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QUESTÃO DE HONRA

QUESTÃO DE HONRA (A few good men, 1992, Columbia Pictures/Castle Rock Entertainment, 138min) Direção: Rob Reiner. Roteiro: Aaron Sorkin, peça teatral de Aaron Sorkin. Fotografia: Robert Richardson. Montagem: Robert Leighton, Steve Nevius. Música: Marc Shaiman. Figurino: Gloria Gresham. Direção de arte/cenários: J. Michael Riva/Michael Taylor. Casting: Janet Hirshenson, Jane Jenkins. Produção executiva: William Gilmore, Rachel Pfeffer. Produção: David Brown, Rob Reiner, Andrew Scheinman. Elenco: Tom Cruise, Jack Nicholson, Demi Moore, Kiefer Sutherland, Kevin Bacon, Kevin Pollack, Noah Wyle, Xander Berkeley, Cuba Gooding Jr., James Marshall, J.T. Walsh. Estreia: 11/12/92

4 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Ator Coadjuvante (Jack Nicholson), Roteiro Adaptado, Som

Não deixa de ser interessante e sintomático notar que, no mesmo ano em que Quentin Tarantino fazia sua estreia nas telas com o agressivo e inovador "Cães de aluguel", a Academia de Hollywood tenha indicado para seu Oscar de Melhor Filme uma produção tão quadradinha quanto "Questão de honra". Baseado em uma peça de teatro de Aaron Sorkin (também autor do roteiro), o filme de Rob Reiner é extremamente bem realizado, bem dirigido e feito com uma competência assustadora. Mas, é, ao mesmo tempo, tão clássico, tão correto e tão tecnicamente admirável - a ponto de acabar com um vintage "The end" - que parece de plástico. Apesar disso - ou talvez por isso - é um filme de tribunal empolgante e que, se não chega a ser uma obra-prima, é um dos trabalhos mais interessantes de Tom Cruise.

Ainda em sua tentativa de fugir do estereótipo de galã, Cruise interpreta aqui, o jovem advogado da marinha Daniel Kaefe, que recebe a incumbência de defender, nos tribunais, dois soldados acusados de matar um colega. Acostumado a resolver todos os seus casos com acordos, logo ele passa a ser pressionado por sua superior, a Tenente JoAnne Galloway (Demi Moore) a insistir em uma defesa mais aguerrida. Certos de que os dois réus cometeram o crime cumprindo ordens superiores - um tal "código vermelho" comum na Marinha americana - eles resolvem arriscar suas carreiras ao chamar para depor como testemunha o poderoso Coronel Nathan Jessep (Jack Nicholson).

É difícil encontrar um defeito técnico em "Questão de honra". A música grandiloquente de Marc Shaiman, a edição concisa de Robert Leighton e o roteiro de Aaron Sorkin não deixam espaço para críticas. O elenco é o melhor que se poderia reunir na época: Cruise e Demi Moore eram astros quentíssimos e Jack Nicholson dispensa comentários (sua atuação lhe rendeu uma indicação ao Oscar). A direção de Rob Reiner é correta, discreta e eficaz, e o clímax é poderoso e interpretado com garra. Por que então "Questão de honra" - apesar do sucesso de bilheteria e das indicações ao Oscar - não é lembrado hoje como o excelente filme que é? Justamente por seu medo de ousar.


Na sua tentativa de agradar a todas as fatias de público possíveis - opção esta que a gorda bilheteria mostrou acertada - Reiner construiu um filme meticulosamente fotografado, com um script escrito com a precisão de um relógio cuco e um visual caprichado, em que desde as primeiras sequências fica evidente o cuidado com a produção. Também é elogiável a escolha em não criar um desnecessário romance entre as personagens de Cruise e Demi Moore, o que enfraqueceria a história e mataria o ritmo cadenciado proposto por Sorkin. Mas, mais do que tudo, o que "Questão de honra" tem de melhor é seu elenco.

Se Cruise convence no papel de Daniel Kaffe e Demi Moore entrega uma atuação correta - sem ter que apelar para sua extrema beleza - são os coadjuvantes que definitivamente roubam a cena. Como um dos vilões Kiefer Sutherland exercita sua veia cruel, e Kevin Bacon se mostra um ator versátil e competente como o promotor que luta contra o protagonista no tribunal. E Jack Nicholson, em um dos desempenhos mais assustadores de sua carreira, engole todos à sua volta, com um trabalho excepcional. E o fato de Tom Cruise ter encarado sem medo o veterano ator em uma sequência empolgante, no capítulo final, reitera a afirmação de que, quando bem dirigido, o galã de "Top Gun" tem seu valor dramático.

Deixando de lado os preconceitos contra filmes "certinhos", é possível se encantar com todas as qualidades de "Questão de honra". Não muda a vida de ninguém, mas prende a atenção e é feito com uma inteligência acima da média.

5 comentários:

Thomás R. Boeira disse...

Filmaço! É um dos meus favoritos!

Atuações de primeira, roteiro e direção impecáveis. Tudo o que bons fãs de cinema gostam.

Abraço,

Thomás

http://www.brazilianmovieguy.blogspot.com/

renatocinema disse...

Jack Nicholson dá uma aula sobre a arte de atuar. Raro filme que Tom Cruise me convenceu como ator.

Hana disse...

Que bacaninha, quantas dicas legais de filme aqui, eu adoro cinema mas o tempo é tão escasso, mas pode deixar quano eu for assistir um bom DVD corro aqui te ler, rss, adorei, aqui te sigo, aqui te leio, e te persigo.
com carinho
Hana

Gisiane disse...

Pra mim ele é perfeito. Vejo 500 vezes e nunca enjôo. É impressionante como todos os atores estão perfeitos, assim com os personagens, até os secundários, como os jovens soldados acusados. É verdade: o filme não muda a vida de ninguém, mas sempre que o vejo penso na palavra "Ética".

Unknown disse...

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