ALIEN: A RESSURREIÇÃO (Alien: resurrection, 1997, 20th Century Fox, 109min) Direção: Jean-Pierre Jeunet. Roteiro: Joss Whedon, personagens criadas por Dan O'Bannon, Ronald Shusett. Fotografia: Darius Khondji. Montagem: Hervé Schneid. Música: John Frizzell. Figurino: Bob Ringwood. Direção de arte/cenários: Nigel Phelps/John M. Dwyer. Produção: Bill Badalato, Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill. Elenco: Sigourney Weaver, Winona Ryder, Dominique Pinon, Ron Perlman, Michael Wincott, Dan Hedaya. Estreia: 26/11/97
A maior tradição em relação à série de filmes "Alien" - iniciada em um longínquo 1979 - diz respeito a nunca repetir diretores, dando ao espectador visões diferentes dos roteiros, desde em seu clima até em suas resoluções dramáticas. Sendo assim, em 1997, o francês Jean-Pierre Jeunet - que, ao lado de Marc Caro havia presenteado a audiência com os visualmente belíssimos "Delicatessen" e "Ladrões de sonhos" - reuniu-se ao time que já contava com Ridley Scott, James Cameron e David Fincher. Com a árdua missão de recuperar os fãs perdidos com as ousadias de "Alien 3", Jeunet entregou ao público um filme que, se não chega a empolgar como os dois primeiros capítulos, ao menos é fiel ao estilo claustrofóbico de seu filme original.
A trama, mais uma vez, usa e abusa do escapismo e da criatividade para dar continuidade ao inesperado final do terceiro episódio, lançado em 1992. Nessa nova aventura, a Tenente Ripley (mais uma vez vivida por Sigourney Weaver) é ressuscitada através de um processo de clonagem e os cientistas responsáveis pelo feito conseguem tirar a Rainha Mãe dos alienígenas de dentro dela. Acontece que as coisas não são assim tão simples, e Ripley passa a apresentar algumas características do monstro, como força descomunal e um sangue ácido, devido à mistura de seus DNAS. Tudo se complica quando os alienígenas que estão sendo criados em cativeiro pelo ambicioso Dr. Jonathan Gediman (Brad Dourif) conseguem escapar e mais uma vez começam a atacar os humanos que estão dentro da nave espacial - dentre os quais um grupo de mercenários que inclui a misteriosa Call (Winona Ryder). Cabe mais uma vez à Ripley impedir que os seres cheguem à Terra, mas dessa vez ela tem sentimentos dúbios em relação a eles.
Não deixa de ser bastante esperto o artifício criado pelo roteirista Joss Whedon de mixar o sangue (e a personalidade) de Ripley com a raça alienígena que ela vem perseguindo há séculos (a trama começa 200 anos depois do fim do último filme). Ao unir a heroína da série a seu maior vilão de forma inexorável, a trama caminha para um desfecho onde tudo pode acontecer. Infelizmente Whedon não vai muito longe na ousadia, deixando a relação de Ripley com o alien esfriar da metade pro fim do filme, quando ele se transforma em mais um produto de ação estritamente comercial, com cenas milimetricamente calculadas para injetar adrenalina na plateia. Nesse ponto, diga-se de passagem, Jeunet não é tão feliz quanto foi James Cameron, que tem uma tendência bem mais explícita ao superespetáculo. Ainda assim, é bastante impressionante a sequência subaquática que apresenta já em sua reta final. O cineasta francês é um esteta de extremo bom-gosto (como fica claro com sua fotografia e sua caprichada direção de arte)e faz questão de mostrar essa sua faceta em planos bem desenhados. Infelizmente, o capricho visual não encontra eco na trama, que não desperta tanto interesse quanto seus primeiros dois capítulos.
Quanto ao elenco, é preciso que se louve mais uma vez a atuação de Sigourney Weaver, que consegue, novamente, dar nuances surpreendentes à sua Ripley. Winona Ryder está talvez no pior momento de sua carreira, fazendo caras e bocas com uma personagem chatinha e cuja existência se deve principalmente à tentativa do estúdio em arrecadar mais alguns milhares de dólares com a presença de uma atriz jovem e em ascensão como ela era à época do lançamento (e não deixa de ser um tanto forçada a relação entre sua Call e a protagonista, em cenas que foram vendidas como se tivessem um homoerotismo que não existe). Brad Dourif exagera novamente em seus trejeitos, dessa vez como uma nova versão de cientista louco e somente escapa do overacting geral (assim como Weaver, esteja bem claro).
No final das contas, "Alien: a ressurreição" vale por uma ou outra cena bem realizada e pela presença sempre forte de Sigourney Weaver. Jean-Pierre Jeunet ainda demoraria uns bons cinco anos para dar ao mundo sua obra-prima, "O fabuloso destino de Amélie Poulain".
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5 comentários:
Um bom filme. Não espetacular. Mas, uma continuação digna.
o TERCEIRO e o quarto Alien destruiram a franquia. Apesar de Cameron fazer um filmaço, nenhum sucessor bate com Ridley Scott.
Abs.
RODRIGO
Em breve farei um post da série!
Sou fã da franquia, mesmo os quatro filmes serem bem diferentes entre si, com diretores e estilos próprios, todos são de boa qualidade.
O original é um clássico do suspense e "Aliens - O Resgate" sensacional como filme de ação.
O longa de Fincher é mais sombrio e o quarto mistura ação com ótima produção de arte, especialidade de Jeunet.
Abraço
Visualmente falando é um filme magnífico! Pena que o roteiro seja extremamente fraco e com atuações medíocres. Jean Pierre-Jeunet é um grande diretor, mas considero este um de seus trabalhos mais fracos.
http://filme-do-dia.blogspot.com/
Meu predileto é o filme de James Cameron, imbatível!
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