SNATCH
- PORCOS E DIAMANTES (Snatch., 2000, Columbia Pictures Corporation,
104min) Direção e roteiro: Guy Ritchie. Fotografia: Tim Maurice-Jones.
Montagem: Jon Harris. Música: John Murphy. Figurino: Verity Hawkes.
Direção de arte/cenários: Hugo Luczyc-Whyhowski. Produção executiva:
Stephen Marks, Peter Morton, Angad Paul, Trudie Styler, Steve Tisch.
Produção: Matthew Vaughn. Elenco: Benicio Del Toro, Brad Pitt, Dennis
Farina, Jason Statham, Vinnie Jones, Rade Serbedzija, Alan Ford, Jason
Flemyng, Ewen Bremner, Stephen Graham. Estreia: 23/8/00
À
primeira vista, "Snatch - porcos e diamantes", segundo filme do
cineasta inglês Guy Ritchie, parece uma espécie de continuação de seu
primeiro trabalho, o incensado "Jogos, trapaças e dois canos
fumegantes": gângsteres trapalhões, edição acelerada, um roteiro
recheado de diálogos sarcásticos e politicamente incorretos e uma
variedade insana de subtramas que se atropelam quase ao ponto da
incompreensibilidade. Mas não é apenas a inclusão de nomes consagrados
internacionalmente como Brad Pitt e Benicio Del Toro no elenco - ao lado
dos colaboradores habituais do diretor - que faz dele mais do que isso.
Mais experiente e confiante do que em sua estreia, Ritchie manteve
todas as qualidades que fizeram dele um dos cineastas mais festejados de
sua época e expandiu-as em uma comédia policial quase histérica que
mistura humor e violência na medida exata.
Difícil de
resumir - assim como acontecia com "Jogos, trapaças" - a trama de
"Snatch" é uma miscelânea de histórias paralelas que convergem para um
único (a absurdamente climático) desfecho. Jason Statham - um dos atores
preferidos de Ritchie, antes de tornar-se astro do cinema de ação -
interpreta Turkish, um gângster barato que, ao lado do eterno comparsa
Tommy, se envolve no mundo das lutas de boxe comandadas pelo perigoso
Brick Top (Alan Ford), que não hesita em comprar resultados para
enriquecer ilicitamente. Tentando convencer o cigano Mickey O'Neill
(Brad Pitt) a juntar-se a eles em seus esquemas fraudulentos, Turkish
acaba no caminho de um grupo de ladrões de diamantes, comandado pelo
misterioso Franky "Quatro dedos" (Benicio Del Toro), que, de posse de
uma pedra gigantesca de 84 quilates, tenta vendê-la ao ambicioso Primo
Avi (Dennis Farina) - até que ela é roubada por um bando de larápios
pés-de-chinelo a mando do mafioso russo Boris "The Blade" (Rade
Serbedzija). Aos poucos, todos cruzarão uns com os outros, com
consequências inesperadas e surreais.
Guy
Ritchie - dono de um senso de humor particular e por vezes nos limites
do bom-gosto - usa e abusa de recursos estilísticos para sublinhar o tom
quase de história em quadrinhos de seu filme, o que ajuda a amenizar a
crueldade de algumas sequências (ainda que todas as mortes da trama
aconteçam fora de cena). Editado com uma velocidade que deixa o
espectador tonto de tanta informação, "Snatch" faz rir graças
principalmente ao excesso de acontecimentos bizarros que toma conta da
narrativa desde suas primeiras cenas - com direito a um assalto durante
uma explicação sobre a tradução da Bíblia, bem ao estilo Quentin
Tarantino - e às referências de cultura contemporânea - até mesmo a
então esposa do diretor, Madonna, é citada indiretamente, com uma canção
tocando no rádio de um carro - mas é inegável que boa parte da graça do
filme reside na escalação certeira de Brad Pitt como o cigano boxeador
de dicção ininteligível Mickey One Punch.
Dotado de um
timing cômico impecável, Pitt - que telefonou para Ritchie se oferecendo
para trabalhar com ele depois de uma sessão de "Jogos, trapaças" -
rouba cada cena em que aparece como o truculento e esperto lutador que
se vinga da morte da mãe passando a perna nos "empresários" do mundo do
boxe: deixando de lado qualquer traço de vaidade (apesar do corpo
sarado), ele mostra mais uma vez que, por debaixo do galã cobiçado
existe um ator disposto a arriscar-se por um bom papel. Suas cenas são,
invariavelmente, as mais divertidas do filme, diluindo as cores um tanto
quanto machistas e misóginas do roteiro (as mulheres, quando aparecem,
não são exatamente em papéis de respeito, servindo apenas como apoio
quase figurativo). Esperto e engraçado, "Snatch" é um belo segundo
filme, mas que acabou esgotando o estilo de Ritchie, que nunca mais
acertou - exceto em projetos de encomenda, como a versão de "Sherlock
Holmes" estrelada por Robert Downey Jr. em 2009 e sua continuação. Mesmo
assim, fica claro em seus dois primeiros trabalhos, sua energia,
criatividade e segurança em contar uma história, por mais complexa que
ela seja.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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3 comentários:
Snatch Porcos e diamantes Recebeu muitas criticas, pessoalmente eu acho que é um filme que nos prende. cho que o roteiro deste filme foi muito criativo e foi uma peça clave de êxito. Sou uma fiel seguidora de Guy Ritchie. Apesar de não ser um diretor tão reconhecido na indústria do cinema, ele é um dos poucos que conseguem boas obras cinematográficas de aventura graças ao seu grande profissionalismo. Deve ser por ele que grandes atores como Charlie Hunnam em Rei Arthur querem participar nos seus filmes. Seguramente os seus filmes de fantasia são um sucesso a seu estilo e personalidade, é uma referência do gênero. Seus efeitos especiais estão incríveis, trilha sonora e atuações geram um resultado que consegue captar aos espectadores. A fotografia é impecável, ao igual que a edição. Sem dúvida voltaria a ver este filme! Cada um dos projetos desta atriz supera a minha expectativa.
Guy Ritchie supera a minha expectativa, Apesar de não ser um diretor tão reconhecido na indústria do cinema, ele é um dos poucos que conseguem boas obras cinematográficas de aventura graças ao seu grande profissionalismo. Deve ser por ele que grandes atores como Charlie Hunnam em Rei Arthur querem participar nos seus filmes. Seguramente os seus filmes de fantasia são um sucesso a seu estilo e personalidade, é uma referência do gênero. Seus efeitos especiais estão incríveis, trilha sonora e atuações geram um resultado que consegue captar aos espectadores. A fotografia é impecável, ao igual que a edição. Sem dúvida voltaria a ver este filme!
Guy Ritchie quando acerta o faz com categoria. Mas quando erra faz coisas como "Destino insólito".... Mas gosto quando ele mantém seu estilo próprio.
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