DIÁRIO DE UMA PAIXÃO (The notebook, 2004, New Line Cinema, 123min) Direção: Nick Cassavetes. Roteiro: Jeremy Leven, adaptação de Jan Sardi, romance de Nicholas Sparks. Fotografia: Robert Fraisse. Montagem: Alan Heim. Música: Aaron Zigman. Figurino: Karyn Wagner. Direção de arte/cenários: Sarah Knowles/Chuck Potter. Produção executiva: Toby Emmerich, Avram Butch Kaplan. Produção: Lynn Harris, Mark Johnson. Elenco: James Garner, Gena Rowlands, Ryan Gosling, Rachel McAdams, Joan Allen, James Marsden, Sam Shepard. Estreia: 20/5/04 (Festival de Seattle)
Romances adolescentes sofrem sempre do mesmo problema: atores limitados recitam diálogos requentados com uma trilha modernosa e um final fatalmente previsível. Talvez por isso, pelo desprezo pelos clichês contemporâneos do gênero, o filme “Diário de uma paixão” tenha ido tão bem nas bilheterias americanas, tendo rendido mais de 80 milhões de dólares mesmo sem um astro ou uma estrela liderando seu elenco. Dirigido por Nick Cassavetes – outra escolha atípica para comandar um filme de narrativa convencional e sem maior densidade psicológica – a adaptação do romance de Nicholas Sparks é um dos filmes românticos mais felizes de seu tempo, dosando com medidas exatas um drama romântico de época, personagens joviais e cheios de esperança e uma história de amor entre um casal maduro.
Os veteranos James Garner e Gena Rowlands vivem dois pacientes de uma clínica psiquiátrica que tem uma relação problemática. Ela sofre de Alzheimer e ele, apaixonado por ela, lhe conta diariamente uma história de amor escrita em um livro que carrega sempre consigo.A história de amor que ele conta é a dos jovens Noah (o excepcional Ryan Gosling) e Allie (a igualmente ótima Rachel MacAdams). Pertencentes a universos totalmente diferentes, eles se apaixonam perdidamente, mas como sempre acontece, são separados pelas circunstâncias e pela pedante mãe da garota (vivida com gosto pela sempre excelente Joan Allen). Quando um partido bem mais adequado – na pele de James Mardsen - aparece na vida de Allie, o romance fica ameaçado de vez, mas o amor que eles ainda sentem um pelo outro ainda parece ser capaz de reuní-los.
Desde que começou a circular em Hollywood, o projeto de "Diário de uma paixão" - primeiro romance de Sparks, que depois se tornaria uma espécie de John Grisham romântico, tendo todos os seus livros adaptados para o cinema, normalmente em filmes medíocres - chamou a atenção de gente importante. Steven Spielberg e Tom Cruise estiveram interessados no filme (o que Cruise faria, uma vez que não tem a idade apropriada para nenhum dos protagonistas, é uma incógnita). Até mesmo Justin Timberlake e Reese Witherspoon foram cotados para os papéis principais, até que Rachel McAdams (que bateu Britney Spears pelo papel de Allie) e Ryan Gosling foram escolhidos pelo diretor Nick Cassavetes (que ainda deu à sua mãe o outro papel feminino importante da história): em cena, Gosling e McAdams tem uma química inflamável, que engole tudo à sua volta. Não foi à toa que eles se apaixonaram durante as filmagens, o que dá ao filme um grau de realismo ainda muito bem-vindo.
Fotografado com delicadeza pelo experiente Robert Fraisse, "Diário de uma paixão" não traz nenhuma novidade aos fãs de histórias de amor. No entanto, o talento de seu diretor e sua coragem em assumir-se como um dramalhão romântico com todos os ingredientes de um novelão das antigas - assim como era também "Uma carta de amor", do mesmo Nicholas Sparks, adaptado com Kevin Costner e Robin Wright-Penn nos papéis centrais - o absolve de todos os pecados que poderia ter. O final lacrimoso não chega a surpreender, mas emociona na medida certa graças ao talento de seus experientes intérpretes. É a melhor adaptação de Nicholas Sparks a chegar às telas.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
quarta-feira
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