segunda-feira

PEIXE GRANDE

PEIXE GRANDE (Big fish, 2003, Columbia Pictures, 125min) Direção: Tim Burton. Roteiro: John August, romance de Daniel Wallace. Fotografia: Philippe Rousselot. Montagem: Chris Lebenzon. Música: Danny Elfman. Figurino: Colleen Atwood. Direção de arte/cenários: Dennis Gassner/Nancy Haigh. Produção executiva: Arne L. Schmit. Produção: Bruce Cohen, Dan Jinks, Richard D. Zanuck. Elenco: Ewan McGregor, Albert Finney, Billy Crudup, Jessica Lange, Alison Lohmann, Danny DeVito, Marion Cottilard, Steve Buscemi, Helena Bonham-Carter. Estreia: 10/12/03

Indicado ao Oscar de Trilha Sonora

Dizem que a paternidade amolece o coração dos homens. E quando se assiste a “Peixe grande” a teoria ganha ainda mais força. Afinal de contas, o novo filme do diretor Tim Burton deixa de lado monstros, assassinos e criaturas bizarras para concentrar-se em uma bela história de amor entre marido e mulher, pai e filho, passado e presente. Tudo bem, o gosto por personagens excêntricos ainda se mantém intocado, mas dessa vez o criador de Edward Mãos de Tesoura pega bem mais leve em sua atração pelos tons sombrios e de humor negro. “Peixe grande” é o primeiro filme de Burton depois do nascimento de seu filho e talvez por isso seja tão delicado ao lidar com os temas que propõe.
    
Baseado em um romance de Daniel Wallace que quase foi filmado por Steven Spielberg com Jack Nicholson no papel central, “Peixe grande” conta duas histórias que se fundem em uma só, tendo como protagonista Edward Bloom, um homem incapaz de levar uma vida monótona. Quando o filme começa ele está à beira da morte (sendo brilhantemente interpretado por Albert Finney) e recebe a visita do filho único, William (Billy Crudup), com quem não tem uma relação das melhores, e que está prestes a também ser pai. Na verdade, o relacionamento entre os dois sempre esteve perto da superficilidade, uma vez que William não consegue aceitar o jeito de ser do pai, capaz de inventar histórias mirabolantes para contar cada momento de sua vida. Sentindo que não conhece a verdade sobre seu progenitor, o rapaz tenta separar o que é delírio e o que realmente aconteceu, contando pra isso com a ajuda da mãe, Sandra (Jessica Lange) e da esposa, a francesa Josephine (Marion Cottilard). Enquanto tenta lidar com a possibilidade da morte dele, William passa a recordar as histórias narradas por seu pai.

 

Mas a verdadeira pérola do filme de Burton – apesar da excelência dos atores que vivem o presente – encontra-se nas histórias contadas por Bloom. É lá, entre os visuais deslumbrantes criados por Dennis Gassner e fotografados por Phillipe Rousselot que está a essência do cineasta. Vivido na juventude por um carismático Ewan McGregor, Edward Bloom cai de amores pela jovem Sandra Templeton (interpretada por Alison Lohman) e vive aventuras inacreditáveis que incluem gêmeas siamesas, um dono de circo que vira lobisomem, um gigante de bom coração, uma cidade abandonada e até mesmo uma bruxa cujo olho de vidro prevê a morte dos interlocutores (vivida pela sra. Tim Burton, Helena Bonham Carter). Dentro do universo extremamente onírico que o cineasta acostumou seu público, são nas sequências da juventude de Bloom que “Peixe grande” deixa transparecer quem é seu capitão, mesmo que dessa vez ele fale mais suavemente à sua platéia.
    
“Peixe grande” é mais uma pequena obra-prima de Tim Burton, capaz de enternecer qualquer coração empedernido com seu belo discurso sobre amor, família, liberdade e principalmente sobre o poder da fantasia em ajudar a suportar a realidade de uma vida comum. Engraçado e terno, é o filme família que o diretor devia desde “Edward Mãos de Tesoura”.

2 comentários:

Hugo disse...

Um dos grandes trabalhos de Tim Burton.

Uma história sensível com personagens cativantes e um visual sensacional.

Abraço

Alan Raspante disse...

Deu vontade de rever!

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