Escolher um único filme para representar todo o meu amor pelo cinema é um desafio e tanto. Afinal, mais de meio século de produções arrepiantes me tiraram da realidade (ou me fizeram vê-la de maneira mais poetica). Sendo assim, fui obrigado a deixar de lado épicos românticos ("E o vento levou"), sagas violentas ("O poderoso chefão") e musicais coloridos ("Moulin Rouge") para escolher um drama despretensioso que me acompanha desde meus tenros 16 anos de idade (sim, eu o assisto no mínimo uma vez por ano... e choro sempre!)
"Sociedade dos poetas mortos" não é um filme caro, mas pegou todo mundo de surpresa quando tornou-se um dos grandes sucessos de bilheteria do outono americano de 1989. Não tem violência (ao menos não física), não tem nudez (não se pode considerar nudez os pensamentos lúbricos de Charlie Dalton, vivido por Gale Hansen) nem utiliza a adrenalina como elemento de atração para a audiência. Ele fala de sonhos, de esperança, de amizade, de poesia. Ele destrói o equilíbrio emocional de qualquer um que tenha sentimentos. Mas ele é, acima de tudo, cinema do mais alto gabarito. A direção do australiano Peter Weir é primorosa, delicada, profunda. A fotografia de John Seale é deslumbrante e a trilha sonora de Maurice Jarre conquista pela força crescente. O elenco juvenil que circunda Robin Williams no melhor momento de sua carreira é espetacular (incluindo um principiante Ethan Hawke). Mas é o roteiro de Tom Schulman, premiado merecidamente com o Oscar da categoria, que ultrapassa todos os níveis de qualidade e inteligência. Colocar na mesma mistura Thoreau, Shakespeare, Yeats e a busca pela liberdade de pensamento e os perigos do conformismo não é qualquer um que faz com tanta beleza...
Talvez "Sociedade dos poetas mortos" não tenha para a adolescência de hoje o mesmo impacto que teve sobre mim há tanto tempo. Mas jamais consigo não me emocionar na última cena, quando John Keating (Williams) está abandonando sua sala de aula e vê que tudo que ensinou não foi absolutamente em vão. Desculpe, Scarlett O'Hara. Desculpe, Don Corleone. Mas meu coração falou mais alto.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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3 comentários:
Pra mim foi uma surpresa, não imaginava que você colocaria Sociedade dos poetas mortos. Gosto bastante do filme também, mas não chega a ser o meu favorito deste modo, mas gostei da escolha!
Adoro esse filme tb..e adoro o jeito como vc escreve
esse filme tbm me marcou bastante. a ponto de quase decorar as falas... faz tempo q nao assisto.
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