terça-feira

IDENTIDADE

IDENTIDADE (Identity, 2003, Columbia Pictures, 90min) Direção: James Mangold. Roteiro: Michael Cooney. Fotografia: Phedon Papamichael. Montagem: David Brenner. Música: Alan Silvestri. Figurino: Ariane Phillips. Direção de arte/cenários: Mark Friedberg/Cindy Carr. Produção executiva: Stuart Besser. Produção: Cathy Konrad. Elenco: John Cusack, Ray Liotta, Amanda Peet, Rebecca de Mornay, John Hawkes, Alfred Molina, Clea DuVall, John C. McGinley, William Lee Scott, Jake Busey. Estreia: 25/4/03

Como fazer para transformar o que potencialmente seria mais um filme de terror ao estilo da série “Pânico”, em que pessoas morrem violentamente atacadas por um assassino misterioso, em um produto com alcance mais amplo – ou seja, um público acima de 16 anos, que normalmente lota esse tipo de produção? A resposta parece vir em “Identidade”, que, a mortes bem encenadas e um clima de puro suspense, acrescenta um elenco interessante e um roteiro que foge das resoluções fáceis que são o tiro de misericórdia do gênero.

As escolhas não óbvias de “Identidade” já começam pela escalação de seus atores. Liderando uma equipe de bons atores – ao contrário do pastiches de terror recheado de adolescentes sarados e sem conteúdo dramático – está o sempre confiável John Cusack. Na pele de Edward, o chofer de Caroline Suzanne (Rebecca de Mornay, em uma atuação auto-paródica), uma atriz decadente atrás de um novo sucesso, ele mantém a discrição, deixando que a trama, forte e assutadora o bastante, seja o principal elemento de atenção do filme. No roteiro bem orquestrado de Michael Cooney, ele e sua patroa são obrigados a parar em um hotel de beira de estrada durante uma tempestade que não arrefece. No hotel, eles travam conhecimento com um grupo de pessoas bastante diferentes em si: estão lá um jovem casal recém-casado, Giny e Louis (Cléa Duvall e William Lee Scott), a prostituta Paris (Amanda Peet), o gerente falastrão Larry (John Hawkes), um policial escoltando um criminoso (Ray Liotta e Gary Busey) e uma família cuja mãe está ferida devido a um acidente automobilístico na estrada (John C. McGinley, Leila Kenzle e o garoto Bret Loher). Presos no hotel por causa do mau tempo, eles começam a morrer misteriosamente, enquanto passam a descobrir que na verdade podem não estar ali reunidos por coincidência.

 

A atmosfera de “Identidade”, que busca surpreender a plateia não com mortes criativas e sim com viradas realmente empolgantes, é em boa parte cortesia de um visual úmido criado com cuidado pelo diretor James Mangold, que a julgar por seu currículo – ele dirigiu também o drama “Garota, interrompida” e o romance “Kate & Leopold” – transita facilmente entre os mais variados gêneros. E a criação de uma misteriosa trama paralela – onde um assassino condenado à morte (vivido pelo sempre assustador Pruitt Taylor Vince) tenta provar sua insanidade para escapar da execução – apenas soma ainda mais à tensão já existente, uma vez que tentar adivinhar como essa história aparentemente desconexa tem ligação à principal é outro exercício a que a complexa narrativa obriga a plateia, que chega aos créditos finais agradecida por ter sido tratada com um mínimo de inteligência sem que os padrões estéticos do gênero tenham sido agredidos.

Aliás, o respeito com que Mangold trata o gênero suspense é uma das maiores qualidades de "Identidade". Mesmo que seja mais inteligente do que a média, o filme não tem medo de abusar dos clichês, mas sempre tratando-os com cuidado e prendendo a atenção do público. Se a presença de John Cusack no elenco pode sugerir que ele é o herói da trama (o que não é exatamente verdade, uma vez que não há personagens 100% puros na história), o roteiro consegue surpreender com uma reviravolta bastante surpreendente (e que dá espaço para um final impactante mas um tanto forçado). Em "Identidade" nada é exatamente o que parece. E isso é que faz dele um produto capaz de agradar aos fãs do gênero e a quem gosta de um bom entretenimento.

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