A RAINHA (The queen, 2006, Pathe International Pictures, 103min) Direção: Stephen Frears. Roteiro: Peter Morgan. Fotografia: Affonso Beato. Música: Alexandre Desplat. Figurino: Consolata Boyle. Direção de arte/cenários: Alan MacDonald/Tina Jones. Produção executiva: François Ivernel, Cameron McCracken, Scott Rudin. Produção: Andy Harries, Christine Langan, Tracey Seaward. Elenco: Helen Mirren, Michael Sheen, James Cromwell, Alex Jennings, Roger Allam, Sylvia Syms. Estreia: 02/9/06 (Festival de Veneza)
6 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Stephen Frears), Atriz (Helen Mirren), Roteiro Original, Trilha Sonora Original, Figurino
Vencedor do Oscar de Melhor Atriz (Helen Mirren)
Vencedor do Golden Globe de Melhor Atriz/Drama (Helen Mirren)
A temporada 2006 de cinema foi particularmente para a realeza da forma com que foi retratada nas telas. Enquanto Forest Whitaker extasiou o mundo com sua atuação espetacular como o ditador de Uganda Idi Amin Dada em "O último rei da Escócia", a inglesa Helen Mirren promoveu um arrastão nas cerimônias de premiação com seu trabalho irretocável como a Elizabeth II no festejado "A rainha", dirigido por Stephen Frears. Ovacionada pelos espectadores do Festival de Veneza - quando a obra foi lançada - Mirren pavimentou seu caminho para ganhar, entre vários outros prêmios, o Golden Globe e o Oscar. Quem assiste ao filme percebe claramente os motivos para tal comoção.
Fugindo da tentação de fazer uma simples imitação da monarca - ainda viva e ainda atuante - Mirren construiu uma personagem multidimensional, que equilibra uma frieza quase glacial com a maturidade necessária para o cargo que ocupa diante de seus respeitosos súditos. Esse respeito, porém, entra em xeque com a morte da princesa Diana, que deixa o mundo todo - e em especial os ingleses - em estado de choque. Considerando o fato de que a sua ex-nora não fazia mais parte da realeza depois do divórcio, a rainha não concorda com a pressão da mídia e da sociedade em geral para que seu funeral seja realizado com honras reais. Sua decisão acaba sendo o motivo pelo qual o primeiro-ministro Tony Blair (Michael Sheen), recém eleito, sempre esperava para levantar sua bandeira de um governo mais moderno.
O roteiro de Peter Morgan - que segue da maneira mais fiel possível os fatos retratados - brilha por ser isento de qualquer tipo de julgamento moral, se atendo a descrever alguns dos mais difíceis dias da história da monarquia britânica com sobriedade e elegância, sem deixar de lado nem mesmo o tipíco humor local, sempre de maneira discreta e sutil. Já Stephen Frears - conhecido por obras impecáveis como "Ligações perigosas" e "Alta fidelidade", bastante díspares entre si - mostra um outro lado de seu talento, mantendo-se humilde diante da história narrada. Sua direção não apela para ângulos de criatividade duvidosa ou uma edição nervosa, preferindo deixar que a trama siga por si mesma, sem maiores intromissões. Contando com uma direção de arte esplêndida e uma trilha sonora das melhores do ano - merecidamente indicada ao Oscar - ele faz de seu filme uma homenagem justa e - melhor ainda! - respeitosa à memória de Diana, cujo carisma é comprovado pelas cenas de arquivo utilizadas na montagem final. Ao confrontar o antigo (a monarquia, na figura quase anacrônica de sua majestade maior) com o moderno (Tony Blair e sua desajeitada mas bem intencionada vontade de ajudar o país e seu povo), o roteiro de Morgan e a direção de Frears apontam para uma discussão sadia e bastante interessante, ajudada pelo elenco, que faz extraordinário uso dos diálogos que lhe cabem.
Se James Cromwell está competente como sempre como o príncipe Phillip e Michael Sheen deita e rola com as possibilidades de seu Tony Blair, é inegável que é mesmo Helen Mirren quem comanda o show, com um trabalho baseado em detalhes. Os olhares, os gestos comedidos, o tom de voz e as expressões faciais com que Mirren monta sua Elizabeth II é que mostram porque atrizes como ela são raras e especiais. Mesmo que na disputa por sua estatueta estivessem nomes de peso como Judi Dench, Kate Winslet e Meryl Streep, o prêmio realmente deveria ser dela. Uma premiação incontestável!
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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2 comentários:
É um bom filme que utiliza uma história explorada a exaustão pela mídia para tentar mostrar um pouco da vida íntima da família real inglesa.
Além da trama, o grande destaque é o elenco extremamente competente, como vc bem citou no texto.
Abraço
Achei bem decepcionante.
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