sexta-feira

IMPÉRIO DO SOL


IMPÉRIO DO SOL (Empire of the sun, 1987, Warner Bros, 152min) Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Tom Stoppard, romance de J.G. Ballard. Fotografia: Allen Daviau. Montagem: Michael Kahn. Música: John Williams. Figurino: Bob Ringwood. Direção de arte/cenários: Norman Reynolds/Harry Cordwell, Michael D. Ford. Casting: Maggie Cartier. Produção executiva: Robert Shapiro. Produção: Kathleen Kennedy, Frank Marshall, Steven Spielberg. Elenco: Christian Bale, Miranda Richardson, John Malkovich, Joe Pantoliano, Ben Stiller. Estreia: 09/12/87

6 indicações ao Oscar: Fotografia, Montagem, Trilha Sonora, Figurino, Direção de arte/cenários, Som

Depois da frustração de ver seu “A cor púrpura” receber 13 indicações ao Oscar e nenhuma estatueta no final da festa e encher ainda mais os bolsos com a segunda aventura do arqueólogo Indiana Jones, Steven Spielberg tentou de novo comover os eleitores da Academia com um filme sério. Apesar de chegar perto, mais uma vez ele errou a mira. Apesar de belo, emocionante e adulto, “Império do sol”, baseado no livro homônimo do escritor inglês J.G. Ballard recebeu apenas indicações técnicas ao Oscar, o que não deixa de ser uma espécie de injustiça.

Apesar da temática adulta, “Império do sol” tem o ponto de vista de uma criança, no caso o mimado inglês James Graham (o ótimo Christian Bale), que tem sua vida confortável em Pequim abalada pelo ataque japonês a Pearl Harbor, que muda a dinâmica da II Guerra Mundial. Separado dos pais – em uma cena angustiante e bem dirigida – e enviado a um campo de prisioneiros, ele passa a sofrer os horrores da guerra na pele, passando fome, testemunhando violências impensáveis e aprendendo a crescer da pior maneira possível. Seus únicos amigos são um americano cínico (John Malkovich) e um soldado japonês, a quem encontra sempre em momentos inesperados. Encantado por uma inglesa casada (Miranda Richardson), James mantém, no entanto, a sua enorme paixão por aviões e a esperança de reencontrar sua família.


O esnobismo da Academia em relação a “Império do sol”, em um ano em que até mesmo o apenas correto e comercial “Atração fatal” encontrou lugar entre os candidatos a melhor filme só pode ser explicado por uma má vontade dos seus membros. Belissimamente fotografado por Allen Daviau, com uma reconstituição de época primorosa e um elenco em dias iluminados, a começar por um arrasador Christian Bale, de apenas 11 anos de idade e escolhido dentre 4000 crianças, o filme de Spielberg peca apenas, assim como aconteceu em “A cor púrpura”, por ser longo demais. Arrastada em alguns momentos, a saga de James perde o pique e o interesse depois de hora e meia de projeção, para reconquistar a emoção da platéia nos minutos finais, em algumas cenas construídas especificamente para arrancar lágrimas do espectador.

Talvez tenha sido o jogo sentimental de Spielberg que incomodou a Academia (que no entanto é capaz de dar o Oscar para obras como “Laços de ternura”, infinitamente mais explícito e manipulador em suas intenções de emocionar). Talvez o tema II Guerra estivesse cansando os eleitores (o que não explica a presença de “Esperança e glória” entre os finalistas ao Oscar do mesmo ano). O fato certo é que o diretor amadurecia a olhos vistos e, enquanto ficava mais rico a cada filme-pipoca que produzia e/ou dirigia, também adquiria experiência para entregar ao mundo, em pouco mais de cinco anos, a sua obra-prima, "A lista de Schindler".

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