quarta-feira

A LEI DO DESEJO


A LEI DO DESEJO (La ley del deseo, 1987, El Deseo SA, 102min) Direção e roteiro: Pedro Almodovar. Fotografia: Angel L. Fernandez. Montagem: José Salcedo. Figurino: Cossio. Direção de arte/cenários: Javier Fernandez/Ramón Moya. Produção executiva: Miguel A. Perez Campos. Elenco: Eusebio Poncela, Carmen Maura, Antonio Banderas, Miguel Molina, Bibi Andersen. Estreia: 07/02/87

Já em seus primeiros filmes, ainda longe da sofisticação de suas mais famosas obras, o espanhol Pedro Almodóvar apresentava suas obsessões. Religião, sexo e uma queda para o kitsch estão óbvios em “A lei do desejo”, um de seus filmes menos conhecidos e talvez um dos mais ousados. Sujo, visualmente pouco atraente e sem concessões ao comercial, “A lei do desejo” serve para apresentar o talento ainda em estado bruto do diretor.

Eusébio Poncela vive Pablo Quintero, um diretor de cinema famoso e consagrado, que tem uma relação complicada com seu jovem amante Juan (Miguel Molina), que esconde sua homossexualidade da família. Durante uma viagem do jovem, encontra e inicia um relacionamento doentio com um fã, Antonio (Antonio Banderas), que é obcecado por ele. Enquanto fica dividido entre seus dois amantes, o cineasta ainda tem que lidar com sua irmã Tina (Carmen Maura), que tem um segredo do passado escondido em meio a um trauma.


Em "A lei do desejo", Almodovar utiliza elementos do mais absoluto melodrama (segredos do passado, cartas trocadas, amores não correspondidos) a seu favor. Seu roteiro - que soaria um tanto absurdo em mãos menos capazes - alterna momentos de pura lascívia e sexo com discussões sobre família, arte e religião - ingredientes que se tornariam moeda corrente em sua filmografia. É um filme que não agrada a todos os públicos, mas que demonstra claramente o que o cineasta espanhol poderia fazer - e o fez - no futuro. E Antonio Banderas, um de seus mais frequentes colaboradores em seus primórdios cinematográficos mostra porque foi importado com tanta voracidade por Hollywood nos anos 90, entregando uma de suas atuações mais ousadas.

Não há dúvida que o universo de Pedro Almodóvar é muito particular e isso fica absolutamente claro em qualquer cena de “A lei do desejo”. Seja nas vidas sexuais dos personagens ou até mesmo em suas roupas e atos - e na trilha sonora propositadamente exagerada, em que cabe até uma canção da brasileira Maysa -, o mundo criado pelo diretor e roteirista tem sua marca registrada, pro bem ou pro mal. Para alguns, sinal de personalidade, para outros apenas exageros estilísticos, o fato é que seu filme não deixa ninguém indiferente. E de quantas obras se pode dizer isso em dias de filmes tão pasteurizados como a em que vivemos?

2 comentários:

Alan Raspante disse...

Clênio, acho este filme do Almodóvar incrível!
Neste filme, mesmo sendo no começo da carreira ela já demonstrava seu poder em contar histórias, como vc bem falou, um roteiro desses na mão de um diretor errado, poderia ser uma grande bomba..
Um ótimo filme!

Roberto Simões disse...

Gosto bastante deste filme. Se bem que não reconheço muitas vezes grande qualidade nas primeiras obras do cineasta, este A LEI DO DESEJO é claramente uma excepção! Um bom filme!

Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD – A Estrada do Cinema

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