segunda-feira

RAIN MAN


RAIN MAN (Rain Man, 1988, United Artists, 133min) Direção: Barry Levinson. Roteiro: Ronald Bass, Barry Morrow. Fotografia: John Seale. Montagem: Stu Linder. Música: Hans Zimmer. Figurino: Bernie Pollack. Direção de arte/cenários: Ida Random/Linda DeScenna. Casting: Louis DiGiaimo. Produção executiva: Peter Guber, Jon Peters. Produção: Mark Johnson. Elenco: Dustin Hoffman, Tom Cruise, Valeria Golino, Bonnie Hunt. Estreia: 16/12/88

8 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Barry Levinson), Ator (Dustin Hoffman), Roteiro Original, Fotografia, Montagem, Trilha Sonora, Direção de arte/cenários
Vencedor de 4 Oscar: Melhor Filme, Diretor (Barry Levinson), Ator (Dustin Hoffman), Roteiro Original
Vencedor de 2 Golden Globes: Melhor Filme/Drama, Ator/Drama (Dustin Hoffman)


Pródiga que é em lançar filmes sobre doenças fatais e/ou raras, Hollywood conta sempre com o apoio da Academia, que adora premiar com seus ambicionados Oscar histórias lacrimosas de superação e dor - se o filme em questão ainda tiver uma mensagem do tipo "DESCOBRI O VERDADEIRO SENTIDO DA VIDA E ME TORNEI UMA PESSOA MELHOR", então a festa está completa. É este o caso de "Rain Man", grande vencedor da cerimônia de 1988. Vitorioso em 4 categorias importantíssimas - filme, direção, ator e roteiro original - o filme de Barry Levinson tem todas as características que seduzem os eleitores da Academia... e por conseguinte a platéia cativa que obras do gênero possuem. A única coisa que difere "Rain Man" das dezenas de outros títulos que movimentam o mercado de lenços de papel é Dustin Hoffman. Na pele do protagonista Raymond Babbit, Hoffman entrega um dos momentos mais marcantes de sua brilhante carreira, merecidamente premiado com sua segunda estatueta dourada de Melhor Ator.

"Rain Man" começa quando o jovem empresário Charlie Babbitt (Tom Cruise em mais um passo rumo a ser levado a sério como ator) fica sabendo da morte de seu pai, um milionário aparentemente seco e desprovido de maiores afetos por ele. Endividado até a raiz dos cabelos, Charlie espera receber uma polpuda herança, que o aliviaria de seus problemas financeiros. No entanto, para seu choque, descobre que herdou apenas um automóvel raro e algumas roseiras. O restante do patrimônio de sua família, ele descobre estarrecido, ficou para um irmão mais velho que ele sequer sabia existir. Raymond, seu irmão mais velho, vive em um hospital psiquiátrico por ser autista - uma rara condição que faz com que viva em um mundo particular, com regras rígidas e imutáveis. Com a intenção de obrigar a justiça a lhe pagar o que deve, Charlie praticamente sequestra Raymond e no caminho, descobre que ele tem uma inteligência rara, capaz de fazer cálculos complicadíssimos de cabeça, ao mesmo tempo que desconhece por completo (e por pura ironia!) o valor do dinheiro.


Logicamente, no decorrer do filme (que torna-se uma espécie de road movie graças ao terror que Raymond tem de voar) Charlie torna-se uma pessoa melhor, mais humana e menos fria. O convívio com o irmão mais velho faz com que o rapaz redescubra a ternura e o carinho, aproximando-o inclusive da namorada, Susanna (a péssima Valeria Golino). Mesmo que tente fugir dos clichês e do sentimentalismo barato - acrescentando uma bem-vinda dose de bom humor aos diálogos - o roteiro de Ronald Bass e Barry Morrow nem sempre é bem-sucedido em sua empreitada. Em alguns momentos há a séria ameaça de tornar-se extremamente piegas, e é aí que o trabalho fenomenal de Hoffman emerge glorioso.

Em uma composição minuciosa de voz e corpo, Dustin consegue fazer de seu Raymond Babbit não um doente engraçadinho e cativante (como o primeiro esboço do roteiro, recusado por ele, o apresentava) mas como um homem enervante, quase insuportável na rigidez de sua rotina. Escalado para viver Charlie em um primeiro tratamento do projeto (em que os irmãos teriam uma diferença bem menos considerável de idade), Hoffman apaixonou-se pelo papel de Raymond e passou dois anos convivendo com autistas para compor sua personagem, sugerindo modificações no roteiro e realizando exaustivos ensaios com Cruise (que não se sai mal como escada para seu brilho). Para sua sorte, Steven Spielberg, que esteve para dirigir o filme em uma ocasião, o deixou de lado para realizar "Indiana Jones e a última cruzada", caso contrário, a dose de sacarina provavelmente seria bem maior e talvez nem mesmo ele salvasse "Rain Man" de ser mais um exemplar corriqueiro de drama médico/familiar.

Um dos filmes preferidos da Princesa Diana, "Rain Man" emociona, faz rir e ainda consegue ser um bom filme. Não era o melhor filme do ano, mas cumpre o que promete. E tem Dustin Hoffman.

4 comentários:

Hugo disse...

Tb não sou fã deste tipo de filme, mas em relação ao gênero, "Rain Man" é bem superior a maioria e como você escreveu, vale principalmente pela atuação de Dustin Hoffmann.

Abraço

chuck large disse...

Clênio, vc deve ter lido meus pensamentos, hehehe.
Acabei de ver este filme, neste exato momento, portanto estou completamente extasiado com tudo que vi. E, claro com a ótima atuação de Hoffman. Muito bom mesmo! xD

Gui Barreto disse...

Oi Clênio...gosto de dramas...sou bem chorão e as vezes um filme impactante que faz com que questionemos nossa conduta vale a pena e nos reabastece...não posso julgar se Rain Man era ou não o melhor do ano porque nascia em 1989, além de não ter assistido aos indicados ao Oscar daquele ano. Mas o filme realmente é sustentado pela excelência de Hoffman (assim como Al Pacino, em Perfume de Mulher)...abrs

Cristiano Contreiras disse...

Cruise merecia maior atenção pelo filme!

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