TRÊS FORMAS DE AMAR (Threesome, 1994, MCPA/TriStar Pictures, 93min) Direção e roteiro: Andrew Fleming. Fotografia: Alexander Gruszynski. Montagem: William C. Carruth. Música: Thomas Newman. Figurino: Deborah Everton. Direção de arte/cenários: Ivo Cristante/Tim Colohan. Produção executiva: Cary Woods. Produção: Brad Krevoy, Steven Stabler. Elenco: Lara Flynn Boyle, Josh Charles, Stephen Baldwin, Alexis Arquette. Estreia: 08/4/94
Stuart é um rapaz mulherengo, metido a conquistador e extrovertido. Eddy é tímido, sensível e estudioso. Completamente diferentes entre si, eles dividem um dormitório na universidade e acabam tornando-se amigos inseparáveis, cada um ajudando o outro em suas dificuldades. Seu equilíbrio sofre um abalo, porém, quando eles são obrigados a conviver com Alex, uma estudante de teatro bela e carente que, confundida com um homem por causa de seu nome, vai parar no mesmo quarto. Fissurado por Alex, Stuart não percebe que ela está apaixonada por Eddy, que, por sua vez, tem uma queda nada discreta pelo melhor amigo.
Com essa premissa simples e sem maiores pretensões artísticas, o diretor e roteirista Andrew Fleming criou "Três formas de amar", considerado pela crítica como um dos principais filmes a retratar a Geração X - aquela nascida entre os anos 60 e 70 e que rompeu com muitos dos padrões comportamentais de seus pais. Ao centrar seu foco nas angústias, dúvidas e medos relativos à sexualidade no início da juventude, o filme de Fleming encontrou eco em seu público-alvo - ainda que não tenha sido um imenso sucesso comercial, o bizarro triângulo amoroso formado por Stuart-Alex-Eddy conquistou fãs incondicionais, talvez principalmente pelo fato de o roteiro jamais julgar ou criticar quaisquer atos de suas personagens. Dono de um humor que não agride ninguém, no entanto, "Três formas de amar" acaba mirando na transgressão e acertando no quase politicamente correto, o que de certa forma enfraquece os ideais libertários de sua concepção.
Na pele de Alex, a bela Lara Flynn Boyle (musa de David Lynch na série "Twin Peaks") tem seu melhor momento nas telas. Com um ótimo timing cômico e uma sensualidade não-óbvia, ela convence plenamente tanto como interesse sexual de Stuart (um Stephen Baldwin que não vingou como galã como esperavam os produtores) quanto como mulher apaixonada (por um Josh Charles encarnando com perfeição um tipo "guy next door"). Flynn Boyle faz o que pode com um roteiro que, apesar de engraçado e aparentemente avançado, não aprofunda a contento nenhuma de suas personagens, preferindo tornar leve uma trama que - a julgar por François Truffaut e seu "Jules & Jim" (citado no filme em uma breve cena) - poderia descambar para a tragédia. No entanto, nouvelle vague não é Hollywood e a ordem em "Três formas de amar" é divertir a plateia. E nesse ponto Andrew Fleming não deixa a desejar.
"Três formas de amar" é, antes de tudo, um típico produto de sua época: antenado, descolado, bem-humorado e com uma trilha sonora das mais adequadas - U2, New Order, Teenage FanClub. Esteticamente agradável e com alguns insights bastante interessantes sobre a juventude anos 90 - eternamente em busca do amor e do prazer em doses proporcionais - o filme de Fleming jamais decepciona seu público-alvo, apesar de esbarrar em um final um tanto moralista e melancólico e não se permitir chegar aos extremos que a relação entre os protagonistas poderiam chegar.
Longe de ser trangressor como a trama pode sugerir, "Três formas de amar" é, no fundo, uma comédia romântica como qualquer outra - excetuando-se, é claro, o fato de não contar uma história de amor açucarada como normalmente acontece nos filmes do gênero. Logicamente não é um filme para todos os públicos - ainda que até mesmo as cenas de sexo sejam pouco explícitas e de bom-gosto, é pouco provável que agrade às fãs mais conservadoras de filmes como "Uma linda mulher" e "Sintonia de amor". Mas é uma das mais corajosas obras direcionadas ao público jovem da década - ainda que a ideia seja mais ousada do que seu desenvolvimento.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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3 comentários:
Não sei porque ainda não tirei da minha lista de filmes "obrigatórios" não vistos.
Inclui hoje mesmo na minha locadora online para assistir. Sempre leio críticas boas sobre essa produção.
Assisti já tem um bom tempo naquele corujão da Globo. Na época me agradou bastante, espero ter uma outra oportunidade para conferir!
abs,
seosaukerl.blogspot.com
gostaria de assistir a esse filme novamente porem ñ consigo se alguem souber algum saite que eu possa ver esse filme bj obrigada negraebella@hotmail.com
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