LOUCA OBSESSÃO (Misery, 1990, Castle Rock Entertainment, 107min) Direção: Rob Reiner. Roteiro: William Goldman, novella de Stephen King. Fotografia: Barry Sonnenfeld. Montagem: Robert Leighton. Música: Marc Shaiman. Figurino: Gloria Gresham. Direção de arte/cenários: Norman Garwood/Garrett Lewis. Casting: Janet Hirshenson, Jane Jenkins. Produção: Rob Reiner, Andrew Scheinman. Elenco: James Caan, Kathy Bates, Lauren Bacall, Richard Farsnworth, Frances Sterngahen. Estreia: 30/11/90
Oscar de Melhor Atriz (Kathy Bates)
Golden Globe de Melhor Atriz/Drama (Kathy Bates)
Em 1986 o cineasta Rob Reiner provou, no singelo "Conta comigo", que Stephen King não é apenas um escritor de histórias de terror. Quatro anos depois, no entanto, ele voltou a adaptar o mais famoso autor do gênero, dessa vez aproveitando seu talento em provocar medo e aflição no excepcional "Louca obsessão". Baseado em uma novela de King, o filme de Reiner não é apenas um exercício de angústia e medo: é antes de tudo um show de Kathy Bates, entregando a interpretação de sua vida em um trabalho que lhe rendeu um merecidíssimo Oscar de Melhor Atriz.
Primeira atriz a levar uma estatueta por um filme de terror/suspense, Bates é a principal razão para se assistir a "Louca obsessão", ainda que o filme seja um ótimo trabalho de direção e adaptação. Na época uma atriz desconhecida, ela despontou para a fama graças à sua meticulosa atuação como Annie Wilkes, uma enfermeira aposentada - por motivos que o filme revela em seu terço final - que, apaixonada pela obra do famoso escritor Paul Sheldon (James Caan), vê a chance de sua vida quando presencia um acidente de carro sofrido por ele durante uma nevasca. Levando-o para sua fazenda isolada e cuidando dele com toda a dedicação, ela sofre um grande golpe quando descobre que Misery Chastain, a personagem criada pelo autor - e venerada por ela - morre no capítulo final de seu último livro. Possessa, ela tranca o escritor em seu quarto e o obriga a escrever um novo romance, ressuscitando sua heroína. A princípio recusando-se a ceder à chantagem, Sheldon logo percebe que sua vida corre grande perigo e resolve acatar as ordens de sua "fã número 1" enquanto pensa em uma maneira de salvar a própria pele.
"Louca obsessão" é uma pequena obra-prima do gênero. O roteiro enxuto de William Goldman segue ao máximo a trama de Stephen King - apenas atenuando um pouco a violência original em uma cena - sem buscar inovações desnecessárias. Concentrando-se basicamente na relação entre Wilkes e Sheldon - com poucas e interessantes cenas à disposição dos ótimos coadjuvantes Richard Fansworth e Frances Sternhagen - Goldman estabelece o conflito entre eles de maneira extremamente satisfatória, dando aos dois atores a chance de trabalhos fascinantes. Mas ainda que James Caan esteja corretíssimo como Paul Sheldon, é Kathy Bates quem comanda o espetáculo, em uma atuação consagradora. Não foi à toa que vários atores recusaram o papel de Sheldon (entre eles Warren Beatty) por perceberem claramente que o papel de Annie Wilkes era extremamente mais passível de uma grande interpretação. Ficando com um papel que interessava a Anjelica Huston e foi oferecido a Bette Midler, Bates tornou-se uma das atrizes mais requisitadas e respeitadas do cinema hollywoodiano. Não era para menos.
Bates dá a Annie Wilkes uma vida e uma alma que poucas intérpretes conseguiriam dar. Em algumas cenas, ela consegue até mesmo ficar bonita, delicada e meiga, enquanto em outras torna-se o mal encarnado. As oscilações de humor de Wilkes são, aliás, o grande trunfo de Rob Reiner, que conduz o espectador a uma viagem assustadora e imprevisível como a própria personalidade de sua protagonista. Sua dualidade anjo/demônio é que seduz o espectador, que dificilmente acaba o filme sem admirar incondicionalmente o talento imenso de Bates.
"Louca obsessão" não é um filme de terror comum. É um trabalho exemplar de direção e interpretação, capaz de manter-se na memória do espectador por um bom tempo. E só por ter revelado Kathy Bates ao mundo já merece todos os aplausos que obteve.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
domingo
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Um comentário:
Este filme é ótimo, Bates está perfeita como a fã louca, rs
É o filme favorito da minha mãe!!!
Abs. =)
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