quinta-feira

CORAÇÃO SATÂNICO


CORAÇÃO SATÂNICO (Angel heart, 1987, TriStar Pictures, 113min) Direção: Alan Parker. Roteiro: Alan Parker, romance "Falling angel", de William Hjorstberg. Fotografia: Michael Seresin. Montagem: Gerry Hambling. Música: Trevor Jones. Figurino: Aude Bronson-Howard. Direção de arte/cenários: Brian Morris/Robert J. Franco, Leslie Pope. Casting: Risa Bramon, Billy Hopkins. Produção executiva: Mario Kassar, Andrew Vajna. Produção: Elliott Kastner, Alan Marshall. Elenco: Mickey Rourke, Robert DeNiro, Lisa Bonet, Charlotte Rampling. Estreia: 06/3/87

Uma das experiências mais apavorantes do cinema dos anos 80, “Coração satânico” não é apenas um filme de terror. Filmes de terror assustam (ou não) e quando acabam são facilmente esquecíveis. Esta obra-prima do inglês Alan Parker não dá um único susto em suas mais de duas horas de duração, mas em compensação angustia, incomoda, e o que talvez seja mais importante: fica na memória por um bom tempo.

Baseado em um romance pouco conhecido de William Hjorstberg, “Coração satânico” já começa bem pela atmosfera lúgubre e escura, que perpassa todo o filme. Passada nos anos 50, a trama gira em torno de Harry Angel (Mickey Rourke, ótimo), um detetive particular que recebe a incumbência de encontrar Johnny Favorite, um músico de jazz que deve favores a seu empregador, o misterioso Louis Cypher (Robert De Niro, apavorante). Seguindo a pista de Favorite, Angel vai parar em New Orleans, onde se depara com rituais de vudu e magia negra e se envolve com a dúbia Evangeline Proudfoot (Lisa Bonet), que aparenta saber bem mais do que quer revelar. Enquanto vai se enredando cada vez mais nas investigações, o detetive acaba sendo o suspeito de inúmeros crimes que acontecem sempre que ele está por perto. Para salvar a própria pele, ele vai mais a fundo no caso e acaba descobrindo uma verdade aterradora sobre seu cliente e sobre si mesmo.


É difícil dizer o que é mais acertado em “Coração satânico”. O roteiro, escrito pelo próprio Alan Parker é intrincado e assustador na medida certa, entregando aos poucos a verdade sobre seus personagens, defendidos por atores em plena forma. Se Robert De Niro não precisa provar nada a ninguém, é Mickey Rourke quem se destaca, na atuação de sua vida - um papel oferecido a Jack Nicholson, Al Pacino e ao próprio DeNiro. O tom sombrio da fotografia devidamente úmida e escura de Michael Seresin combina à perfeição com a música perfeita de Quincy Jones, que buscou nas raízes do gospel a inspiração para seu trabalho.

Repleto de metáforas óbvias e outras nem tão óbvias assim, “Coração satânico” é um dos mais angustiantes trabalhos do cinema de suspense da história. Sujo, desagradável e sem concessões ao comercial, o filme de Parker é cinema com C maiúsculo, um exercício para se ver e rever inúmeras vezes. E ficar chocado sempre.

2 comentários:

Alan Raspante disse...

Clênio, preciso dizer algo ?
Bem, vou falar a frase que mais comento no seu blog: EU NECESSITO CONFERIR ESTE FILME!
hahahaha.
Parece ser foda! =D

Ailton Rocha disse...

Bem lembrada a menção de Coração Satânico. Ao assisti-lo pela vigésima vez, continuo na constatação: sem dúvida, é uma obra-prima! Um dos melhores e mais instigantes filmes criados nesse gênero ambíguo, entre suspense e terror psicológico.

Abraço! Ailton

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