quarta-feira

RAY


RAY (Ray, 2004, Universal Pictures, 152min) Direção: Taylor Hackford. Roteiro: James L. White, estória de Taylor Hackford e James L. White. Fotografia: Pawel Edelman. Montagem: Paul Hirsch. Música: Craig Armstrong. Figurino: Sharen Davis. Direção de arte/cenários: Scott Plauche/Maria Nay. Produção executiva: William J. Immermann, Jaime Rucker King. Produção: Howard Baldwin, Karen Elise Baldwin, Stuart Benjamin, Taylor Hackford. Elenco: Jamie Foxx, Regina King, Terrence Howard, Kerry Washington, Clifton Powell, Sharon Warren, Larenz Tate, David Krumholtz. Estreia: 29/10/04


6 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Taylor Hackford), Ator (Jamie Foxx), Montagem, Figurino, Mixagem de Som
Vencedor de 2 Oscar: Ator (Jamie Foxx), Mixagem de Som
Vencedor de 2 Bafta Awards: Ator (Jamie Foxx), Som
Vencedor do Golden Globe de Melhor Ator Comédia/Musical (Jamie Foxx)

Cinebiografias costumam ser tão benevolentes com seus homenageados que chegam a irritar. Dificilmente a história de uma personalidade chega às telas de cinema sem as necessárias licenças poéticas – maneira bonita de dizer que os podres foram jogados para debaixo do tapete. Por isso não deixa de ser um alívio perceber que “Ray”, a história do cantor Ray Charles, dirigida por Taylor Hackford tenta ao máximo expor tanto os defeitos quanto as qualidades de seu protagonista. Mesmo que o próprio Charles tenha sido consultor do filme antes de morrer pouco antes de seu lançamento, o filme de Hackford mostra tanto seu lado de artista talentoso quanto sua relação conflituosa com a esposa e as amantes e os problemas sérios com heroína, que quase o levaram à ruína.
        
A trama começa em 1948 quando Charles chega em NY e logo começa a apresentar-se em bares enfumaçados. Protegido e adotado como amante de sua primeira agente, logo ele passa a fazer mais e mais sucesso, deixando de ser coadjuvante e passando a astro incontestável. Enquanto começa a subir na carreira, ele se casa com a doce, com quem tem dois filhos e se envolve com a difícil Margie (a ótima Regina King), que não pretende ser apenas mais uma de suas mulheres. Brigando pelos direitos autorais de sua música, afundado no vício em drogas e até mesmo banido de cantar na Georgia (por recusar-se a cantar para um público segregado), Ray Charles tanto frequenta as páginas de música dos jornais quanto as policiais.

        

Apoiado em um roteiro nunca condescente escrito por James L. White e uma trilha sonora espetacular – cortesia da música do próprio biografado – o filme de Hackford tem qualidades inegáveis. A fotografia que capta com perfeição o clima da época em que se passa a história, os figurinos discretos mas impecáveis e o elenco coadjuvante em sintonia absoluta saltam à vista de qualquer fã de cinema e música. Mas é o trabalho inesquecível de Jamie Foxx que faz de “Ray” o grande filme que ele se tornou: a promessa acenada em “Um domingo qualquer” realmente se cumpriu e Foxx entregou a atuação de sua vida, merecidamente premiada com o Oscar de melhor ator. É impossível deixar de ver Ray Charles quando Foxx está em cena, tamanha é a sua entrega ao papel, tamanha é sua imersão na personalidade complexa e traumatizada do cantor. Fisicamente idêntico ao verdadeiro músico, Foxx ainda consegue imitar seus trejeitos sem parecer meramente um imitador: em cena está um grande ator, capaz de transmitir sentimentos e emoções verdadeiras como se realmente fosse outra pessoa. Mesmo que toda a equipe de “Ray” seja digna de calorosos aplausos é Jamie Foxx quem conduz o verdadeiro espetáculo.

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