dólares no mercado americano, o que não é nada desprezível em se tratando de um filme adulto e sem efeitos visuais - ela é uma peça bem mais atuante, unindo as lembranças de seu marido a uma trama bastante contundente sobre a indústria farmacêutica e a corrupção no Quênia (o que inclusive fez com que o romance que deu origem ao filme fosse proibido no país).



Quando "O jardineiro fiel" a jovem Tessa Quayle acaba de morrer, para desespero de seu marido, o diplomata Justin Quayle, que casou-se com ela completamente apaixonado, apesar de suas diferenças políticas. Ferrenha ativista na defesa da população carente do Quênia, ela acabou encontrando a morte em circunstâncias misteriosas, o que faz com que seu viúvo parta em busca de respostas para a violência. No caminho, ele conta com a ajuda do amigo Sandy Woodrow (Danny Huston) - que também tem seus segredos - para investigar uma rede de corrupção que envolve testes do governo inglês a respeito de um medicamento que vem sendo testado secretamente e que tem relação direta com o assassinato de sua mulher.

Editado com vigor por Claire Simpson e contando com uma potente trilha sonora de Alberto Iglesias - ambos indicados merecidamente ao Oscar - "O jardineiro fiel" é um thriller dono de uma inteligência acima da média, que exige de seu espectador mais do que a maioria dos filmes americanos do gênero. Ao optar em contar sua história de forma não-linear (os flashbacks são utilizados de maneira exemplar), Fernando Meirelles solicita ao público que preste atenção em detalhes, em sutilezas e no cuidado que ele tem em cada cena, em cada ângulo. Nada é clichê em seu filme, que usa e abusa de efeitos de câmera para transmitir a sensação de urgência e pressa de seu protagonista, em uma fotografia que explora o calor da África a seu favor.  É uma das características mais dignas de aplauso de Meirelles, aliás, a forma com que ele equilibra com maestria uma direção competente de atores com a parte técnica de seus filmes. O conjunto de técnica e emoção que funcionou com perfeição em "Cidade de Deus" volta a dar certo aqui, para alívio dos fãs de bom cinema.

"O jardineiro fiel" é, sem dúvida, um dos grandes filmes de 2005. É um filme inteligente, interessante, dirigido com extrema competência e que versa sobre assuntos importantes e de certa forma chocantes. Uma bela estreia hollywoodiana para Fernando Meirelles.

Um comentário:

ALINE disse...

CONCORDO EM GÊNERO NÚMERO E GRAU.
LINDO FILME, CONTUNDENTE E IMPORTANTE.

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