sexta-feira

A FIRMA


A FIRMA (The firm, 1993, Paramount Pictures, 154min) Direção: Sydney Pollack. Roteiro: David Rabe, Robert Towne, David Rayfiel, romance de John Grisham. Fotografia: John Seale. Montagem: Fredric Steinkamp, William Steinkamp. Música: Dave Grusin. Figurino: Ruth Myers. Direção de arte/cenários: Richard Macdonald/Casey Hallenbeck. Produção executiva: Lindsay Doran, Michael Hausman. Produção: John Davis, Sydney Pollack, Scott Rudin. Elenco: Tom Cruise, Jeanne Tripplehorne, Gene Hackman, Hal Holbrook, Ed Harris, Holly Hunter, Gary Busey, David Strathairn, Tobin Bell. Estreia: 30/6/93

2 indicações ao Oscar: Atriz Coadjuvante (Holly Hunter), Trilha Sonora Original

No início da década de 90, nenhum nome era mais quente dentro da literatura americana fast-food do que John Grisham. Advogado de formação, ele frequentava as listas dos mais vendidos com seus livros que versavam, basicamente, sobre os meandros da lei, sempre protagonizados por seus colegas de profissão, invariavelmente idealistas e heróicos. Escritas com uma prosa fluente e com um ritmo invejável, suas obras imploravam por adaptações cinematográficas e não demorou muito para que logo ele se tornasse mania entre os produtores de Hollywood. Quem saiu na frente foi Sydney Pollack, com a adaptação de "A firma", seu primeiro romance. Como era esperado, a bilheteria não decepcionou: com os nomes de Grisham e do astro Tom Cruise enfeitando o cartaz, o filme rendeu quase 160 milhões de dólares no mercado americano, comprovando o poder de Cruise, no auge de sua popularidade.

É impossível negar que, mesmo sendo Grisham um escritor extremamente popular junto ao público ianque - e por que não, internacional - foi o nome de Tom Cruise o maior responsável pelo enorme sucesso de "A firma". Em uma fase dourada de sua carreira, o ator emendava um êxito comercial atrás do outro e teve a sorte de encontrar uma personagem adequada à sua persona. Coincidentemente ou não, foi seu segundo papel de advogado consecutivo, depois do igualmente bem-sucedido "Questão de honra" e, mais uma vez, não compromete o resultado final, apresentando um trabalho correto, ainda que longe de brilhante.



Cruise interpreta Mitch McDeere, um jovem advogado recém-formado e ambicioso que recebe a proposta irrecusável de uma firma tradicional da cidade de Memphis. Deslumbrado com as inúmeras possibilidades que o emprego lhe proporcionará, ele se muda com a esposa, a professora primária Abby (a fraca Jeanne Trippelhorne) para uma casa de sonhos, com um carrão na garagem e um salário muito maior do que esperava, além do apoio dos colegas de trabalho, que logo lhe deixam bem claras algumas regras da tal firma. Conservadora, ela "apóia" casamentos estáveis e famílias numerosas, além de exigir também uma reputação ilibada de seus empregados. Por esse motivo, Mitch esconde que tem um irmão presidiário, Ray (David Strathairn) e tenta manter reserva a respeito de sua vida pessoal. As coisas começam a ficar estranhas, porém, quando dois associados da empresa morrem em um acidente de barco e o misterioso Wayne Terrance (Ed Harris) passa a assediá-lo: agente do FBI, ele revela a Mitch que a firma tem ligações com a Máfia. Cabe ao jovem decidir, então, se aceita ajudar a polícia a condenar seus colegas de trabalho.

Capaz de transitar entre diversos gêneros - ele assinou o romântico "Nosso amor de ontem", a comédia "Tootsie" e o épico oscarizado "Entre dois amores", apenas para citar os mais conhecidos - Sydney Pollack fez de "A firma" um filme elegante, um suspense à moda antiga, que caminha em seu próprio ritmo sem jamais aborrecer o espectador - ao menos aquele que prefere uma história bem contada do que correrias desvairadas. As personagens coadjuvantes criadas por Grisham encontram, no elenco escolhido por Pollack (que tem um talento óbvio para tal), representações perfeitas, incluindo aí um desaparecido Gary Busey. Gene Hackman, por exemplo, encontra o tom exato entre o poder e a solidão de seu Avery Tolar, o mentor do protagonista dentro da firma, e Holly Hunter recebeu uma indicação ao Oscar de coadjuvante - no mesmo ano em que foi premiada na categoria principal, por "O piano" - por seu trabalho impecável como Tammy, uma secretária vulgar mas bastante esperta que ajuda McDeere em sua luta: suas cenas somadas não chegam a seis minutos de projeção, mas ela é, sem dúvida, o maior destaque feminino do filme, uma vez que Jeanne Tripplehorn, na pele de Abby McDeere, mostra toda sua fragilidade como atriz.

O ritmo de "A firma", definitivamente, não é dos mais alucinantes. Em alguns momentos, chega a ser bastante lento, uma característica de seu diretor. Mas jamais deixa que a história que conta seja pouco interessante, ou previsível. É, como dito antes, um filme elegante, realizado com um cuidado e interpretado por um elenco de atores populares e talentosos. Um entretenimento acima da média e inteligente como poucos que prezam por sua bilheteria. Um bom começo para as adaptações de John Grisham.

3 comentários:

Hugo disse...

Assisti vários dos filmes baseados em Grisham e gostei mais de "Tempo de Matar". Este "A Firma" também é interessante e tem bom ritmo, mas sofre do mesmo problemas destas adaptações, falta climax.

Fico sempre com a impressão de que as histórias de Grisham terminam incompletas, sempre faltando algo.

Abraço

@binhabahia disse...

Nossa Hugo falou tudo agora!! tambem tenho essa impressão!

renatocinema disse...

Não é nenhuma obra-prima. Mas, agrada.

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