terça-feira

O QUARTO DO PÂNICO

O QUARTO DO PÂNICO (Panic room, 2002, Columbia Pictures, 112min) Direção: David Fincher. Roteiro: David Koepp. Fotografia: Conrad L. Hall, Darius Khondji. Montagem: James Haygood, Angus Wall. Música: Howard Shore. Figurino: Michael Kaplan. Direção de arte/cenários: Arthur Max/Jon Danniells, Garrett Lewis. Produção: Cean Chaffin, Judy Hofflund, David Koepp, Gavin Polone. Elenco: Jodie Foster, Forest Whitaker, Kristen Stewart, Jared Leto, Dwight Yoakam. Estreia: 29/3/02

É impressionante a diferença que faz um bom diretor! Nas mãos de um operário-padrão qualquer de Hollywood, "O quarto do pânico" seria apenas mais um filme de suspense perfeitamente esquecível depois dos letreiros finais. Porém, sob o comando do sempre competente David Fincher - que tem no currículo as obras-primas "Seven" e "Clube da luta" e o subestimado "Vidas em jogo" - o jogo de gato-e-rato criado pelo roteirista David Koepp em apenas seis dias (o primeiro tratamento, logicamente) não só prende a atenção de seus espectadores como ainda por cima se eleva vários degraus acima de seus congêneres, equilibrando com maestria um clima hitchcockiano e inovações técnicas utilizadas com inteligência e parcimônia.

A trama tem início quando a recém-divorciada Meg Altman (Jodie Foster, grávida durante as filmagens), abandonada pelo marido milionário, compra uma gigantesca casa em Manhattan para morar com a filha pré-adolescente Sarah (Kirsten Stewart pré-"Crepúsculo"). A casa - uma impressionante criação do diretor de arte Arthur Max - tem até mesmo uma espécie de bunker, apelidado pelo antigo morador de "quarto do pânico": o tal quarto tem até mesmo um sistema exclusivo de câmeras de vigilância. O que seria apenas mais um cômodo, no entanto, vira a principal forma de defesa de mãe e filha quando três homens armados, liderados pelo descontrolado Junior (Jared Leto), invadem a casa na madrugada, atrás de milhões de dólares escondidos justamente no quarto onde elas se escondem. Para proteger a filha e a si mesma, Meg tem que usar toda a sua inteligência e força emocional, principalmente quando os criminosos - que incluem o racional Burnham (Forest Whitaker) e o violento Raoul (Dwight Yoakam) - resolvem apelar para a violência para obrigá-las a abandonar o famigerado aposento.


"O quarto do pânico" é um típico produto de sua época. Os criativos movimentos de câmera de Fincher, o desenho de som e as inovações técnicas que ele apresenta são tão ou mais importantes que a história que o diretor conta. Mesmo sem ser exatamente original e/ou empolgante em uma primeira visão, o roteiro de Koepp consegue facilmente envolver e causar tensão durante seu tempo de duração, o que já é bastante raro em um gênero mortalmente previsível quanto o suspense. Fugindo dos clichês das obras mais convencionais, a obra de Fincher cria momentos de tensão genuína, envolvendo o público na jornada de Meg, personificada com força e determinação por um Jodie Foster nunca aquém de excelente. Substituindo Nicole Kidman na última hora (que abandonou o projeto por ter se machucado nas filmagens de "Moulin Rouge"), Foster não deixa de ser uma bênção ao projeto: talvez a fragilidade física de Kidman não combinasse com a protagonista, uma personagem que cabe como uma luva no histórico de mulheres fortes interpretadas por Jodie.

"O quarto do pânico" está longe de ser o melhor trabalho de David Fincher. Ainda assim, é forte, inteligente e jamais previsível, além de tratar seu público com respeito e em nenhum momento apelar para soluções fáceis e triviais. É um excelente programa para quem gosta de suspense e para aqueles que esperam por bons filmes dirigidos com elegância e talento.

2 comentários:

Alan Raspante disse...

Já vi este Quarto do Pânico na Globo, mas não me lembro muito... Tenho que rever!

Lucas D. disse...

Um dos melhores exemplares de suspense da última década, sem dúvida.

Achei que vc poderia ter dito que Nicole fez a voz da nova namorada do ex-marido, que atende ao telefone qd Meg liga para lhe pedir ajuda...

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