segunda-feira

SABRINA


SABRINA (Sabrina, 1954, Paramount Pictures, 113min) Direção e produção: Billy Wilder. Roteiro: Billy Wilder, Samuel Taylor e Ernest Lehman, baseado na peça teatral "Sabrina fair", de Samuel Taylor. Fotografia: Charles Lang Jr. Montagem: Arthur Schmidt. Música: Friedericj Hollander. Figurino: Edith Head. Elenco: Humphrey Bogart, Audrey Hepburn, William Holden, John Williams, Walter Hampden. Estreia: Outubro de 1954

6 indicações ao Oscar: Diretor (Billy Wilder), Atriz (Audrey Hepburn), Roteiro Adaptado, Fotografia em P&B, Figurino e Direção de arte.
Vencedor do Oscar de Figurino

Vencedor do Golden Globe de Melhor Roteiro

Em 1973 o autor Lauro César Muniz lançou, no horário das 19h da Rede Globo, a novela "Carinhoso", estrelada pela dupla mais popular de então - Regina Duarte e Cláudio Marzo. Apesar do sucesso momentâneo, a novela não ficou na memória dos espectadores (chegou a ser encurtada devido à gravidez de Regina, que deu à luz em 1974 a hoje atriz Gabriela). O que pouca gente deve ter notado na época - e tampouco importa hoje, quando a novela nem mais é lembrada - é que sua trama principal era descaradamente inspirada em "Sabrina", filme de Billy Wilder por sua vez inspirado em uma peça de teatro de Samuel Taylor. Lançado em 1954, o filme foi o trabalho de Audrey Hepburn seguinte a seu Oscar por "A princesa e o plebeu" e comprova seu carisma, talento e classe. Unida a um texto ácido de Wilder (que, ao lado de Ernest Lehman e do próprio autor da peça nunca deixa que seu romantismo caia na vala do piegas ou do lugar-comum), Hepburn mais uma vez brilha em um papel feito sob medida - mas que quase foi parar nas mãos de Lauren Bacall, que era a primeira escolha do ator principal do filme, Humphrey Bogart (não por acaso, seu marido).

Na verdade, o próprio Bogart não foi o primeiro ator escolhido para viver o sério, sisudo e impenetrável Linus Larrabee, um homem que vive do trabalho burocrático nas milionárias empresas da família. Cary Grant foi o primeiro nome a ser cotado para o papel, mas acabou saindo do filme, sendo substituído por um Bogart que não suportava nem Hepburn (a quem considerava má atriz) nem seu colega de cena William Holden (que se apaixonou por Hepburn durante as filmagens, em um romance que terminou quando ela descobriu que ele não queria ter mais filhos).

A Sabrina do título é uma jovem doce, romântica e sonhadora apaixonada por David Larrabee (Holden), um playboy irresponsável, três vezes divorciado e mulherengo. O grande problema dessa paixão é que ele não faz a menor ideia da existência da moça, filha de seu motorista (vivido com delicadeza pelo ótimo John Williams). No início do filme, desiludida de amor, Sabrina pensa em suicídio, mas é impedida por Linus, o irmão mais velho de David, que, conforme dito acima, é sério, sisudo e impenetrável, vivendo em função de números e contratos. Sem esperanças de conquistar o amor de David, Sabrina viaja a Paris para fazer um curso de gastronomia. Dois anos depois, ela retorna ao quarto de empregada onde morava com o pai, mas, belíssima, elegante e cosmopolita, não passa mais incólume ao sedutor David, que se apaixona por ela, arriscando uma negociata de milhares de dólares vinculada a seu iminente casamento com uma socialite. Para impedir que o casal fique junto e estrague os planos milionários da empresa, Linus se aproveita de um pequeno acidente de David para separá-los. O que ele não contava, no entanto, era se apaixonar também por Sabrina.


É impossível negar que o maior mérito de "Sabrina" é o talento enorme de Billy Wilder em transformar até mesmo uma história de amor sem maiores novidades em um filme inesquecível. Apesar da trama do filme não ser das mais geniais ou surpreendentes, seu roteiro esperto e divertido conquista pela sutileza, pelo humor suave e pelo romantismo na medida certa. O timing cômico de Wilder é evidente em pequenos detalhes - em especial nas cenas com o hilário Walter Hampden, como o patriarca Larrabee - mas o cineasta, espertamente, nunca deixa que o romantismo da trama principal deixe de ser o centro do interesse do espectador. Seu uso exemplar do humor serve apenas como um alívio cômico para uma trama quase banal, ainda que contada com tanto zelo e cuidado que chega a arrebatar em seus momentos mais sentimentais.

Uma das críticas mais frequentes a "Sabrina" é o fato de Humphrey Bogart ser muito mais velho do que Hepburn, e realmente a química entre os dois não é das mais fascinantes. No entanto, é fácil acreditar no amor que nasce entre os dois, em parte devido ao talento dos dois atores, em parte devido ao clima proporcionado pela bela fotografia de Charles Lang Jr. (indicada ao Oscar). A trilha sonora (que inclui a própria atriz entoando uma versão de "La vie en rose") colabora com o ritmo suave que envolve o espectador sem exigir dele mais do que o desejo de ser entretido com categoria e inteligência.

Mas, sem sombra de dúvida, além do roteiro eficaz, do clima contagiante e do elenco de astros, o que sobressai de "Sabrina" é Audrey Hepburn. Pelo seu talento e pela sua postura elegante (apesar do Oscar de figurino ter ficado nas mãos de Edith Head as roupas usadas pela atriz são do estilista Givenchy - que confundiu-a primeiramente com Katharine Hepburn e depois tornou-se grande amigo e colaborador), Audrey é o rosto e a alma do filme. Tanto sua estampa tornou-se a imagem máxima do filme que, quando Sydney Pollack fez um desnecessário remake do filme, em 1995, colocou a sem-sal Julia Ormond no papel-título e amargou um merecido fracasso. "Sabrina" É Audrey Hepburn.

2 comentários:

Alan Raspante disse...

Ahh eu assisti SABRINA e acabo de escrever sobre ela para postar em meu blog. É simplesmente incrível !
Audrey é magnífica !

Aline disse...

SABRINA É AUDREY HEPBURN - AMÉM!

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