A GAROTA DO ADEUS (The goodbye girl, 1977, Warner Bros/MGM Pictures, 111min) Direção: Herbert Ross. Roteiro: Neil Simon. Fotografia: David M. Walsh. Montagem: John F. Burnett. Música: Dave Grusin. Figurino: Ann Roth. Direção de arte/cenários: Albert Brenner/Jerry Wunderlich. Produção: Ray Stark. Elenco: Richard Dreyfuss, Marsha Mason, Quinn Cummings, Paul Benedict, Barbara Rhoades. Estreia: 27/11/77
5 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Ator (Richard Dreyfuss), Atriz (Marsha Mason), Atriz Coadjuvante (Quinn Cummings), Roteiro Original
Vencedor do Oscar de Melhor Ator (Richard Dreyfuss)
Vencedor de 4 Golden Globes: Melhor Comédia/Musical, Ator em Comédia/Musical (Richard Dreyfuss), Atriz em Comédia/Musical (Marsha Mason), Roteiro
Certamente o ano de 1977 significa um marco divisor na carreira de Richard Dreyfuss: não apenas ele estrelou o enorme sucesso de bilheteria "Contatos imediatos de terceiro grau" - dirigido por seu amigo Steven Spielberg - como esteve no topo do cartaz da primeira comédia romântica a chegar à marca de 100 milhões de dólares de bilheteria - e que, de quebra, lhe rendeu o Golden Globe e o Oscar de melhor ator na tenra idade de 30 anos de idade (um recorde que durou até 2003, quando Adrien Brody levou a estatueta para casa aos 29, por "O pianista"). Escrita pelo dramaturgo Neil Simon diretamente para o cinema - e reescrita em seis semanas depois que sua primeira tentativa de sair do papel falhou miseravelmente com a saída de Robert De Niro e Mike Nichols do projeto -, "A garota do adeus" é uma deliciosa história de amor, contada com sofisticação e o excepcional senso de ironia do autor, um dos mais consagrados nomes do teatro norte-americano. Indicado a cinco Oscar, incluindo melhor filme e roteiro original, é uma produção que mantém o frescor mesmo quarenta anos após seu lançamento - mérito principalmente do texto ágil, da direção precisa de Herbert Ross e da química rara entre seus protagonistas.
Inspirado, segundo consta, nos anos em que Dustin Hoffman (que esteve interessado no papel) lutava para vencer na carreira de ator, o roteiro de "A garota do adeus" sofreu profundas transformações entre o início de sua produção - com De Niro como astro e Nichols como diretor - até que finalmente chegasse às telas com Richard Dreyfuss e Marsha Mason no elenco e Herbert Ross na direção. Em uma situação rara na década de 70, seu estúdio, a Warner Bros, só concordou em levar o projeto adiante (depois da mudança da equipe) quando a MGM aceitou a proposta de dividir os custos do orçamento. Suas dúvidas em relação às possibilidades financeiras do filme tinham a ver com o fato de não haver nele um grande chamariz de bilheteria: apesar da presença de Dreyfuss no papel principal masculino (depois dos êxitos de "Tubarão" (75) e "Contatos imediatos" (77)), a produção não tinha as qualidades que estavam fazendo os grandes sucessos comerciais da época - a saber: efeitos visuais, campanhas agressivas de marketing, rostos consagrados e premiados. Mesmo quando o protagonista foi oferecido a Jack Nicholson e James Caan (ambos bastante populares), não havia, segundo o próprio Neil Simon, nada que fizesse crer que o filme fosse cair nas graças do grande público como, inesperadamente, aconteceu. Sucesso de bilheteria e crítica, "A garota do adeus" serviu como uma luva nos desejos da mesma plateia que havia lotado as salas de cinema meses antes com "Star Wars". A acolhida calorosa ao filme foi unânime - e o Oscar de melhor ator dado a Richard Dreyfuss foi apenas a cereja de um bolo muito saboroso.
Abraçado entusiasticamente também pelos eleitores do Golden Globe - que lhe deu as estatuetas de melhor filme, ator e atriz na subcategoria comédia/musical e roteiro -, "A garota do adeus" chegou ao Oscar com moral o suficiente para encarar de frente seus maiores (e mais poderosos) rivais, como o próprio "Star Wars", o grande vencedor do ano, "Noivo neurótico, noiva nervosa", e até mesmo um filme dirigido pelo mesmo Herbert Ross - "Momento de decisão", que apesar de chegar à cerimônia com pinta de favorito, saiu de mãos abanando. Concorreu a cinco prêmios - Ross foi indicado por "Momento de decisão", mas a pequena Quinn Cummings foi lembrada na categoria de atriz coadjuvante - e a vitória de Dreyfuss deixou para trás nomes como os de Richard Burton, Woody Allen e Marcello Mastroianni. Não deixa de ser justo, uma vez que sua presença carismática é um dos pontos altos do filme - a própria Marsha Mason reconhece que Elliot Garfield, o ator tentando um lugar ao sol enquanto lida com uma surpresa inesperada em seu caminho, é um personagem muito mais interessante do que sua Paula McFadden, uma dançarina divorciada que, após o fim de seu último relacionamento, herda um problema que transforma radicalmente sua vida.
O nome do problema de Paula é Elliot Garfield, e ele é um ator ambicioso que chega em Nova York para estrelar uma montagem moderna de "Ricardo III", de Shakespeare - uma montagem pouco ortodoxa e de gosto duvidoso. Assim que chega no apartamento que locou de um amigo, ele descobre que o lugar já está ocupado: a própria Paula fica chocada ao perceber que tem poucos dias para sair do imóvel - mas acaba fazendo um trato com o jovem intruso, que aos poucos começa a conquistar a amizade de sua filha e até mesmo seu coração, ainda que ela tenha jurado a si mesma nunca mais se envolver com outro ator. O romance hesitante entre os dois é atrapalhado também pelas inconstâncias da carreira de Elliot e as batalhas de Paula. Com essa estória simples e sem maiores novidades, Herber Ross cativa a plateia com simpatia, se amparando nos diálogos inteligentes e bem-humorados de Neil Simon e na química entre Dreyfuss, Mason e a pequena Quinn Cummings - sempre em vias de roubar a cena. Uma sessão da tarde descompromissada e muito acima da média, "A garota do adeus" é uma espécie de precursor das comédias românticas estreladas por Meg Ryan na década de 90 - com um gostinho de nostalgia que acrescenta ainda mais tempero à receita. Diversão garantida!
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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2 comentários:
Uuuaauuuuu Que bom que você voltou! Vejo diariamente tantos blogs sendo desativados que comecei a ficar com medo de você desistir dessa sua caminhada tão linda.
Vida longa a esse blog maravilhoso que nos deu nesses últimos anos milhares de dicas fantásticas.
Obrigado e abraços.
Oi... de vez em quando eu sumo, mas sempre volto, porque vício é vício. Continue acompanhando. Obrigado pela visita e pelo comentário.
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