quarta-feira

EU E AS MULHERES


EU E AS MULHERES (In the land of women, 2007, Castle Rock Entertainment, 97min) Direção e roteiro: Jonathan Kasdan. Fotografia: Paul Cameron. Montagem: Carol Littleton. Música: Stephen Trask. Figurino: Trish Keating. Direção de arte/cenários: Sandy Cochrane/Louise Roper. Produção executiva: Lawrence Kasdan. Produção: Steve Golin, David Kanter. Elenco: Adam Brody, Meg Ryan, Kristen Stewart, Olympia Dukakis, Elena Ayala, Jobeth Williams, Clark Gregg. Estreia: 16/04/07

Filho mais velho do cineasta Lawrence Kasdan - diretor de títulos essenciais da filmografia americana dos anos 80, como "O reencontro" e "Silverado", além de roteirista de "Caçadores da Arca Perdida" - o jovem Jonathan Kasdan preferiu fazer sua estreia atrás das câmeras sem muito alarde. Roteirista de episódios das séries "Dawson's Creek" e "Freaks & Geeks", ele aproveitou seu conhecimento da juventude americana de seu tempo e criou o delicado e sutilmente engraçado "Eu e as mulheres". Simpático e doce, o filme não chega a ser uma obra-prima, mas revela em Kasdan um olhar atento à sensibilidade humana.

Talvez haja um pouco - ou muito - de Kasdan em seu protagonista, Carter Webb, um roteirista de filmes eróticos vivido com graça e discrição pelo ótimo Adam Brody. Recém chutado pela bela namorada, a atriz Sofia Buñuel (Elena Ayala), ele resolve dar um tempo em sua atribulada vida em Los Angeles e vê na doença de sua avó (Olympia Dukakis, sensacional) a oportunidade de mudar-se por um tempo para Detroit. Enquanto ajuda a senhora idosa - cuja demência a deixa cada vez mais apática e distante - Carter resolve escrever sua obra-prima, longe das influências de sua cidade. Sua paz começa a sofrer interrupções, porém, quando ele conhece a família que mora diante de sua nova casa. Os Hardwicke - formado por um casal com duas filhas - logo torna-se parte de sua nova rotina, especialmente a filha mais velha, Lucy (Kristen Stewart) e a mãe, Sarah (Meg Ryan). Ao passo que Lucy tenta lidar com o despertar de sua sexualidade, Sarah descobre sofrer de câncer. É Carter quem irá servir de apoio às duas.


Não há maiores lances e reviravoltas em "Eu e as mulheres". O roteiro de Kasdan é sutil, fazendo piadas que não almejam gargalhadas e criando dramas que não exigem lágrimas. Seu olhar é quase contemplativo, deixando que as personagens vivam seus tormentos sem interferência exagerada da fotografia ou da edição. Nem mesmo a trilha sonora tenta sobrepor-se à história contada, sendo apenas um complemento às cenas, conduzidas com leveza e um senso de humor carinhoso com os protagonistas. Nem mesmo as piadas internas - que satirizam o meio cinematográfico - soam autocomplacentes, o que revela no jovem filho de Lawrence uma promessa bastante empolgante.

Mas é na direção de atores que Jonathan Kasdan consegue ser ainda mais bem-sucedido. Adam Brody encarna com perfeição o protagonista desajeitado e vulnerável que se vê obrigado a amadurecer para ajudar desconhecidos e Kirsten Stewart mostra que, antes de tornar-se a chatonilda mor da série "Crepúsculo" tinha expressões faciais variadas e sabia atuar. Mas é Meg Ryan o maior destaque. Fugindo do seu papel de sempre - a mocinha das comédias românticas - a atriz surpreende com uma interpretação contida e dramática, que jamais apela para o sentimentalóide. Só o fato de ter dado à eterna Sally Albright um papel à altura de seu talento já faria de seu jovem diretor um cara bom. Para sorte do público, ele tem ainda outras qualidades que deve provar em breve.

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