quinta-feira

ANTES DO PÔR-DO-SOL


ANTES DO PÔR-DO-SOL (Before sunset, 2004, Warner Bros, 80min) Direção: Richard Linklater. Roteiro: Richard Linklater, Kim Krizan, Julie Delpy, Ethan Hawke. Fotografia: Lee Daniel. Montagem: Sandra Adair. Figurino: Thierry Delettre. Direção de arte: Baptiste Glaymann. Produção executiva: John Sloss. Produção: Richard Linklater, Anne Walker-McBay. Elenco: Ethan Hawke, Julie Delpy. Estreia: 10/02/04 (Festival de Berlim)

Indicado ao Oscar de Roteiro Adaptado

Em 1995, o cineasta Richard Linklater encantou o público romântico com um dos mais belos e simples filmes sobre a amor desinteressado. Cultuado desde então, "Antes do amanhecer" - um trabalho delicado e desprovido de quaisquer artifícios ocos para buscar bilheterias monstruosas - pedia por uma continuação, não tanto pelo fato de ter acabado em aberto, mas pelo interesse demonstrado pela audiência por seus fascinantes protagonistas. E pelo jeito não apenas a audiência se apaixonou pelo casal central: quase dez anos depois da estreia do primeiro filme, "Antes do pôr-do-sol" chegou às telas de cinema cercado de expectativa. Quando os créditos finais sobem, a plateia respira aliviada - não apenas o segundo capítulo respeita ao máximo as qualidades do primeiro como as expande: o reencontro entre Jesse e Celine é de provocar faíscas.

Pra quem não sabe, tudo começa em 1995, quando o americano Jesse (Ethan Hawke) e a francesa Celine (Julie Delpy) se encontram durante uma viagem de trem. Passam juntos uma noite toda em Viena, conversam, se conhecem melhor e como não poderia deixar de ser, se apaixonam perdidamente. Na hora da triste despedida, combinam um novo encontro para dali a seis meses. O filme acaba (e o cineasta e roteirista Linklater assume que o final era uma espécie de teste para julgar o otimismo ou não da plateia). Quando "Antes do pôr-do-sol" começa, nove anos se passaram desde que a dupla se despediu. O reencontro não aconteceu e Jesse não é mais o rapaz despreocupado que viajava pela Europa por prazer. Casado e pai de um filho, ele é um escritor que está em Paris para lançar seu livro, que conta a história da noite que passou na capital austríaca e que lhe fez conhecer o amor. Na livraria onde ele está promovendo sua obra, ele reencontra Celine, que também já não é mais uma garota romântica e sonhadora. Aos 33 anos, ela está desiludida com o amor, trabalha em uma ONG ecológica e, depois de ter passado um tempo nos EUA, voltou à França para seguir sua vida. Os dois voltam a conversar, a mágica retorna e eles tem pouco menos de uma hora e meia (o tempo disponível antes do voo de Jesse à América) para encontrar onde colocar o desejo que quase uma década de saudade e distância criaram.


"Antes do pôr-do-sol" não é um filme para qualquer um. Faz-se imprescindível que se tenha assistido a seu irmão mais velho, até mesmo para comparar o que o tempo faz não apenas com as personagens (cruelmente verossímeis) mas também com os atores. Enquanto Hawke está nitidamente mais envelhecido e sem a graça e o charme da juventude, Delpy está cada vez mais deslumbrante, carismática e melhor ainda, mais talentosa. Sua explosão de sentimentos dentro do carro, em uma das melhores cenas do filme, emociona como poucas dentro do universo dos dramas românticos endereçados a um público mais jovem. E além do mais, o roteiro (indicado ao Oscar e escrito pelo diretor e pela dupla de atores) não busca a simpatia e a comunicação fácil. São pouco mais de 70 minutos em que as personagens apenas conversam, passeiam por Paris, discutem política, sociedade, sonhos desfeitos, ilusões assassinadas e voltam a se apaixonar. Nem uma única explosão, nem sombra de efeitos especiais. Simples e tocante como a vida real. E que venha um terceiro capítulo.

Um comentário:

Película Criativa disse...

Filme lindo! Um dos melhores casais do cinema.

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