terça-feira

O OPERÁRIO

O OPERÁRIO (The machinist, 2004, Filmax Group, 101min) Direção: Brad Anderson. Roteiro: Scott Kosar. Fotografia: Xavi Giménez. Montagem: Luis de La Madrid. Música: Roque Baños. Figurino: Patricia Monné, Maribel Pérez. Direção de arte/cenários: Alain Bainée/Héctor Gil. Produção executiva: Carlos Fernández, Antonia Nava. Produção: Julio Fernández. Elenco: Christian Bale, Jennifer Jason Leigh, Aitana Sánchez-Gijón, John Sharian, Michael Ironside. Estreia: 18/01/04

 Pelo menos duas personagens de “O operário” tem a mesma opinião sobre o protagonista do filme de Brad Anderson: “Se você fosse mais magro não existiria!” E é exatamente essa a impressão que se tem quando se vê pela primeira vez a imagem de Trevor Reznik, o esquálido personagem-título, vivido pelo inglês Christian Bale. Assustadoramente magro, Bale – pouco antes de ser o novo Batman, criado por Christopher Nolan – dá a sua personagem um visual cadavérico como forma de reiterar seu estado de espírito, de um homem que não dorme há um ano.

Quando “O operário” começa, Reznik vive seus dias de forma praticamente mecânica: com sérios problemas de sono e uma obsessão por limpeza, ele trabalha utilizando maquinário pesado e só tem folga de sua vida vazia quando tem seus encontros com a prostituta Stevie (Jennifer Jason Leigh) e com a garçonete Maria (Aitana Sánchez-Gijon), mãe solteira solitária a quem encontra todas as noites no café do aeroporto onde ela trabalha. A sua existência de ansiedade e exaustão começa a transformar-se ainda mais quando ele passa a ter alucinações com um colega de trabalho que todos juram não existir e a receber estranhos bilhetes, deixados em seu apartamento. Paranoico, ele tenta então descobrir o que está acontecendo com sua vida.

        

Com uma atmosfera que lembra Alfred Hitchcock (a trilha sonora claramente inspirada nas obras de Bernard Herrman) e Kafka, “O operário” é uma grata surpresa para aqueles que procuram um suspense inteligente e intrigante. Sem apelar para soluções fáceis, o roteiro de Scott Kosar encontra na criativa direção de Anderson o viés perfeito. A fotografia de Xavi Gimenez também colabora no clima de pesadelo proposto pelo diretor, que filma quase com frieza, nunca se envolvendo no desespero de seu protagonista, mas ao mesmo tempo empurrando o público para dentro de sua angústia. Apoiado em uma atuação fantástica de Bale, visualmente arrepiante mas igualmente forte e frágil em sua personalidade, “O operário” merece ser descoberto e louvado pelo que realmente é: um suspense fora do comum, que prende a atenção do início ao fim sem nunca decepcionar sua plateia.

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