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QUERO SER GRANDE

QUERO SER GRANDE (Big, 1988, 20th Century Fox, ) Direção: Penny Marshall. Roteiro: Gary Ross, Anne Spielberg. Fotografia: Barry Sonnenfeld. Música: Howard Shore. Figurino: Judianna Makovsky. Direção de arte/cenários: Santo Loquasto/Susan Bode, George DeTitta. Produção: James L. Brooks, Robert Greenhut. Elenco: Tom Hanks, Elizabeth Perkins, Robert Loggia, John Heard, Jared Rushton, David Moscow, Mercedes Ruehl, Jon Lovitz, Debra Jo Rupp. Estreia: 03/6/88

2 indicações ao Oscar: Ator (Tom Hanks), Roteiro Original
Vencedor do Golden Globe de Melhor Ator Comédia/Musical (Tom Hanks)

Um bom tempo antes de consagrar-se como apenas o segundo ator a levar dois Oscar na categoria principal em anos consecutivos - como o fez Spencer Tracy em 1937/38 - Tom Hanks era apenas considerado um ator de comédias ligeiras, o que sua participação em filmes como "A última despedida de solteiro" (84) e "Um dia a casa cai" (86) apenas reiterava. No entanto, foi justamente por uma dessas produções despretensiosas que ele começou a ser percebido como alguém cujo talento merecia uma maior atenção. Por "Quero ser grande", de Penny Marshall, ele saiu-se vencedor do Golden Globe de melhor ator em comédia/musical de 1988, deixando para trás nomes como Michael Caine, Bob Hoskins e Robert De Niro - que inclusive chegou a ser cotado para o mesmo papel - e foi indicado à sua primeira estatueta dourada. Nada mais justo, uma vez que sua interpretação de Joshua Biskin, um garoto de 12 anos de idade que acorda no corpo de um homem de 30 é nada menos que genial, repleta de nuances e detalhes que são impossíveis de ignorar.

Hanks - que voltou ao projeto depois de tê-lo abandonado por causa de outros compromissos profissionais - está à vontade no papel de Joshua como poucas vezes em sua carreira. Seus trejeitos, que lembram com exatidão o comportamento de um pré-adolescente (e que foram copiados ao pé da letra dos movimentos do jovem David Moscow, que interpreta o protagonista com seu corpo original) conquistam o público juntamente com a inocência de seu personagem - que leva sua colega de trabalho (Elizabeth Perkins) para dormir em sua casa e passa quase a noite inteira pulando em uma cama elástica - e sua excelente química com Jared Rushton, que interpreta seu melhor amigo, Billy. Mesmo com alguns pequenos problemas no roteiro, como a pouca importância dada à sua família depois de seu "desaparecimento" e a premissa inicial pouco verossímil - mas que é facilmente comprada graças à simpatia do filme como um todo - Hanks domina a obra de tal forma que toda e qualquer falha torna-se imediatamente perdoável.


Para quem não conhece a história, ela é das mais simples, como convém: Joshua Baskin é um pré-adolescente como outro qualquer, que frequenta a escola, brinca com o vizinho e melhor amigo Billy e é apaixonado por uma de suas colegas (que, como sempre acontece, mal sabe de sua existência, preferindo a companhia de rapazes mais velhos e mais altos). Um dia, visitando um parque de diversões com a família, ele dá de cara com uma máquina que promete realizar qualquer desejo. Em um impulso, ele pede para tornar-se grande, mas perde as esperanças quando percebe que a máquina está desligada da tomada. Na manhã seguinte, para sua surpresa, ele acorda com o corpo de um homem de 30 anos. Com a ajuda de Billy, ele foge de casa atrás do parque (que já abandonou sua cidade), enquanto seus pais entram em desespero com seu desaparecimento. Enquanto investiga o destino da máquina que o transformou, ele arruma emprego em uma fábrica de brinquedos, conquista o patrão (Robert Loggia) com suas ideias e sua "mente aberta ao pensamento infantil" e seduz inadvertidamente uma das diretoras da empresa (Elizabeth Perkins).

Dona da já clássica sequência em que Joshua e seu patrão sapateam o "Bife" em um teclado gigantesco em uma loja de brinquedos e de inúmeras cenas repletas de um humor ingênuo e deliciosamente simples, "Quero ser grande" tornou-se o primeiro filme dirigido por uma mulher a ultrapassar a barreira dos 100 milhões de dólares de arrecadação e conquistou também uma indicação ao Oscar de roteiro original - escrito pela irmã de Steven Spielberg, Anne, e pelo futuro cineasta de "A vida em preto-e-branco" Gary Ross. É o perfeito exemplo de um produto tipicamente hollywoodiano, mas com uma alma e uma sensibilidade que poucos filmes tem, além de despertar gargalhadas sem fazer muito esforço. Hanks tornou-se grande. E não foi à toa.

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