segunda-feira

KILL BILL, V. 2


KILL BILL, V.2 (Kill Bill, v.2, 2004, Miramax Films, 136min) Direção: Quentin Tarantino. Roteiro: Quentin Tarantino, personagens criadas por Quentin Tarantino, Uma Thurman. Fotografia: Robert Richardson. Montagem: Sally Menke. Música: Robert Rodriguez. Figurino: Kumiko Ogawa, Catherine Marie Thomas. Direção de arte/cenários: David Wasco/Sandy Reynolds-Wasco. Produção executiva: Erica Steinberg, E. Benneth Walsh, Bob Weinstein, Harvey Weinstein. Produção: Lawrence Bender. Elenco: Uma Thurman, David Carradine, Daryl Hannah, Michael Madsen, Chia Hui Liu. Estreia: 16/4/04

Foram seis meses de uma espera exasperante por parte dos fãs e da crítica, e o segundo volume da saga da Noiva (Uma Thurman) em busca de vingança por sua quase morte estreou nos EUA cercado pela expectativa de sempre quando se trata de um filme dirigido por Quentin Tarantino. E mais uma vez o cineasta mais influente de seu tempo não decepcionou. Quem esperava mais da pancadaria generalizada do primeiro filme teve ao menos uma luta inesquecível. Quem procurava homenagens aos filmes japoneses citados em todas as entrevistas do diretor testemunhou cenas destinadas a clássicas. E quem tinha esperança de que os diálogos do roteirista fanático pelo universo pop - sua marca registrada desde sua estreia com "Cães de aluguel" - retornassem em grande estilo teve motivos de sobra para comemorar. Em suma, "Kill Bill, v.2" não é melhor nem pior do que seu primeiro capítulo: é o complemento ideal de um dos mais criativos produtos cinematográficos dos últimos anos.

Ao contrário do primeiro filme, em que a Noiva - que finalmente tem seu misterioso nome revelado nessa continuação - usava de toda a sua experiência como guerreira "ninja" para acabar com seus inimigos, sem muito espaço para conversa, dessa vez a coisa é bem diferente. Deixando um pouco de lado a ação desenfreada, a segunda parte da história da vingadora vivida com evidente satisfação por Uma Thurman mostra as origens de sua revolta, detalhando o ataque de seu ex-mentor e amante Bill (David Carradine finalmente dá as caras pra valer), seu treinamento com o mestre Pai Mei (Gordon Liu, ótimo), seu acerto de contas com os membros restantes do grupo de extermínio do qual participava (em atuações antológicas de Michael Madsen e Daryl Hannah) e o que talvez seja o clímax mais esperado do cinema em muito tempo: o tão aguardado encontro com seu algoz.

       

Em "Kill Bill, v.2", os diálogos deliciosos de Tarantino estão de volta (em especial em um longo monólogo de Bill acerca do Superman), sempre recitados com gosto e prazer por atores impecavelmente dirigidos e à vontade. Daryl Hannah, em especial, na pela da temível Ellie Driver, dá um show com sua atuação confortável e divertidíssima, ainda que suas cenas com Uma Thurman sejam as mais violentas do filme - se bem que a violência da sequência lembre muito mais desenhos animados do que programas de luta-livre. E, assim como em "Jackie Brown", o diretor/roteirista não tem pressa de contar sua história, dando tempo e espaço para suas personagens e seus atores extraírem sempre o melhor de cada cena, de cada enquadramento, de cada linha de diálogo.
      
Tudo bem que o desfecho do filme - entre Thurman e Carradine - talvez soe meio anti-climático, mas combina perfeitamente com a maneira com que ele vinha se encaminhando no roteiro. É um final um tanto melancólico, o que não deixa de ser surpreendente vindo de um cineasta irônico, irreverente e de sangue assumidamente pop. Mas é mais uma obra-prima a figurar no currículo de Quentin Tarantino, já um diretor essencial na história do cinema.

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