quinta-feira

UM PEIXE CHAMADO WANDA


UM PEIXE CHAMADO WANDA (A fish called Wanda, 1988, MGM Pictures, 108min) Direção: Charles Crichton. Roteiro: John Cleese, história de John Cleese e Charles Crichton. Fotografia: Alan Hume. Montagem: John Jympson. Música: John Du Prez. Figurino: Hazel Pethig. Direção de arte/cenários: Roger Murray-Leach/Stephanie McMillan. Casting: Priscilla John. Produção executiva: Steve Abbott, John Cleese. Produção: Michael Shamberg. Elenco: John Cleese, Jamie Lee Curtis, Kevin Kline, Michael Palin, Maria Aitken. Estreia: 07/7/88

3 indicações ao Oscar: Diretor (Charles Crichton), Ator Coadjuvante (Kevin Kline), Roteiro Original
Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante (Kevin Kline)


Nada como um time de gênios ingleses para criar uma comédia inteligente e que não apela para palavrões, adolescentes tarados e mulheres nuas. Boa parte da equipe dos enlouquecidos membros do Monthy Phyton esté por trás de “Um peixe chamado Wanda”, uma das mais espetaculares comédias de todos os tempos. E não, não existe um único adolescente em todos os 108 minutos de projeção.

O filme começa com um aparentemente bem-sucedido roubo a uma joalheria. Aparentemente porque o mentor do crime, o inglês almofadinha George Thomason acaba preso, delatado por sua amante, a bela e sexy americana Wanda (Jamie Lee Curtis, deitando e rolando com sua personagem amoral). Wanda na verdade tem um tórrido caso amoroso com Otto (Kevin Kline), que ela mente ser seu irmão, e quer o produto do roubo, uma carga de diamantes só pra eles. O problema é que a única pessoa que pode saber onde estão as jóias é o advogado do mandante, o rígido e desajeitado Archie Leach (o hilariante John Cleese). Aproveitando-se do fascínio que desperta no advogado, Wanda resolve seduzi-lo, para desespero do ciumento Otto, que tem a missão de vigiar o outro integrante do grupo, o gago Kevin (Michael Palin).


O humor de "Um peixe chamado Wanda" é inteligente mas nunca hermético. É anarquista mas nunca político. É sexy, mas nunca vulgar. E é, acima de tudo, uma vitória do humor inglês, sempre sarcástico e irônico. Seja na relação complicada entre Wanda e Archie, com seus encontros desastrados, seja na conduta incoerente de Otto, que lê Nietzsche mas não entende o essencial, seja nas tentativas frustradas de Kevin de eliminar a principal testemunha ocular do roubo, todas as subtramas do roteiro de John Cleese (perfeito em seu constrangimento tipicamente britânico) confluem para uma coesão rara no gênero.

É difícil dizer o que funciona melhor nessa verdadeira obra-prima do humor. O roteiro, impecável, aproveita todas as brechas possíveis para fazer rir, seja nas gritantes diferenças culturais entre americanos e ingleses, seja nas inúmeras reviravoltas que a históra sofre, sempre levando a trama para um final pouco óbvio e absurdo. O elenco beira a perfeição: se os integrantes do Monthy Phyton há muito tempo não precisam provar que sabem fazer humor como poucos são os americanos Jamie Lee Curtis e Kevin Kline que surpreendem. Jamie usa e abusa dos recursos que sua personagem, distante anos-luz de sua baby-sitter de “Halloween”, lhe proporciona e Kline, um respeitado ator canadense de teatro brinca com a própria imagem de sedutor e acabou levando o merecido Oscar de ator coadjuvante, batendo nomes como Alec Guiness e Martin Landau.

O único problema de “Um peixe chamado Wanda” é que, quando ele acaba fica-se com a sensação de que todas as outras comédias que Hollywood insiste em produzir são extremamente sensaboronas.

2 comentários:

Hugo disse...

Ótima lembrança, assisti este filme no cinema e depois de alguns revi e tive a mesma sensação. É uma comédia deliciosa, um dos vários bons filmes que nasceram da cabeça dos ex-Monty Python.

O elenco todo está ótimo e concordo com vc, esta comédia está muito acima do que Hollywood costuma fazer.

A curiosidade é a direção de Charles Crichton, na época ele tinha quase 80 anos e desde os anos sessenta ele trabalha apenas na tv.

Abraço

Rodrigo Mendes disse...

Preciso rever esta comédia criada pelo John Cleese. Tinha esquecido mas você me fez lembrar duarante o texto.

Jamie Lee Curtis mudando de tipo e foi muito feliz nesta comédia e noutra dirigida pelo John Landis na época: Trocando As Bolas.

Eu gosto de comédias assim!

Abraços
Rodrigo

VAMPIROS DO DESERTO

VAMPIROS DO DESERTO (The forsaken, 2001, Screen Gems/Sandstorm Films, 90min) Direção e roteiro: J. S. Cardone. Fotografia: Steven Bernstein...