HOMEM-ARANHA (Spiderman, 2002, Columbia Pictures/Marvel Enterprises, 121min) Direção: Sam Raimi. Roteiro: David Koepp, HQ de Stan Lee, Steve Ditko. Fotografia: Don Burgess. Montagem: Arthur Coburn, Bob Murawski. Música: Danny Elfman. Figurino: James Acheson. Direção de arte/cenários: Neil Spisak/Karen O'Hara. Produção executiva: Avi Arad, Stan Lee. Produção: Ian Bryce, Laura Ziskin. Elenco: Tobey Maguire, Kirsten Dunst, Willem Dafoe, James Franco, Rosemary Harris, Dylan Baker, J.K. Simmons, Cliff Robertson. Estreia: 03/5/02
2 indicações ao Oscar: Efeitos Visuais, Som
Tudo começou com "X-Men". O enorme sucesso de bilheteria do filme que contava as aventuras dos mutantes criados por Stan Lee deu coragem à Columbia Pictures para tocar adiante um projeto ainda mais ambicioso: levar às telas uma adaptação de uma das mais queridas e famosas personagens do universo Marvel, o Homem-aranha. Depois de anos no limbo - durante o qual foram considerados para a direção nomes díspares como James Cameron, Ang Lee, David Fincher e Tony Scott - a história do adolescente nerd que se torna super-herói chegou aos cinemas americanos cercada de grandes expectativas e não decepcionou nem ao mais ambicioso produtor: ao redor do mundo, mais de 800 milhões de dólares foram arrecadados, dando início a uma espécie de fenômeno pop. A partir daí, histórias em quadrinhos e cinema se tornaram definitivamente parceiros muito rentáveis.
O maior sucesso de bilheteria de 2002 mereceu o barulho que fez. Deliciosamente pop, agradável, engraçado e leve, é um filme que consegue agradar espectadores de todas as idades, em especial àqueles que se permitem embarcar sem medo no mais puro entretenimento hollywoodiano. Ao assumir as rédeas do filme, o diretor Sam Raimi (responsável pela bizarra e popular série "Evil Dead", que mudou a forma de fazer cinema de terror) imprimiu à história de Peter Parker um senso de diversão descompromissada e quase auto-paródica que faz dele um programa imperdível (e que ficaria ainda melhor no segundo episódio, mais caro e que fez ainda mais sucesso). E é necessário que se elogie a escalação certeira de Tobey Maguire para o papel central.
Mais conhecido por seus trabalhos sérios em filmes oscarizados como "Regras da vida" e "Garotos incríveis", Maguire ficou com um dos papéis jovens mais cobiçados da época (que quase ficou nas mãos de Leonardo DiCaprio) e não fez feio. Com seu jeito aparvalhado, ele criou um Peter Parker bastante próximo do público adolescente que lotou as salas de exibição (apesar de já estar com 25 anos durante a produção). Seu Peter Parker frágil, tímido e apaixonado caiu como uma luva em seu tipo físico franzino e seu alter-ego heroico é convincente a ponto de a audiência comprar o conceito do filme sem pestanejar. Com um roteiro dinâmico e esperto, "Homem-Aranha" é uma aventura perfeita.
Pra quem não sabe - se é que existe alguém que não saiba - o protagonista é Peter Parker, um estudante órfão que mora com os tios idosos (Cliff Robertson e Rosemary Harris) e é apaixonado pela vizinha, a bela Mary Jane Watson (Kirsten Dunst), cujo histórico de problemas domésticos não a impede de sonhar em tornar-se atriz. Durante uma excursão da escola, Parker - que é hostilizado pelos colegas e tem apenas um grande amigo Harry Osborn (James Franco) - é mordido por uma aranha geneticamente modificada e, a partir daí, passa a desenvolver poderes tais como escalar paredes e soltar teias de aranha, além de aumentar sua velocidade e força. Após praticamente testemunhar o assassinato do tio, ele decide dedicar-se à luta contra a violência, tornando-se herói da noite para o dia. Enquanto tenta esconder sua dupla personalidade da garota que ama - que começa a namorar Harry - Parker também precisa combater o cruel Duende Verde, a personalidade psicótica adquirida pelo milionário Norman Osborn (Willem Dafoe) após um acidente com suas experiências científicas.
A trama de "Homem-Aranha" é a desculpa ideal para Sam Raimi exercitar sua veia de fã de quadrinhos. Sua direção é respeitosa mas nunca quadrada, dando espaço para improvisos e mudanças que não ofendem os mais xiitas leitores do gênero (ainda que sempre haja algum espírito de porco disposto a discordar de algum detalhe). As cenas de ação, mesmo que não sejam impactantes ou inovadoras, são adequadas ao ritmo da trama e não chamam mais a atenção do que a trama que fala de responsabilidades e de renúncia. Esse subtexto - que também era o melhor que havia em "X-Men" - é o que faz com que "Homem-Aranha" escape lindamente da vala onde se encontram produções ambiciosas e sem fundamentos.
O sucesso de "Homem-Aranha" foi merecido. É um entretenimento inteligente e divertido, capaz de alegrar sessões da tarde por anos a fio. É a prova inconteste de que a soma de um bom diretor, um elenco adequado e um roteiro bem escrito podem efetuar milagres até mesmo com a pressão dos grandes estúdios.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
terça-feira
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2 comentários:
Aventura divertida, com tudo o que um ótimo filme de ação precisa ter.
Abraço
Adoro a saga do Homem-Aranha, viu? Hehehe É o meu herói favorito!
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