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PEQUENA MISS SUNSHINE


PEQUENA MISS SUNSHINE (Little Miss Sunshine, 2006, Fox Searchlight Pictures, 101min) Direção: Jonathan Dayton, Valerie Farris. Roteiro: Michael Arndt. Fotografia: Tim Suhrstedt. Montagem: Pamela Martin. Música: Mychael Danna, DeVochtka. Figurino: Nancy Steiner. Direção de arte/cenários: Kalina Ivanov/Melissa Levander. Produção executiva: Michael Beugg, Jeb Brody. Produção: Albert Berger, David T. Friendly, Peter Saraf, Marc Turtletaub, Ron Yerxa. Elenco: Toni Collette, Greg Kinnear, Steve Carrell, Alan Arkin, Paul Dano, Abigail Breslin. Estreia: 20/01/06 (Sundance Festival)

4 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Ator Coadjuvante (Alan Arkin), Atriz Coadjuvante (Abigail Breslin), Roteiro Original
Vencedor de 2 Oscar: Ator Coadjuvante (Alan Arkin), Roteiro Original

Não é preciso ser nenhum gênio para saber que os americanos tem uma obsessão quase doentia pelo sucesso. Não fazer parte da elite da sociedade - seja em termos financeiros, estéticos ou culturais - é, por si só, dentro da mentalidade ianque, um sinal insofismável de derrota. E é essa busca desesperada pelo sucesso a mola mestra de "Pequena Miss Sunshine", uma deliciosa comédia dramática que equilibra com perfeição diálogos e cenas impagáveis com momentos de um delicado drama familiar. Inesperado - mas muito merecido - sucesso de bilheteria e crítica, o filme do casal Valerie Farris e Jonathan Dayton foi lançado discretamente no Festival de Cannes de 2006 e meses depois peitava firmemente "Os infiltrados" e "Cartas de Iwo Jima", dos veteranos Martin Scorsese e Clint Eastwood na disputa pelo Oscar de melhor filme.

Realizado a um custo estimado de apenas oito milhões de dólares, "Pequena Miss Sunshine" conquista o público graças principalmente a um elemento muitas vezes subestimado pelos produtores dos blockbusters hollywoodianos: o roteiro. Esperto, ágil e se mantendo magistralmente realista mesmo em seus momentos mais absurdos, o script de Michael Arndt (que venceu o Oscar da categoria) é um estudo de personagens, humano e delicado, capaz de fazer e rir e chorar de emoção na mesma medida, principalmente porque encontrou em seu elenco suas encarnações perfeitas. Preferindo dedicar-se mais à direção de seus atores (todos impecáveis) do que a invenções estilísticas e visuais, Dayton e Ferris construiram um conto a respeito de amor familiar e respeito às diferenças que certamente vai ficar  carinhosamente na memória de seu público como um dos maiores pequenos filmes de seu tempo.



Centrando sua trama exclusivamente na road trip da família Hoover - um bando de pessoas problemáticas, neuroticas e tentando desesperadamente fugir da mediocridade das próprias vidas - "Pequena Miss Sunshine" brinda a audiência com diálogos inteligentes e personagens brilhantes. Os pais da família são Richard (Greg Kinnear) - que tenta entusiasticamente vender um projeto de livro de autoajuda - e Sheryl (Toni Collette), que dá total apoio às ambições do marido enquanto batalha para ser uma mãe presente a seus dois filhos: o mais velho, Dwayne (Paul Dano) está em greve de silêncio como forma de declarar sua admiração por Nietzsche e sua vontade de tornar-se piloto de avião e a caçula, Olive (a adorável Abigail Breslin) tem o sonho de ser eleita a rainha de um concurso de beleza que os levará todos a encarar uma viagem dentro de uma kombi caindo aos pedaços. Junto com eles estarão Edwin (Alan Arkin) - pai de Richard e expulso do asilo por ser viciado em drogas - e Frank Ginsberg (Steve Carrell), irmão de Sheryl, homossexual que tentou o suicídio após ser trocado pelo namorado.

Utilizando a velha kombi como um microcosmo de um núcleo familiar abrangente, o roteiro de Arndt usa e abusa das possibilidades que o road movie - tradicional subgênero do cinema hollywoodiano - lhe oferece. É durante essa viagem que a família Hoover vai ser obrigada a confrontar-se com seus pequenos dramas domésticos e lidar com seus demônios, sempre de forma leve e carinhosa, não pesando a mão nem mesmo quando o destino chega sem avisar e lhes prega uma peça atrás da outra. Composto de silêncios contundentes e diálogos mordazes, o filme tem na figura de Olive - desajeitada, gordinha e dotada de uma inocência apaixonante - seu elemento de catarse. É ela, em sua esperança de tornar-se a Pequena Miss Sunshine do título que serve de porto seguro e elo de união entre seus parentes. É comovente a maneira com que os diretores constroem a relação da menina com aqueles à sua volta, em especial com seu avô - a cena em que ela chora desesperadamente por ter medo de perder o concurso e consequentemente o amor do pai resume com perfeição a ideia de vitória que os americanos cultuam com devoção.

"Pequena Miss Sunshine" é, sem medo de parecer exagero, uma obra-prima de grandes proporções, a despeito do tamanho de sua produção. Engraçado, emocionante, despretensioso e que fica melhor a cada revisão. Para assistir e guardar no coração.

3 comentários:

Anônimo disse...

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Alan Raspante disse...

Uma delícinha esse filme!

Anônimo disse...

Clássico !

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