AUSTIN POWERS EM "O HOMEM DO MEMBRO DE OURO" (Austin Powers in Goldmember, 2002, New Line Cinema, 94min) Direção: Jay Roach. Roteiro: Mike Meyers, Michael McCullers. Fotografia: Peter Deming. Montagem: Greg Hayden, Jon Poll. Música: George S. Clinton. Figurino: Deena Appel. Direção de arte/cenários: Rusty Smith/Sara Andrews-Ingrassia. Produção executiva: Richard Brener, Toby Emmerich. Produção: John Lyons, Eric McLeod, Demi Moore, Mike Meyers, Jennifer Todd, Suzanne Todd. Elenco: Mike Meyers, Michael Caine, Beyoncé Knowles, Seth Green, Michael York, Robert Wagner, Fred Savage. Estreia: 22/7/02
Em 1997, uma despretensiosa comédia feita com meros 17 milhões de dólares de orçamento e a verve besteirol do ator Mike Meyers "Austin Powers" pegou Hollywood de surpresa e rendeu quase 60 milhões somente no mercado doméstico. Dois anos depois, entusiasmados com a receptividade do agente secreto britânico metido a conquistador que, congelado nos anos 60, chega à década de 90 e tenta adequar-se a ela enquanto luta com seu nêmesis, o temível Dr. Evil, os executivos da New Line Cinema abriram os cofres. Com um custo de 33 milhões, "Austin Powers e o espião 'bond' cama" se deu ainda melhor nas bilheterias, com uma renda interna de mais de 200 milhões. Não foi nenhuma surpresa, portanto, que um terceiro capítulo chegasse às telas. "Austin Powers em 'O Homem do Membro de Ouro'" - novamente dirigido pelo mesmo Jay Roach que comandou a trilogia inteira - foi o mais caro da série (custou mais que a renda do primeiro filme), mas novamente ultrapassou a barreira dos 200 milhões e finalizou as aventuras de Powers com chave de ouro - a ponto de até hoje o público ansiar por um novo projeto.
Voltando a debochar dos clichês que infestam os filmes de espionagem, "O homem do membro de ouro" - cujo título já é uma explícita brincadeira com os filmes de James Bond - tem uma história banal, que serve apenas para uma sucessão de piadas dos mais variados níveis e estilos. Tudo começa quando o pai de Austin, o também espião Nigel Powers (em um trabalho caprichado de ironia de Michael Caine) é sequestrado pelo maior inimigo do herói, o maquiavélico Dr. Evil (também interpretado por Meyers), que planeja mais uma vez dominar o mundo, dessa vez contando com a ajuda do misterioso Goldmember (mais uma vez Meyers). Para resgatar seu pai - com quem tem uma relação tumultuada desde a infância - Powers precisa voltar ao ano de 1975, onde reencontra sua antiga paixão Foxxy Cleopatra (a cantora Beyoncé Knowles, estreando como atriz), uma agente do FBI que trabalha disfarçada de cantora disco.
A trama é apenas uma desculpa para que Meyers dispare sua metralhadora giratória, com um humor que tanto pode agradar quanto despertar críticas. Ao mesmo tempo em que faz piadas visuais engraçadíssimas - que ecoam sequências dos outros filmes - a direção de Roach peca em algumas gags que apelam para a escatologia pura e simples. Essa tática é inteligente em sua tentativa de conquistar os variados tipos de audiência, mas acaba prejudicando o ritmo do filme com um todo. A cada momento de humor sarcástico - que tira partido das diferenças culturais entre americanos/ingleses e temporais - o filme cresce, demonstrando o talento aparentemente infinito de Meyers em fazer rir das situações mais variadas, contando com a ajuda da sensacional equipe de maquiadores, que o transformam em nada menos que quatro personagens - além dos já citados há ainda Fat Bastard, que já vem do segundo capítulo.
E como não poderia deixar de ser, "O homem do membro de ouro" conta também com personagens já comprovadamente bem-sucedidos nos filmes anteriores da série. É o caso de Scott Evil, filho do vilão, interpretado por Seth Green, e o imbatível Mini-mim, a versão em tamanho compacto de Dr. Evil, responsável por duas das mais engraçadas cenas do filme. Junto a eles, nomes consagrados como Michael Caine explorando seu timing cômico e Michael York se divertem tanto quanto o público, que já começa o entretenimento na sequência de abertura, que conta com participações muito especiais de Tom Cruise, Kevin Spacey, Gwyneth Paltrow, Steven Spielberg e Britney Spears - o que demonstra o prestígio de Meyers dentro da indústria. Pro bem ou pro mal, o filme é a sua cara. Cabe à audiência decidir se é de seu gosto ou não.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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Um comentário:
Achei engraçado, para mim Michael se assemelha muito ao Woody
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