terça-feira

OLGA


OLGA (Olga, 2004, Brasil, 141min) Direção: Jayme Monjardim. Roteiro: Rita Buzzar, livro de Fernando Morais. Fotografia: Ricardo Della Rosa. Montagem: Pedro Amorim. Música: Marcus Viana. Figurino: Paulo Lóes. Direção de arte/cenários: Tiza de Oliveira/Ana Anet, Erika Lovisi, Gilson Santos. Produção executiva: Guilherme Bokel, Rita Buzzar. Produção: Rita Buzzar. Elenco: Camila Morgado, Caco Ciocler, Fernanda Montenegro, Osmar Prado, Jandira Martini, Floriano Peixoto, Mariana Lima, Leona Cavali, Luis Mello, Eliane Giardini, Eliana Guttman, Werner Schunemann, Murilo Rosa. Estreia: 20/8/04

Desde que foi publicada, nos anos 80, a biografia de Olga Benário despertava a cobiça do cinema nacional. Narrada por Fernando Morais, a inacreditável porém verídica história de amor e tragédia da militante comunista judia que teve uma filha com o brasileiro Luis Carlos Prestes tinha todos os elementos de um grande filme: uma trama verdadeira, personagens fortes e um final de levar multidões às lágrimas. Sérgio Rezende, diretor de “Lamarca”, interessou-se pelo projeto e queria Patrícia Pillar no papel principal. O tempo passou, Rezende saiu de cena e Pillar passou da idade para protagonizar. E eis que Jayme Monjardim entra no projeto, e com ele sua descoberta Camila Morgado.
     
Morgado, revelada por Monjardim na minissérie global “A casa das sete mulheres” foi um achado. Além de excelente atriz, tem o tipo físico ideal para a personagem e sua entrega ao papel é nítido em cada cena. Dona de uma beleza clássica, ela empresta glamour, força e determinação a sua visão de Olga Benário. Alemã, oriunda da classe alta, Olga sempre renegou as origens, saindo da casa dos pais (Luis Mello e Eliane Giardini) para juntar-se ao movimento comunista. Foi lá que ouviu falar pela primeira vez em Luís Carlos Prestes (em uma atuação discreta e comovente de Caco Ciocler), conhecido no Brasil como “Cavaleiro da Esperança” por liderar o povo contra o governo ditatorial de Getulio Vargas. Quando recebe a incumbência de ser a responsável pela guarda pessoal de Prestes, Olga sente-se orgulhosa, mas acaba se apaixonando por seu protegido quando eles são obrigados a se fazer passar por um casal em lua-de-mel. O romance prossegue, os planos de Prestes de derrubar o governo falham e ambos são presos. Olga descobre estar grávida, mas é entregue pelo próprio Vargas (vivido por um inspirado Osmar Prado) ao governo nazista.       

        

O apuro visual de Jayme Monjardim é visível em cada cena, em cada enquadramento. A belíssima fotografia de Ricardo Della Rosa não deve nada a qualquer filme americano ou europeu, assim como a reconstituição de época, perfeita em cada e menor detalhe. O elenco escolhido pelo diretor também não podia ser melhor, a ponto de deixar um papel pequeno para a estrela máxima brasileira Fernanda Montenegro – na pele de Leocádia Prestes, a mãe de Luis Carlos, ela brilha intensamente como em qualquer trabalho. Mas as falhas no trabalho de Monjardim também são gritantes. O excesso de closes nos atores e a música grandiloquente e por vezes inadequada de Marcus Vianna são claramente vícios de um diretor criado em televisão, mas que no entanto tem talento e bom gosto em quantidade suficientes para corrigi-los em um próximo e bem-vindo trabalho.
     
Mesmo com seus defeitos – que chegam a incomodar ao público mais exigente – “Olga” é um filme de orgulhar o cinema brasileiro, graças a sua qualidade técnica e sua coragem de tocar em um assunto tão triste e pesado.

2 comentários:

Rafael W. disse...

Também gosto do filme, e é uma pena que ele tenha sido tão subestimado, não merecia.

http://avozdocinefilo.blogspot.com.br/

Hugo disse...

Ainda não assisti.

Abraço

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