Cinebiografias de astros e estrelas da música são constantes no mercado internacional, mas eram quase inexistentes no cinema brasileiro. Por isso não deixa de ser louvável a realização de "Cazuza, o tempo não para", que conta a brilhante trajetória do cantor e compositor carioca que morreu de AIDS aos 32 anos.,, em 1990, no auge da criatividade e popularidade. Baseado livremente no livro "Só as mães são felizes", co-escrito pela mãe do cantor, Lucinha Araújo e pela jornalista Regina Echeverria, o filme, dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho (ele um dos maiores diretores de fotografia do cinema brazuca) faz, em hora e meia de projeção, uma merecidíssima homenagem ao artista, mas acaba se perdendo, em alguns momentos, em um roteiro bastante superficial.
Vivido por um inacreditável Daniel de Oliveira, Cazuza era o filho único de um executivo da indústria musical, João Araújo (Reginaldo Faria) e de uma dona-de-casa que vez ou outra cantava para os amigos, Lucinha Araújo (a sempre espetacular Marieta Severo). Rebelde, bissexual, chegado em farras com álcool e drogas, ele liderou a banda de rock Barão Vermelho e justamente quando atingiu a fama, resolveu tentar uma carreira-solo que coincidiu com a descoberta de sua doença fatal. O filme acompanha sua trajetória e mostra sua amizade e parceria com o roqueiro Frejat (Cadu Fávero) e com o empresário Ezequiel Neves (em um afetado trabalho de Emilio de Mello), dando prioridade a seu período de intensa criação artística.
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Na verdade o problema maior do roteiro do filme é a superficialidade com que trata de algumas personagens, que entram e saem de cena sem maiores especificações, além da omissão de passagens importantes da vida do cantor - seu relacionamento pessoal e profissional com Ney Matogrosso, por exemplo, não é sequer mencionado, apesar de ter sido vital para sua carreira - e nem mesmo sua relação com a mãe, tema central do livro que inspirou o filme é explorada a contento. Essa falha crucial enfraquece o resultado final, mesmo que a intenção do projeto tenha sido focar-se principalmente na obra musical de Cazuza. E quanto a isso, justiça seja feita, não tem erro. Mais do que uma simples trilha sonora, a música do cantor é uma personagem a mais, e das mais importantes.
Os números musicais que permeiam o filme comentam a ação sem em momento algum atrapalhar a narrativa - mesmo porque o projeto é quase um presente aos fãs. Canções emblemáticas da trajetória do cantor em carreira-solo ou ainda na companhia do grupo Barão Vermelho desfilam pela tela em apresentações vívidas e reproduzidas com a maior perfeição possível, principalmente graças à maior qualidade do filme: o ator Daniel de Oliveira. Pouco conhecido do público à época das filmagens, o jovem mineiro praticamente incorpora o protagonista, em uma atuação que surpreende pela garra e pela dedicação. Mesmo com os óbvios problemas de roteiro, Daniel paira acima de tudo, em uma interpretação antológica e impecável que deixaria o próprio Cazuza extremamente orgulhoso.
3 comentários:
Diferente do que afirmam por ai, trata-se de um belo filme.
http://eaicinefilocadevoce.blogspot.com.br/
A interpretação de Daniel Oliveira é perfeita.
Abraço
gran película.
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