quinta-feira

LIGADAS PELO DESEJO

LIGADAS PELO DESEJO (Bound, 1996, Dino de Laurentiss Company, 108min) Direção e roteiro: Wachowski Brothers. Fotografia: Bill Pope. Montagem: Zach Staenberg. Música: Don Davis. Figurino: Lizzy Gardiner. Direção de arte/cenários: Eve Cauley/Kristen Toscano Messina. Produção executiva: Andy Wachowski, Larry Wachowski. Produção: Stuart Boros, Andrew Lazar. Elenco: Jennifer Tilly, Gina Gershon, Joe Pantoliano, Christopher Meloni. Estreia: 04/10/96

Três anos antes de tornarem-se conhecidos e tidos como os salvadores da ficção científica no cinema com o incensado "Matrix", os irmãos Wachowski já mostravam aos antenados no cinema independente que eram nomes que deveriam ser guardados. Emulando os clássicos noir do cinema americano com um visual moderno e uma edição ágil - unidos com uma sensualidade ousada e provocante - "Ligadas pelo desejo" acabou sendo o cartão de visitas da dupla de diretores junto à Warner quando eles surgiram com a ideia do revolucionário filme estrelado por Keanu Reeves em 1999.

A princípio, a trama de "Ligadas pelo desejo" não apresenta nada de novo ao público acostumado com o cinema policial americano, cheio de reviravoltas, mulheres fatais e romances extra-conjugais tórridos e destinados à tragédia: Violet (Jennifer Tilly, recém saída da indicação ao Oscar por "Tiros na Broadway") é a infeliz mulher da alta sociedade que, insatisfeita com seu relacionamento com o marido, Caesar (Joe Pantoliano, exagerando na performance como sempre) - um violento mafioso - inicia um caso fora do casamento e, cansada dos desmandos de que é vítima, trama um golpe para fugir e recomeçar a vida, mesmo que isso lhe ponha em risco. O pulo do gato do roteiro é que, ao contrário do que acontece normalmente, Violet não se envolve com um homem com vocação para a cadeia e sim com uma mulher, a sensual Corky (Gina Gershon), faz-tudo do prédio que acada de sair de uma sentença de cinco anos de reclusão.


As cenas de sexo entre Tilly e Gershon são quentes - não tão quentes quanto as mostradas em filmes como "Azul é a cor mais quente", por exemplo - mas não são o principal ponto de interesse de "Ligadas pelo desejo". Mesmo que seja redundante em alguns momentos, é o roteiro que chama mais a atenção quando se assiste ao filme, e é notável a forma como os diretores conseguem equilibrar a trama com um visual impactante, que em várias sequências mantém o espectador grudado na tela. Os detalhes realçados na narrativa - por closes ou pela música discreta e eficiente - são elementos dramáticos de crucial importância no desenrolar da história, que só peca mesmo por estender em demasia a subtrama do grupo mafioso do qual Caesar faz parte: uma edição mais enxuta nessas sequências certamente deixaria o filme mais dinâmico e mais tenso.

No final das contas "Ligadas pelo desejo" é um suspense policial acima da média, que tem estilo, personalidade e a coragem de eleger como protagonistas um casal lésbico que em nenhum momento discute sua orientação. Sem a menor intenção de levantar bandeiras, consegue fazer mais pela militância do que muitos dramas bem-intencionados. Afinal, tratar de um casal gay como um outro casal qualquer não é pra qualquer um.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amei ! Jennifer Tilly é incrível hahaha

Anônimo disse...

Este e o maximo

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