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9 1/2 SEMANAS DE AMOR


9 1/2 SEMANAS DE AMOR (9 1/2 weeks, 1986, MGM Pictures, 112min) Direção: Adrian Lyne. Roteiro: Sarah Kernochan, Zalman King, Patricia Louisianna Knop, romance de Elizabeth McNeill. Fotografia: Peter Biziou. Montagem: Caroline Biggerstaff, Ed Hansen, Tom Rolf, Mark Winitsky. Música: Jack Nitzsche. Figurino: Bobbie Read. Direção de arte/cenários: Ken Davis/Christian Kelly. Casting: Nan Dutton, Vicki Huff, Mary Jo Slater, Lynn Stalmaster. Produção executiva: Keith Barish, Frank Konigsberg. Produção: Mark Damon, Sidney Kimmel, Zalman King, Antony Rufus-Isaacs. Elenco: Mickey Rourke, Kim Basinger, Margaret Whitton, David Margulies, Christine Baranski, Karen Young. Estreia: 21/02/86

Adrian Lyne é um cineasta que, a julgar por seus filmes, dispensa um bom roteiro se puder contar com um visual interessante. Exemplo disso é "9 1/2 semanas de amor", um dos filmes ícones dos anos 80, que foi um fracasso de bilheteria nos EUA, mas virou cult no resto do mundo, deflagrando o que convencionou-se chamar de “estética de videoclip”, da qual também fazem parte produtos como “Top Gun, ases indomáveis” e “Flashdance, em ritmo de embalo”, este último sintomaticamente comandado pelo mesmo Adrian Lyne.

Na verdade, o fracasso comercial do filme justifica-se plenamente pela fragilidade do roteiro, inspirado em um livro desconhecido de Elizabeth McNeill, que parte de uma premissa quase inacreditável e segue sem rumo certo por duas horas de projeção. Se não vejamos: a bela e sexy Elizabeth (homônima da autora do livro, o que de certa forma sugere um alter-ego mal disfarçado) trabalha numa galeria de arte – uma profissão “cool” - e, tirando seu ex-marido, que ela deselegantemente passa para uma colega, tem uma vida sexual bem pobrezinha. Um dia ela encontra na rua com o misterioso e charmoso John (Mickey Rourke, ainda em forma e em vias de transformar-se em promessa de astro). Depois de relutar um pouco – bem pouco, na verdade – ela acaba entregando-se em uma relação baseada em puro sexo e submissão. Aos poucos, no entanto, ela começa a temer por sua segurança física e emocional, uma vez que seu amante não lhe dá nenhum tipo de segurança fora dos domínios sexuais.


E a história resume-se a isso. Entre as – justiça seja feita – extremamente bem fotografadas e excitantes cenas de sexo, o casal não parece, em momento algum, personagens de um filme romântico e sim de um pornô light e com ambições à clássico. Kim Basinger, que não está particularmente bonita e Mickey Rourke têm uma química invejável, apesar dos boatos de que não se suportaram durante as filmagens - o ator preferia Isabella Rosselini para o papel e nunca fez questão de esconder a preferência. Também não ajudou em nada o fato de Lyne proibir os dois de se falaram fora dos sets de filmagem - se bem que, a julgar pela declaração de Basinger de que beijar Rourke causava a mesma sensação de levar um cinzeiro aos lábios nem mesmo os dois atores faziam questão de um relacionamento social...

Mas a definição de que é um filme que analisa os limites da sexualidade da mulher é balela. Nem adiantou Lyne tentar profundidades subliminares como vestir Elizabeth de roupas escuras quando encontra John, em oposição a suas roupas claras nas outras cenas. O que fica depois de uma sessão de “9 ½ semanas de amor” são as lembranças de sua adequada trilha sonora e de duas ou três cenas quentes e bem coreografadas. Não é muito para um filme que fez a cabeça de muitos casais de sua época. Mas provavelmente os fãs não estão nem aí pra isso...

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