AMOR À DISTÂNCIA (Going the distance, 2010, New Line Cinema, 103min) Direção: Nanette Bernstein. Roteiro: Geoff LaTulippe. Fotografia: Eric Steelberg. Montagem: Peter Teschner. Música: Mychael Danna. Figurino: Catherine Marie Thomas. Direção de arte/cenários: Kevin Kavanaugh/David Schlesinger. Produção executiva: Richard Brener, Michael Disco, Dave Neustadter. Elenco: Drew Barrymore, Justin Long,Charlie Day, Jason Sudeikis, Christina Applegate, Ron Livingston. Estreia: 27/8/2010
Os fãs de comédias românticas via de regra não são muito exigentes. Uma dupla de protagonistas carismáticos e/ou bonitos, piadas engraçadinhas, uma trilha sonora agradável e de preferência um final feliz (verossímil ou não) bastam para que a experiência seja positiva por aqueles que procuram apenas uma hora e meia de diversão descompromissada. "Amor à distância", estrelado por Drew Barrymore em 2010 não é uma exceção: simples, simpático - e talvez por isso mesmo pouco memorável -, é um filme capaz de deixar qualquer um com sorriso no rosto, desde que não haja grandes expectativas. Seguindo à risca a fórmula já exaustivamente testada e aprovada, o primeiro filme de ficção da documentarista Nanette Bernstein ganha pontos, no entanto, a apostar em algumas piadas mais adultas e eleger como maior vilão não uma ex-namorada vingativa ou mal-entendidos romanescos, mas sim uma circunstância bem mais prosaica: a distância geográfica.
Erin Langford (Drew Barrymore, repetindo com graça a personagem amalucada que salvou sua carreira) é uma jornalista de 31 anos que ainda busca a realização profissional, sempre adiada por sua tendência a valorizar mais seus relacionamentos do que sua incipiente . Às vésperas de deixar um estágio em Nova York para voltar a sua São Francisco natal, ela conhece e se apaixona por Garrett Scully (Justin Long), que trabalha em uma gravadora, paparicando bandas adolescentes enquanto não dá seu pulo do gato musical. Quando ela volta para casa, depois de um rápido idílio amoroso, os dois resolvem manter o namoro à distância, mesmo plenamente conscientes das dificuldades do pacto de fidelidade a que se propõem. Aos poucos, porém, eles percebem que a coisa não será assim tão simples e cor-de-rosa como pretendiam. Saudoso, ele se apoia nos pouco confiáveis amigos, Dan (Charlie Day) e Box (Jason Sudeikis), enquanto ela não chega a ser propriamente incentivada pela irmã mais velha, Corinne (Christina Applegate) - que passa os dias cuidando do marido e dos filhos pequenos.
O humor de "Amor à distância" surge, como se poderia imaginar, a partir de seus coadjuvantes - ainda que os protagonistas sejam adoráveis e carismáticos. Tanto os companheiros de Garrett quanto a família de Erin são o tempero ideal de uma história de amor ligeiramente inspirada pela experiência real de um amigo do roteirista Geoff LaTulippe (provavelmente muito disfarçada e exagerada em sua transposição para as telas). Todas as situações decorrentes do relacionamento atípico do casal central são tratadas com carinho e leveza - os longos e saudosos telefonemas, as conversas diante da tela do computador, os temores (infundados ou não) de infidelidade, as dúvidas em relação ao prosseguimento do namoro, a falta de sexo, as dificuldades logísticas de um reencontro - e, ilustrados por uma trilha sonora das melhores (The Cure, The Pretenders). Drew Barrymore e Justin Long (que já foram namorados na vida real) apresentam uma química das mais certeiras e mesmo que algumas sequências flertem com o vulgar (apesar de bastante engraçadas), jamais ultrapassam os limites esperados para o gênero - e servem para conduzir a história, sem prejuízos para seu ritmo ou foco. Tudo isso, somado a acertada opção de Bernstein em não forçar a mão no drama, fazem do filme uma sessão praticamente sem contra-indicações.
Não exatamente um sucesso estrondoso de bilheteria, "Amor à distância" é mais um exemplar na lista de produções inofensivas estreladas por Drew Barrymore - ao lado de "Afinado no amor" (1998), Para sempre Cinderela" (1998), "Nunca fui beijada" (1999) e "Como se fosse a primeira vez" (2004). Seu público-alvo sabe o que esperar de cada um de seus filmes. E não é isso que se chama de conforto?
Nenhum comentário:
Postar um comentário