quinta-feira

TORMENTA

TORMENTA (White squall, 1996, Hollywood Pictures/Largo Entertainment, 129min) Direção: Ridley Scott. Roteiro: Todd Robinson, livro "The last voyage of the Albatross", de Charles Gieg Jr., Felix Sutton. Fotografia: Hugh Johnson. Montagem: Gerry Hambling. Música: Jeff Rona. Figurino: Rand Sagers. Direção de arte/cenários: Peter J. Hampton, Leslie Tomkins/Rand Sagers. Produção executiva: Ridley Scott. Produção: Mimi Polk Gitlin, Rocky Lang. Elenco: Jeff Bridges, Caroline Goodall, John Savage, Scott Wolf, Jeremy Sisto, Ryan Phillippe, Balthazar Getty, Ethan Embry, James Rebhorn. Estreia: 02/02/96

Não é querer fazer nenhum tipo de piada infame, mas "Sociedade dos poetas mortos" fez escola. Desde que o belo filme de Peter Weir lotou cinemas em 1989 um novo tipo de super-herói, sem poderes extra-terrenos ganhou o imaginário popular: professores dispostos a inspirar seu grupo de alunos. Em 1996, até mesmo o bem-sucedido Ridley Scott aderiu à tendência e realizou um de seus trabalhos menos conhecidos pelo grande público. Apesar do fracasso de bilheteria e das críticas apáticas, "Tormenta", baseado em uma história real, é um filme com uma qualidade acima da média, ainda que escorregue em alguns lugares-comuns e soe como uma espécie de cópia da obra-prima estrelada por Robin Williams.

O maior atrativo de "Tormenta" é Jeff Bridges. Bom ator como nunca, ele dá vida e substância a Skipper Sheldon, o capitão do Albatross, um barco-escola que, no ano de 1960, sai de Miami em direção ao Caribe com o objetivo de, no caminho, ensinar a seus oito tripulantes/alunos bem mais do que disciplinas acadêmicas: os adolescentes que embarcam na viagem liderada por ele tem por objetivo forjar seu caráter. Ajudado por sua esposa Alice (Caroline Goodall) - professora de Matemática e Ciências ,  seu companheiro de viagem McCrea (John Savage) - que dá aulas de Inglês e declama Shakespeare no café-da-manhã - e do jovem Shay Jennings (Jason Marsden), seu imediato, Skipper dá a seus oito discípulos lições de hombridade e integridade. A história, contada em off por um dos alunos, Chuck Gieg (Scott Wolf), sofre uma reviravolta quando um trágico acidente provocado por uma tormenta - a "white squall" do título original - faz vítimas fatais e o capitão é levado a julgamento por negligência.



A bem da verdade, a direção de Ridley Scott está longe do brilhantismo de seus melhores filmes, como "Blade Runner" e "Thelma & Louise". Quase burocrático, Scott ainda assim mantém o domínio narrativo, nunca permitindo que o tédio se manifeste. Em forma de anedotas cotidianas, a primeira parte do filme apresenta suas personagens de forma dinâmica e até carinhosa. Mesmo sendo mais estereótipos do que personagens multidimensionais, o traumatizado Gil Martin (Ryan Phillipe em início de carreira), o garoto-problema Dean Preston (Eric Michael Cole), o mimado Frank Beaumont (Jeremy Sisto) e até mesmo o sensível Chuck conquistam a plateia sem muito esforço. Sua segunda parte - cujo clímax é a apavorante tormenta, em uma sequência que dura angustiantes quinze minutos - perde um pouco a força: o julgamento de Skipper não é muito convincente, talvez por lembrar demais o filme de Peter Weir, com direito inclusive à catarse emocional, que, aliás, mostra a fragilidade de Scott Wolf como ator.

Revelado na série televisiva "O quinteto", Wolf foi louvado, na segunda metade da década de 90, como um novo Tom Cruise, mas sem o carisma do galã dos anos 80 e tampouco sem seu talento em escolher os projetos mais adequados, se perdeu no meio do caminho. Em "Tormenta" ele se esforça visivelmente, mas, mesmo tendo o papel mais importante dentre os jovens do elenco, se deixa eclipsar por colegas com personagens de menor destaque, como Ryan Phillipe e Jeremy Sisto. Quando contracena com Jeff Bridges, então, praticamente desaparece diante de sua presença maciça e dominante. Bridges, aliás, é o motivo primordial para que se assista ao filme, em mais uma interpretação sensacional.

Não é difícil entender porque "Tormenta" foi praticamente ignorado em seu lançamento. A trama é um tanto derivativa, o roteiro não apela para pieguices exageradas e Jeff Bridges, por melhor ator que seja, não é um chamariz de público. Nem mesmo o nome de Ridley Scott nos créditos foi capaz de lhe dar uma sorte maior. Mas é um entretenimento honesto, realizado com o capricho técnico que se espera do cineasta e tem uma história interessante e bem contada. Vale a pena uma espiada sem maiores expectativas.

4 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Nossa, desenterrou esse, hein? lembro que, quando vi, tenha gostado muito da trama - e, na época, adorava ver Ryan Phillipe, rs!

abraço

Tiago Britto disse...

Nunca vi esse filme, mas me interessei. Deu uma mudada no visual né? kkk Abs!

Hugo disse...

Gostei deste filme, mesmo sendo burocrático a história prende a atenção, além de ser curioso ver bons atores ainda jovens como Ryan Phillippe e Jeremy Sisto.

O caso de Scott Wolf é diferente, este filme seria o início de um carreira no cinema, mas ficou claro que seu talento não era para tanto.

Abraço

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