terça-feira

COLATERAL

COLATERAL (Collateral, 2004, DreamWorks Pictures/Paramount Pictures, 120min) Direção: Michael Mann. Roteiro: Stuart Beattie. Fotografia: Dion Beebe, Paul Cameron. Montagem: Jim Miller, Paul Rubell. Música: James Newton Howard. Figurino: Jeffrey Kurland. Direção de arte/cenários: David Wasco/Alexandra Reynolds Wasco. Produção executiva: Rob Fried, Peter Giuliano, Chuck Russell. Produção: Michael Mann, Julie Richardson. Elenco: Tom Cruise, Jamie Foxx, Jada Pinkett-Smith, Mark Ruffalo, Javier Bardem, Bruce McGill, Peter Berg, Barry Shabaka Henley, Debi Mazar. Estreia: 06/8/04

2 indicações ao Oscar: Ator Coadjuvante (Jamie Foxx), Montagem

Quem considerava Lestat, o sanguessuga charmoso e amoral de “Entrevista com o vampiro” como o maior vilão da carreira de Tom Cruise não sabe o quanto está errado. Se no filme de Neil Jordan ele apenas seguia seus instintos e sua natureza, em “Colateral”, excelente filme policial de Michael Mann lançado em 2004, o galã número 1 de Hollywood realmente mostra seu lado negro, vivendo um personagem sem o menor grau de bondade e sentimentos. Maniqueísta, sim, mas dentro dos objetivos do filme, funciona às mil maravilhas.
        
No filme, dirigido por um Mann mais pro lado de “Fogo contra fogo” do que de “O informante”, Jamie Foxx (em uma atuação merecidamente indicada ao Oscar de coadjuvante, ainda que seja tão protagonista quanto Cruise) vive Max, um taxista noturno que sonha em ter sua própria empresa de limousines. Uma noite qualquer, que prometia ser tão tranqüila quanto todas as outras, no entanto, lhe reserva uma grande e desagradável surpresa. O misterioso Vincent (vestido de Giorgio Armani e de cabelo grisalho) entra em seu táxi e lhe oferece um bom dinheiro para que lhe sirva durante sua missão de encontrar alguns conhecidos. Max não consegue recusar a generosa oferta, mas logo descobre que as intenções de seu passageiro estão longe de ser nobres: na verdade Vincent é um assassino de aluguel que precisa matar um a um as pessoas que constam de uma lista relacionada ao julgamento de um traficante de drogas. Pego como refém, cabe a Max impedir a matança, proteger-se e defender a promotora do caso (Jada Pinket-Smith), com quem teve um ligeiro flerte em seu táxi.

        

Apesar de ter a estrutura de um filme policial convencional - mas que dribla eficazmente seus clichês, “Colateral” surpreende pela forma como é conduzido por Michael Mann, um diretor cada vez mais à vontade em impor suas idéias dentro do cinemão americano. Não são poucas as seqüências em que a criatividade de Mann sobressai. Todas as cenas em um bar de blues, por exemplo, são de uma inteligência e de uma tensão que merecem aplausos, tanto pelo clima quanto pelos diálogos e pelo trabalho dos atores, Cruise incluído. A fotografia, que mostra uma Los Angeles noturna e a milhas de distância dos tradicionais cartões-postais da cidade, a trilha angustiante e discreta e a edição enxuta – marca registrada dos trabalhos do diretor – colaboram com a excelência do produto final, um policial muito acima da média, que não se prejudica nem mesmo com a meia-hora final, em que a sutileza dá lugar a uma correria típica do cinema pipoca.
        
Prova inconteste do talento de Jamie Foxx e do fato de Tom Cruise conseguir convencer quando bem dirigido, “Colateral” agrada aos fãs do gênero policial por nunca tentar violentar suas regras básicas – o bem contra o mal – e atinge um status de primeira grandeza graças a algumas ousadias – o visual, por exemplo, e o ritmo bem menos acelerado em sua primeira hora. Mereceu o sucesso que fez.

Um comentário:

Hugo disse...

O filme tem uma bela fotografia, como todos os trabalhos de Michael Mann, além do bom roteiro e da dupla afiada de protagonistas.

Abraço

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