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HARRY & SALLY, FEITOS UM PARA O OUTRO

HARRY & SALLY, FEITOS UM PARA O OUTRO (When Harry met Sally, 1989, Castle Rock Entertainment, 96min) Direção: Rob Reiner. Roteiro: Nora Ephron. Fotografia: Barry Sonnenfeld. Montagem: Robert Leighton. Figurino: Gloria Gresham. Direção de arte/cenários: Jane Musky/George R.Nelson, Sabrina Wright-Basile. Casting: Janet Hirshenson, Jane Jenkins. Produção: Rob Reiner, Andrew Schneiman. Elenco: Billy Cristal, Meg Ryan, Carrie Fisher, Bruno Kirby. Estreia: 21/7/89

Indicado ao Oscar de Roteiro Original

Não há dúvida de que "Harry e Sally, feitos um para o outro" deve muito a Woody Allen. Por mais que em sua essência o filme de Rob Reiner seja milhares de vezes mais romântico do que qualquer trabalho do veterano diretor nova-iorquino - com a possível exceção do doce "Manhattan" -, suas semelhanças são tão óbvias que só resta ao espectador - mesmo os detratores do cineasta - sorrir frente a essa carinhosa e bem-sucedida homenagem.

Escrito por Nora Ephron - que mais tarde seria a diretora de outras duas comédias românticas estreladas por Meg Ryan, "Sintonia de amor" e "Mensagem para você" - o roteiro de "Harry e Sally" é um perfeito equilíbrio entre uma engraçadíssima comédia de costumes (sociais, sentimentais) e uma doce (mas nunca piegas) história de amor. É um exemplo mais que perfeito de filme destinado a tornar-se clássico e atemporal, principalmente devido a seus diálogos luminosos, seus insights inspirados e à perfeita escalação da dupla central de atores. Em nenhum outro momento de suas carreiras, Meg Ryan e Billy Cristal foram tão felizes quanto aqui. Mais do que qualquer outra coisa, eles são, na memória do público, para sempre, Sally Albright e Harry Burns.

Sally Albright é uma jovem bonita, inteligente e com séria tendência a ser controladora - a ponto de fazer pedidos em restaurantes de forma extremamente detalhista. Harry Burns é um homem também inteligente, mas dado a crises de melancolia e pessimismo - a ponto de ler sempre a última página de um livro logo que o compra, para o caso de morrer antes de chegar ao seu final. Eles se conhecem em 1977, quando viajam no mesmo carro de Chicago a Nova York, para onde estão se mudando. Durante a viagem nenhum deles fica com a melhor das impressões do outro e se despedem sem maiores dramas. Cinco anos depois, já formada em jornalismo a namorada de um assessor político, Sally encontra Harry - de casamento marcado - em uma viagem de avião e novamente eles não se sentem particularmente tristes quando chegam a seu destino. É somente alguns anos depois que eles se reencontram e - contrariando a máxima de Harry que diz que homens e mulheres não podem ser amigos sem que haja sexo no meio - iniciam uma promissora amizade. Apoiando um ao outro em suas relações equivocadas, dividindo noites solitárias e sem querer promovendo casais, eles são os últimos a perceber que estão se apaixonando aos poucos.


Fotografada com uma beleza de tirar o fôlego em uma Nova York iluminada e cercada por uma trilha sonora repleta de standars do jazz cantadas por Harry Connick Jr., a história de amor entre Harry e Sally é contada com bom humor, leveza e as pitadas de sarcasmo e ironia de que a mente aguçada de Nora Ephron é capaz. Ao criar uma Sally bastante calcada em sua própria personalidade - reza a lenda que uma aeromoça perguntou-lhe se ela havia assistido ao filme quando ela começou a detalhar a maneira como queria seu prato durante um vôo - Ephron criou uma personagem cativante, simpaticamente irritante e dotada de uma voz própria, lindamente interpretada por Meg Ryan no auge de seu carisma e beleza. E Harry, do alto de sua auto-suficiência de macho, também é capaz de verter lágrimas pelo amor de uma mulher, o que o aproxima eficazmente do coração da plateia - seja ela masculina ou feminina. A química entre os quatro - personagens e atores - é de ouro, e são esses detalhes - roteiro esperto e um elenco impecável - que fazem com que "Harry e Sally" seja o modelo para todas as comédias românticas feitas desde então.

Dono de pelo menos uma cena antológica - a do falso orgasmo de Sally em um restaurante lotado - e repleto de diálogos que soam como música, "Harry e Sally" é provavelmente a melhor comédia romântica da história.

2 comentários:

Rodrigo Mendes disse...

É um clássico orgástico e muito divertido. Adoro. Rs!

Rob Reiner nos bons tempos inspirados e Meg Ryan no seu melhor dia.

Abraços
Rodrigo

História é Pop! disse...

Clássico das comédias românticas da década de 80, tão bom filme que suas cenas até hoje são copiadas...
Meg Ryan (Sally) estava em um dos seus melhores momentos, cena inesquecível a do seu falso orgasmo.
Billy Crystal (Harry ) na minha opinião nunca mais conseguiu ser tão bom como neste filme.
Película sobre relacionamentos, principalmente entre homens e mulheres, tratado de forma muito sincera
Simplesmente adoro esse filme.
É charmoso, divertido, comovente.

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