ALIADOS
(Allied, 2016, Paramount Pictures, 127min) Direção: Robert Zemeckis.
Roteiro: Steven Knight. Fotografia: Don Burgess. Montagem: Mick Audsley,
Jeremiah O'Driscoll. Música: Alan Silvestri. Figurino: Joanna Johnston.
Direção de arte/cenários: Gary Freeman/Raffaella Giovanetti. Produção
executiva: Steven Knight, Jacqueline Levine, Patrick McCormick, Denis
O'Sullivan, Jack Rapke. Produção: Graham King, Steve Starkey, Robert
Zemeckis. Elenco: Brad Pitt, Marion Cottilard, Matthew Goode, Jared
Harris. Estreia: 13/11/16
Indicado ao Oscar de Figurino
Talvez
tenha sido a expectativa gerada em torno da união de três grandes nomes
de Hollywood no projeto. Talvez tenha sido o excesso de boatos a
respeito dos bastidores, que insistiam em um rumoroso caso extraconjugal
entre os atores principais. Ou talvez tenha sido a estratégia de
lançamento justamente na época do ano em que chegam aos cinemas os
filmes que irão disputar as principais indicações ao Oscar. O fato é que
"Aliados", uma caprichada produção de época, passada durante a II
Guerra Mundial, que mistura ação, suspense e romance em doses
homeopáticas, dirigida por Robert Zemeckis e estrelada por Brad Pitt e
Marion Cottilard naufragou nas bilheterias americanas: com um custo
estimado em 85 milhões de dólares, rendeu pouco mais de 40 milhões no
mercado doméstico (EUA e Canadá) e nem mesmo chegou a ser lembrado pela
Academia, arrebatando uma solitária indicação ao Oscar de melhor
figurino. Porém, seu relativo fracasso de bilheteria (a renda
internacional ajudou a chegar aos 100 milhões de faturamento) não
reflete as qualidades do filme, que, mesmo estando aquém do talento dos
envolvidos, é um thriller romântico acima da média, que peca apenas por
não apresentar nenhuma novidade ao gênero ou surpreender o espectador.
Assim
como o clássico dirigido por Michael Curtiz e estrelado por Humphrey
Bogart e Ingrid Bergman em 1942, "Aliados" começa sua trama em
Casablanca, no Marrocos. É lá que o Comandante Max Vatan, integrante da
resistência canadense na II Guerra Mundial, chega para cumprir uma
missão imposta por seus superiores: encontrar a francesa Marianne
Beauséjour e, junto com ela, assassinar o embaixador alemão no país.
Para isso, eles precisam fingir ser casados, e não demora para que,
solteiros e atraentes, eles acabem por se apaixonar de verdade depois da
convivência forçada. Logo após o sucesso de sua missão, eles se casam
e, resolvidos a formar uma família, vão morar na Inglaterra, onde passam
a viver uma vida tranquila ao lado da filha pequena. Tal paz se mostra
frágil, no entanto, quando Max é informado que sua mulher é, na verdade,
uma espiã nazista que matou a verdadeira Marianne e assumiu sua
identidade. Sem acreditar na verdade - mas abalado a ponto da dúvida -
ele passa a investigar o passado da mulher que ama, na tentativa de
provar sua inocência. No caminho, ele encontra como principal fonte de
informações um antigo companheiro de Marianne, Guy Sangster (Matthew
Goode), que vive preso a uma cadeira de rodas com o rosto desfigurado.
Com
uma ambientação sofisticada e um cuidado extremo no visual - cortesia
da fotografia climática de Don Burgess, habitual parceiro de Zemeckis -
"Aliados" ganha muitos pontos por sua semelhança com os grandes
clássicos produzidos em Hollywood nas décadas de 30 e 40. Amparado por
um tom que dialoga diretamente com grandes filmes do passado, o roteiro
de Steven Knight - indicado ao Oscar pelo script de "Coisas belas e
sujas" (2003) - acerta quando direciona seu foco para as investigações
de Vatan e as intrigas relacionadas à guerra, mas falha em seu ponto
crucial: o relacionamento entre o casal de protagonistas. Apesar das
fofocas que insistiam em colocar Marion Cottilard como pivô da separação
de Brad Pitt e Angelina Jolie, sua química com o colega de cena nunca
chega a esquentar a tela com cenas mais intensas (sejam elas de sexo ou
de romance puro e simples). Essa falta de combustão acaba por ser um
defeito mortal para as intenções do filme: sem acreditar totalmente no
amor de Max por Marianne, como acreditar em tudo que ele faz para provar
sua inocência?
Justiça seja feita: "Aliados" não é um
filme ruim. É plasticamente impecável, dirigido com precisão e com uma
dupla de atores extremamente talentosos - e da qual sobressai-se a
impressionante naturalidade de Marion Cottilard em interpretar
absolutamente qualquer papel. O problema é, definitivamente, a total
falta de surpresas do roteiro. Até mesmo a reviravolta final soa
deslocada e sem muito sentido, como se estivesse sendo tirada da cartola para caber na receita para um filme de sucesso. Os fãs do casal central não terão do que reclamar, mas não deixa de ser um tanto decepcionante ver tantos bons elementos misturados de forma tão mecânica e sem inspiração. Vale como passatempo, mas jamais será um filme inesquecível.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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