O ÓLEO DE LORENZO (Lorenzo's oil, 1992, Universal Pictures, 129min) Direção George Miller. Roteiro: George Miller, Nick Enright. Fotografia: John Seale. Montagem: Marcus D'Arcy, Richard Francis-Bruce. Figurino: Colleen Atwood. Direção de arte/cenários: Kristi Zea/Karen O'Hara. Casting: Canice Kennedy, John S. Lyons. Produção executiva: Arnold Burk. Produção: George Miller, Doug Mitchell. Elenco: Nick Nolte, Susan Sarandon, Peter Ustinov, Zach O'Malley, Laura Linney, James Rebhorn. Estreia: 30/12/92
2 indicações ao Oscar: Atriz (Susan Sarandon), Roteiro Original
Se o filme "O campeão" (1979), de Franco Zefirelli, era o pesadelo de qualquer criança, pode-se considerar este "O óleo de Lorenzo" como o mais aterrador sonho de quaisquer pais. Baseado em uma história real, o filme de George Miller - que apesar do background inusitado que inclui "Mad Max" e "As bruxas de Eastwick" é formado em Medicina - versa sobre o mais profundo medo que uma mãe ou um pai possa ter em relação aos filhos: uma doença rara e incurável.
É justamente uma doença rara e incurável - adrenoleucodistrofia, uma doença degenerativa que mata os pacientes (sempre meninos antes da adolescência) poucos anos após seu diagnóstico - que ataca o pequeno Lorenzo Odone (o impressionante Zack O'Malley Greenburg) aos cinco anos de idade. Filho único da dona-de-casa Michaela (Susan Sarandon) e caçula do professor Augusto (Nick Nolte), ele torna-se agressivo repentinamente e, aos poucos, começa a perder o controle sobre os membros e a capacidade de comunicar-se verbalmente. Desesperados com a falta de conhecimento a respeito do mal que está destruindo o menino, o casal resolve investigar por conta própria e tentar encontrar uma maneira de deter o avanço da enfermidade. Desencorajado por outros pais que lideram uma associação, eles contam com a ajuda de um dedicado médico (Peter Ustinov) para atingir seu objetivo e impedir a morte de Lorenzo.
George Miller não poupa o espectador em sua jornada médico-familiar. Escorado em uma atuação quase miraculosa de Susan Sarandon, "O óleo de Lorenzo" não tenta fugir do dramalhão inerente à sua história: é um filme pesado, triste, sofrido, mas ao mesmo tempo é um conto repleto de esperança, amor e tenacidade. A batalha do casal Odone pela cura inexistente para a doença do filho é narrada de forma clássica pelo cineasta, que utiliza a trilha sonora barroco/religiosa para sublinhar os momentos de maior dramaticidade - um pequeno exagero que não chega a atrapalhar sua paixão pela história. Editado de forma ágil, com cenas curtas mas eficientes, o calvário de Lorenzo conquista a plateia devido principalmente à sua honestidade e extremo senso humano. Tudo coroado por uma Susan Sarandon que mereceria ter ganho o Oscar para o qual foi indicada - ela perdeu para Emma Thompson, em "Retorno a Howards End".
Com total entrega à sua personagem, Sarandon criou uma "mater dolorosa" como poucas vezes se viu no cinema americano nos anos 90, onde imperou o cinismo e a violência exarcebada. Seu estoicismo e sua coragem em encarar de frente uma situação desesperadora seguram o filme no limite do tolerável - afinal de contas, testemunhar um sofrimento como o de Lorenzo (interpretado com surpreendente talento pelo pequeno Zack O'Malley Greenburg) não é programa dos mais palatáveis. E sua performance memorável torna-se ainda mais fantástica quando comparada ao trabalho quase caricato de seu parceiro de cena: como o italiano Augusto Odone, Nick Nolte força a barra em inúmeros momentos, fazendo de sua trágica personagem um quase pastiche: um sotaque equivocado é o um dos defeitos de sua interpretação quase risível. Um ator mais sutil ao lado de Sarandon com certeza faria de "O óleo de Lorenzo" um filme ainda melhor.
Mesmo que não possa ser considerado jamais como um entretenimento agradável ou alto-astral, "O óleo de Lorenzo" é uma ode ao amor paterno e um elogio consagrador à esperança.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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4 comentários:
Faz muitos anos que assisti ao filme. Lembro de ter amado. Preciso ver novamente para tocar o coração novamente.
òtimo filme, sem dúvida.
Meu filho é portador desta doença.
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Abços
Linda
teve contato com uma crianca c/ essa doenca e muito triste os pais estao cm muita esperanca nesse oleo de lorenso . esse filme e prova de muita amor e fe . beijos fiquem com Deus .
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