quarta-feira

O CÓDIGO DA VINCI


O CÓDIGO DA VINCI (The Da Vinci Code, 2006, Columbia Pictures, 149min) Direção: Ron Howard. Roteiro: Akiva Goldsman, romance de Dan Brown. Fotografia: Salvatore Totino. Montagem: Dan Henley, Mike Hill. Música: Hans Zimmer. Figurino: Daniel Orlandi. Direção de arte/cenários: Allan Cameron/Richard Roberts. Produção executiva: Dan Brown, Todd Hallowell. Produção: John Calley, Brian Grazer, Ron Howard. Elenco: Tom Hanks, Audrey Tautou, Jean Reno, Ian McKellen, Paul Bettany, Alfred Molina, Jurgen Prochnow. Estreia: 19/5/06

E alguém duvidava que o décimo-primeiro livro mais vendido do mundo (ao toque de 80 milhões de cópias contabilizadas) chegaria às telas de cinema? É claro que não. A grande questão, respondida na abertura do Festival de Cannes de 2006 era bem outra: conseguiria o roteiro do oscarizado Akiva Goldsman fazer justiça ao romance do americano Dan Brown e repetir junto aos ávidos frequentadores de cinema o interesse do livro? Afinal de contas, o que fazia do thriller de Brown um produto acima da média em termos de literatura de ficção era justamente a mistura bem azeitada entre suspense, história, arte e religião que fazia com que os consumidores simplesmente devorassem a obra vorazmente. Porém, esse equilíbrio, que consistia em páginas e mais páginas de explanações sobre segredos do Vaticano divididos com momentos de ação e mistério e funcionava à perfeição nas páginas, tropeça nas telas. A versão para o cinema de "O código Da Vinci" é tecnicamente perfeita, mas não cumpre tudo que promete.

Tudo começa já na escolha do ator principal. Por mais talentoso que seja, Tom Hanks talvez não seja a opção mais adequada para viver Robert Langdon, o simbologista que é jogado de uma hora pra outra em uma arriscada aventura que põe sua própria vida em jogo: a apatia do ator é perceptível em cada cena, tirando muito do entusiasmo que a trama poderia suscitar e nem mesmo as inspiradas atuações de Ian McKellen, Paul Bettany e Jean Reno conseguem apagar a má impressão. Somado a um roteiro que para a ação em momentos cruciais para a inserção de longos monólogos explicativos - fato que não chega a ser exatamente culpa de Goldsman, uma vez que tais cenas são imprescindíveis para a compreensão da história - o trabalho quase medíocre de Hanks tira muito o brilho do filme.



Filmado com locações dentro do Museu do Louvre, em Paris - onde a trama tem início de forma violenta - "O código Da Vinci" é uma produção caprichada, como se espera de um filme com o orçamento gigantesco de 125 milhões de dólares. Fotografado e editado com cuidado e precisão, ele não consegue, no entanto, deixar a impressão de que é mais longo do que seus demorados 149 minutos de duração. Enquanto o livro passava rapidamente diante dos olhos dos leitores, que viravam suas páginas enlouquecidamente para saber o que viria a seguir, a versão live-action dirigida quase no piloto automático por Ron Howard (vindo do Oscar por "Uma mente brilhante") nunca chega a empolgar, conduzindo o público a uma intriga bastante interessante revelada de forma preguiçosa. É surpreendente que um roteirista tarimbado como Akiva Goldsman não saiba transformar o livro em um produto cinematográfico adequado, ficando preso em demasia à sua estrutura em detrimento a dotá-lo de um ritmo próprio.

Por outro lado, nem tudo são pedras. Quem não leu o romance de Dan Brown - cuja continuação "Anjos e demônios", que se passa antes deste também virou filme nas mãos da mesma equipe - provavelmente irá se surpreender com a história criada pelo escritor, que causou polêmica junto à Igreja católica graças às teorias que levantou. Segundo o livro, o artista plástico Leonardo Da Vinci deixou, escondidas em suas obras, inúmeras pistas relativas a um ancestral segredo que diz respeito à linhagem sagrada de Jesus Cristo e Maria Madalena. São essas pistas que levam o simbologista vivido por Hanks - em papel disputado quase a tapa pelos maiores astros de Hollywood - a correr atrás do assassino de um velho amigo, assassinado no Museu do Louvre e que lhe deixou mensagens criptografadas. Ao lado da neta da vítima, Sophie Neveu (Audrey Tautou), ele parte em busca de respostas a questões que nem sabia existir e encontra pelo caminho o assustador monge Silas (Paul Bettany).

É inegável que a história engendrada por Dan Brown é inteligente, intrigante e bastante relevante. Mas é visível também que sua adaptação para o cinema não chegou nem perto de suas imensas possibilidades. Mesmo assim, é acima da média no gênero e, assistido com paciência e boa vontade, pode render uma bela sessão, principalmente pela história e pelas atuações de Ian McKellen e Paul Bettany.

Um comentário:

Anônimo disse...

só aguentei ver metade do filme...

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