quinta-feira

UM MÊS, 31 FILMES - DIA 05 - ATRIZ E ATOR PREFERIDOS

Eis que chega a hora de uma pequena trapaça que certamente será perdoada pelos leitores. Afinal, em um universo de tantos e tão talentosos atores, como seria possível para mim escolher apenas um de cada sexo? Para não sair tanto da proposta me limitei a escolher os nomes seguindo um único criterio um casal do cinema clássico (ou eterno, como podem dizer os mais românticos) e um casal contemporâneo. Acho que assim talvez seja um bocadinho mais justo.

ATOR

MONTGOMERY CLIFT



O cinema clássico hollywoodiano foi pródigo em fabricar astros e galãs, e exigir deles comportamentos que não abalassem a imagem que o público queria ver deles. Para o bem do cinema como forma de arte, alguns nomes conseguiram mostrar que, debaixo do verniz imposto pelo star system havia um grande talento. Foi o que aconteceu com Montgomery Clift. Dono de uma beleza clássica que encantou Elizabeth Taylor (que foi sua amiga até que ele morrese, aos 45 anos de idade, em 1966) e o público de todos os sexos, Clift não apenas foi um galã romântico como queriam os produtores, mas também um ator de tipos intensos e filmes que exigiam mais da audiência do que os tradicionais melodramas da época. Quando viveu George Eastman, o torturado protagonista de "Um lugar ao sol" (seu melhor filme e sua melhor atuação, que lhe garantiu sua segunda indicação ao Oscar de melhor ator), ele já não era um novato. Havia contracenado com John Wayne em "Rio vermelho" e servido de galã para Olivia de Havilland ganhar seu Oscar em "Tarde demais" (além de ter sido indicado logo em sua estreia, em "The search"). Foi durante as filmagens da adaptação feita por George Stevens do romance "Uma tragedia americana", de Theodore Dreise que ele conheceu Liz Taylor, com quem viveu uma relação de forte amizade mesmo em seus piores momentos - momentos esses que incluem um trágico acidente automobilístico e dependência alcóolica e a polêmica adaptação de "De repente, no último verão". Indicado ao Oscar ainda em outras duas ocasiões, ambas como coadjuvante - por "A um passo da eternidade" (1951) e "Julgamento em Nuremberg" (1961) - Clift ainda brilhou como o pai da psicanálise em "Freud, além da alma" (1962) e como um cowboy tardio no crepuscular "Os desajustados" (1961), os dois dirigidos por John Huston. Em todas as suas atuações, sempre foi mais um ator do que um astro. Faz falta! E foi homenageado pela banda R.E.M. na bela "Monty got a raw deal". do álbum "Automatic for the people", de 1999. Michael Stipe sabe o que é bom!

SEAN PENN



E quem diria que, por debaixo da truculência mostrada na juventude - quando espancava fotógrafos e a própria esposa, Madonna - existe uma sensibilidade tão grande? Aos 51 anos, o ex-enfant terrible Sean Penn é um respeitado ator vencedor de 2 Oscar, capaz de performances poderosas de tipos tão díspares quanto um doente mental, um político homossexual, um advogado cocainômano e homens absolutamente comuns envolvidos em circunstâncias extremas. E além de tudo, é politicamente ativo e um cineasta de extremo talento. Que o diga todo mundo que saiu aos prantos do belíssimo "Na natureza selvagem", de 2007.

O primeiro filme de Penn foi lançado em 1981, quando ele tinha meros 21 aninhos. Em "Toque de recolher", ele atou ao lado de um desconhecido Tom Cruise e já demonstrava uma certa predileção por personagens marginalizados e rebeldes, tipo que defendeu ainda em filmes como "Caminhos violentos" (1986) - onde viveu o filho de Christopher Walken - "As cores da violência" (1988) - que tratava do fenômeno das gangues nas ruas de Los Angeles - e "Pecados de guerra" (1989), de Brian de Palma, no papel de um soldado americano que lidera o estupro e o assassinato de uma jovem vietnamita. O final do casamento com Madonna fez muito bem a ele (e a ela, vide seu imenso sucesso nos anos 90). Em 1993 criou um inesquecível David Kleinfeld em "O pagamento final", ao lado de Al Pacino e em 1995 foi indicado pela primeira vez ao Oscar por seu impecável trabalho em "Os últimos passos de um homem".  Depois disso, atuou sob o comando de Oliver Stone ("Reviravolta"), David Fincher ("Vidas em jogo"), Terrence Mallick ("Além da linha vermelha" e o recente "A árvore da vida") e Woody Allen, que o dirigiu em "Poucas e boas" (que lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar). A estatuta (a primeira) veio por sua atuação em "Sobre meninos e lobos", um trabalho delicado e que provou à audiência que ali estava um ator completo. Antes da segunda estatueta - no papel título de "Milk, a voz da igualdade" (2008) - ele ainda conseguiu emocionar a plateia como um homem que recebe um transplante de coração no tenso "21 gramas", de Alejandro Gonzalez Iñarritu.

Sean Penn some dentro das personagens que interpreta. E não é isso que faz de um ator alguém acima do corriqueiro?

ATRIZ

BETTE DAVIS

 

Um olhar diz mais que mil palavras...

MERYL STREEP



E vamos combinar que já está muito mais do que na hora de Meryl Streep subir ao palco e receber um novo Oscar? A estatueta (merecidíssima) que ela levou por "A escolha de Sofia" já deve estar esmaecida (e nem vou falar da recebida por "Kramer vs Kramer" de um longínquo 1979). De 1982 pra cá Streep já nos brindou com dezenas de atuações impecáveis, nos fazendo chorar aos soluços ("As pontes de Madison", "As horas"), rir ("Ela é o diabo", "A morte lhe cai bem", "O diabo veste Prada"), cantar ("Mamma Mia") e a desprezá-la ("O suspeito", "Sob o domínio do mal", "Dúvida"). E sempre, sempre, ficamos a nos questionar o que mais ela poderá oferecer em um próximo papel? Agora ela é Margaret Tatcher em "A dama de ferro" e oremos para que a Academia lhe faça justiça.  Afinal de contas, seria preciso um caminhão de estatuetas para premiar cada magnifício trabalho com que a maior atriz americana em atividade nos brindou. Salve, Meryl!

3 comentários:

Alan Raspante disse...

Não sabia que gostava tanto assim de Montgomery. Gosto bastante dele e ele está mais do que espetacular em Um Lugar ao sol. Resumiu muito bem a diva Bette Davis, e pocha, Streep? Realmente você ganhou o meu coração!

Equipe Cinema Detalhado disse...

Gosto da Meryl também...esse ano estou na torcida por ela!

Anônimo disse...

Como se não bastasse uma Excelente Seleção dos melhores atores e atrizes. Ainda escreveu textos brilhantes. Meryl ao Oscar!

VAMPIROS DO DESERTO

VAMPIROS DO DESERTO (The forsaken, 2001, Screen Gems/Sandstorm Films, 90min) Direção e roteiro: J. S. Cardone. Fotografia: Steven Bernstein...