sexta-feira

A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM


A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM (The graduate, 1967, Universal Pictures, 105min) Direção: Mike Nichols. Roteiro: Calder Willingham, Buck Henry, baseado no romance de Charles Webb. Fotografia: Robert Surtess. Montagem: Sam O'Steen. Música: Dave Grusin, canções de Paul Simon. Produção: Lawrence Turman. Elenco: Anne Bancroft, Dustin Hoffman, Katharine Ross, William Daniels, Elizabeth Wilson, Murray Hamilton, Brian Avery. Estreia: 21/12/67

7 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Mike Nichols), Ator (Dustin Hoffman), Atriz (Anne Bancroft), Atriz Coadjuvante (Katharine Ross), Roteiro Adaptado, Fotografia
Vencedor do Oscar de Melhor Diretor (Mike Nichols)
Vencedor de 5 Golden Globes: Melhor Filme Comédia/Musical, Diretor (Mike Nichols), Atriz Comédia/Musical (Anne Bancroft), Most Promising Newcomer Male (Dustin Hoffman), Most Promising Newcomer Female (Katharine Ross)


Não é difícil entender os motivos que levaram "A primeira noite de um homem" a tornar-se um dos filmes de maior sucesso de sua época e um dos mais influentes dramas geracionais de Hollywood. Quando o filme foi lançado, em 1967, a juventude americana encontrava-se em um estado que abandonava a letargia dos anos pós-guerra e começava a questionar seu país - envolvido em uma muito mal-explicada guerra no Vietnã - sua estrutura familiar e o estado social em que se encontravam - vale lembrar que Martin Luther King ainda vivia e liderava movimentos em prol dos direitos civis. Os jovens que estavam começando a entrar na faixa dos vinte anos sentiam-se sufocados pelas expectativas dos pais e perdidos quanto a um futuro que parecia cada vez mais incerto. Sufocado e perdido também estava Benjamin Braddock, o protagonista do livro de Carl Webb e do filme de Mike Nichols. Não tinha como não haver uma identificação imediata.

Ligeiramente diferente de sua versão literária - um pouco menos passiva - a personificação de Benjamin Braddock no filme de Nichols ainda assim mantém sua essência confusa e sem norte. Quando a história começa, o jovem Braddock (às vésperas de completar 21 anos) está de volta à casa dos pais, depois de formar-se na universidade. Sem saber o que fazer com seu futuro e nada sutilmente cobrado pela família e pelos amigos dela - um grupo de bem-sucedidos homens de negócios e mulheres que frequentam a alta sociedade - Benjamin fecha-se cada vez mais em si mesmo. Sua vida dá uma virada quando ele é seduzido pela Mrs. Robinson do título da canção de Paul Simon. Vivida magistralmente por Anne Bancroft, a sexy mulher mais velha, com idade para ser sua mãe lhe apresenta aos prazeres do sexo, que lhe foram negados por um casamento sem amor e uma maternidade indesejada. Absolutamente não-romântica, a experiente e prática esposa de um dos amigos de seu pai parece ser exatamente o que o jovem precisa em seus momentos de descoberta do mundo, mas acaba se tornando uma pedra em seu sapato quando ele conhece e se apaixona pela jovem Elaine (Katharine Ross em papel oferecido a Natalie Wood e para o qual foram testadas Candice Bergen e Sally Field). Doce e delicada, a bela jovem também se apaixona por ele, mas o romance esbarra em um grave problema: ela é filha da sedutora sra. Robinson.


Dustin Hoffman já tinha quase 30 anos de idade quando interpretou Benjamin Braddock, de apenas 21. Isso não o impediu, no entanto, de criar uma das personagens mais interessantes de sua carreira, um jovem inseguro e com uma dose de inocência e romantismo que ia de encontro à praticidade e o cinismo de sua amante. A atuação de Anne Bancroft é antológica, equilibrando genialmente a amargura de uma mulher cuja vida não seguiu o rumo sonhado com uma certa dose de egoísmo. A sra. Robinson não tem apenas ciúme da relação da filha com Benjamin e sim considera o rapaz indigno de ficar com ela. A complexidade da personagem encontra em Bancroft a atriz perfeita, o que não dá margem a qualquer dúvida sobre o acerto em sua escalação para o papel, uma vez que ela era apenas seis anos mais velha que Hoffman. É impossível imaginar alguém melhor, mais inteligente e mais sensível - e isso que inúmeras atrizes foram sondadas e/ou cotadas para vivê-la, nomes que iam de Jeanne Moreau e Ava Gardner até a Doris Day e Judy Garland. A química entre os dois protagonistas é preciosa e as cenas inicias de sua conquista são de figurar em qualquer antologia de diálogos geniais da história do cinema. Unidos à bela trilha sonora - que apresenta as clássicas instântaneas "Mrs. Robinson" e "The sound of silence" - e a um elenco coadjuvante impecável (onde até mesmo um jovem Richard Dreyfuss faz uma figuração de luxo), Hoffman e Bancroft elevam o filme a um patamar acima do corriqueiro.

"A primeira noite de um homem" é bem mais profundo do que mostra em sua superfície. Em um primeiro momento, é apenas a história do despertar de um homem em relação à sua sexualidade e ao amor. No entanto, como o próprio título original - a graduação, em bom português - sugere, fala sobre acordar para a vida, para um caminho que talvez não seja o mais seguro, mas ainda assim, é o que foi escolhido e não pré-determinado. Com seu jeito loser de ser, Dustin Hoffman é a perfeita encarnação de um rapaz abismado com o mundo à sua volta, que não sabe caminhar com as próprias pernas sem que alguém o empurre e que, de repente, nota que optar pelo que deseja é o caminho certo, mesmo que não saiba como agir depois de fazer suas escolhas. Nem Warren Beatty, nem Jack Nicholson nem Robert Redford - todos cotados para o papel - fariam melhor.

5 comentários:

Alan Raspante disse...

Esse é um daqueles filmes na onde eu só conheço de nome e sucesso. Há tempos ouço falar dele, mas nunca o vi, é meio dificil de achar esse filme por aqui. rs
Abs.

História é Pop! disse...

Gosto muito de Dustin Hoffman e este filme foi responsável pela sua notoriedade nas telas de cinema. Esse é um daqueles ótimos momentos em que as primeiras escolhas para o papel (Robert Redford e Charles Grodin) acabaram sendo totalmente dispensáveis- adoro os dois atores, mas não consigo imaginar outra pessoas para p papel de Benjamin Braddock que Hoffman...
O filme é uma delicia de assistir e é considerado por todos que já assistiram como uma das melhores comédias românticas.
Já me esquecendo da trilha sonora que é uma delicia de se ouvir.

aionr disse...

sempre quis ver esse filme XD
nunca encontrei em dvd, uma pena :(

jornaltv.blogspot.com

Anônimo disse...

A atuação dos protagonistas foi ótima. É um filme que vale a pena conferir. Muito divertido.

Unknown disse...

Esse filme é perfeito, assisti e tenho ele em meu computador!!!Dustin Hofman está ao mesmo tempo dramático e engraçado!!Só podia ser interpretado por ele mesmo,um ator múltiplo. A trilha sonora, então, sem comentários:Mrs. Robinson e Sound of silence. A segunda, na cena dos devaneios dele em casa e com Mrs. Robinson,é uma obra-prima.Muito lindo!!!

VAMPIROS DO DESERTO

VAMPIROS DO DESERTO (The forsaken, 2001, Screen Gems/Sandstorm Films, 90min) Direção e roteiro: J. S. Cardone. Fotografia: Steven Bernstein...