sexta-feira

TERRA DE SONHOS


TERRA DE SONHOS (In America, 2003, Fox Searchlight Pictures, 105min) Direção: Jim Sheridan. Roteiro: Jim Sheridan, Naomi Sheridan, Kirsten Sheridan. Fotografia: Declan Quinn. Montagem: Naomi Geraghty. Música: Gavin Friday, Maurice Seezer. Figurino: Eimer Ní Mhaoldomhnaigh. Direção de arte/cenários: Mark Geraghty/Johnny Byrne. Produção: Arthur Lappin, Jim Sheridan. Elenco: Samantha Morton, Paddy Considine, Djimon Houson, Sarah Bolger, Emma Bolger. Estreia: 26/11/03

3 indicações ao Oscar: Atriz (Samantha Morton), Ator Coadjuvante (Djimon Houson), Roteiro Original

A julgar pelos furiosos trabalhos anteriores do diretor Jim Sheridan a chegar ao grande público – em especial os premiados “Meu pé esquerdo” e “Em nome do pai” – a última coisa que se poderia esperar a seu respeito é que ele fosse realizar um filme como “Terra de sonhos”, uma ode a uma América justamente em um dos momentos mais cruciais de sua auto-estima. Inspirado em fatos reais – em tese ocorridos com a família do próprio diretor, que escreveu o roteiro juntamente com suas filhas Naomi e Kirsten – seu novo filme é uma declaração de amor à família, ao amor e aos EUA enquanto terra das oportunidades

O filme começa com a chegada de uma família irlandesa a Nova York, no início dos anos 80. O aspirante a ator Johnny (o ótimo Paddy Considine) logo arruma emprego como taxista noturno enquanto luta por um lugar ao sol. Sua mulher, Sarah (Samantha Morton, em uma atuação esplêndida, indicada ao Oscar) começa a trabalhar como garçonete e suas duas filhas, Christy e Ariel (as encantadoras irmãs na vida real Sarah e Emma Bolger) não demoram a acostumar-se com a vizinhança, repleta de travestis e traficantes de drogas, apesar de não se darem tão bem assim na escola. A vida cheia de dificuldades da família logo se transforma quando eles ficam amigos do artista plástico Matteo (uma interpretação poderosa de Djimon Hounson, também concorrente ao Oscar), um imigrante africano que sofre de AIDS. Justamente nesse momento, Sarah se descobre grávida novamente, o que pode ajudar seu marido a superar a trágica morte de seu filho pequeno, ocorrida pouco antes de sua chegada à América.



Quando ainda tinha o título de "East of Harlem", o filme de Sheridan tinha como prováveis protagonistas oa ótimos Ewan McGregor e Kate Winslet, mas não há como negar que a escalação de Considine (um ator pouco conhecido pelo grande público) e Morton (revelada por Woody Allen em "Poucas e boas" e que roubou a cena de Tom Cruise em "Minority report, a nova lei") provou-se mais do que acertada. Longe do visual glamouroso de Hollywood, os atores ganham a audiência justamente por serem normais e verossímeis, o que seria bem menos fácil com a inclusão dos conhecidos McGregor e Winslet. Na pele de Johnny e Sarah, Considine e Morton mostram-se entregues, sofridos e esperançosos na medida certa e essa qualidade intangível é que eleva "Terra de sonhos" a um patamar dramático absolutamente fascinante.
  
 Escrito com sensibilidade e exalando carinho e esperança em cada cena, “Terra de sonhos” é um filme para ser assistido com o coração aberto, uma vez que apresenta cenas de grande apelo emocional, sem que apele para cenas desnecessariamente chorosas. A encantadora química que une os atores centrais transforma o que poderia ser um filme comum em uma experiência rica e devastadora, que seduz pela simplicidade e pela poesia de um trabalho inesquecível de um homem contando uma experiência pessoal sem ranços panfletários ou discursivos. Um filme a ser descoberto!

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