quinta-feira

A FORTALEZA

A FORTALEZA (Fortress, 1985, HBO Films, 85min) Direção: Arch Nicholson. Roteiro: Everett De Roche, romance de Gabrielle Lord. Fotografia: David Connell. Montagem: Ralph Strasser. Música: Danny Beckerman. Direção de arte: Philip Warner. Produção executiva: Hector Crawford, Ian Crawford, Terry Stapleton. Produção: Raymond Menmuir. Elenco: Rachel Ward, Sean Garlick, Elaine Cusick, Laurie Moran, Marc Gray, Rebecca Rigg, Richard Terrill. Estreia: 24/11/85

Hoje em dia é comum que produções televisivas alcancem níveis de qualidade compatíveis com aqueles realizados para o cinema, graças especialmente a emissoras como a HBO. Algumas décadas atrás, no entanto, filmes feitos especificamente para a TV não tinham o mesmo status, sendo frequentemente ligados a atores e diretores cujas carreiras não tinham o mesmo prestígio de antes. "A fortaleza", rodado na Austrália e estrelado por Rachel Ward - que havia arrancado suspiros da ala masculina com sua atuação em "Paixões violentas" (84) - faz parte dessa época, mas é impressionante como, mesmo com as limitações impostas pelo veículo, consegue prender a atenção e proporcionar à audiência um espetáculo que, se não chega a ser brilhante, ao menos é competente e eficiente a ponto de contar bem uma história envolvente e imprevisível.


Ward, em seu primeiro papel pós-"Paixões violentas" está convincente como Sally Jones, a professora não muito satisfeita de uma pequena cidade rural da Austrália que mora com os pais de um aluno e não vê a hora de acabar o ano letivo para buscar novos objetivos profissionais. Sua tranquila e tediosa rotina se vê drasticamente modificada, no entanto, em um dia que começa aparentemente igual a todos os outros: um grupo de quatro homens mascarados invade a escola e a sequestra, juntamente com seus oito alunos (cujas idades variam dos seis aos quatorze anos). Com a intenção de pedir um resgate por suas vidas, os criminosos os escondem em uma caverna, mas nenhum dos reféns - a começar pela professora e pelo rebelde Sid (Sean Garlick) - pretendem resignar-se à sua condição e começam a engendrar um plano de fuga que os colocará em rota de colisão com a violência e a truculência de seus sequestradores.


Dirigido por Arch Nicholson, um veterano em produções televisivas, que assinou episódios de séries como "Missão impossível" (a versão anos 80) e que morreu em 1990 aos 49 anos de idade, "A fortaleza" tem a seu favor um roteiro conciso e interessante, baseado em uma história real acontecida em 1972, quando quatro homens sequestraram uma professora e sua classe e descobriram, tarde demais, que o grupo havia conseguido fugir apesar da densa floresta que os cercava. O filme, por sua vez, expande a história original, dando à relação entre Sally e seus alunos um viés mais familiar, com um arco dramático mais rico do que aconteceu na vida real: não apenas a professora passa a sentir-se mais próxima dos alunos com quem mantinha um certo distanciamento emocional como as próprias crianças descobrem dentro de si uma coragem desconhecida - além de uma tendência para a violência e a crueldade que só explode nas sequências finais.

Fosse direcionado para o cinema e tivesse no comando um diretor mais ousado e criativo, certamente "A fortaleza" teria um impacto muito maior em seu resultado final. Apesar disso - e das restrições inerentes ao veículo, especialmente nos anos 80, quando o limite entre o que podia ou não ser mostrado na televisão ainda era muito mais apertado - o filme de Nicholson consegue sobressair-se de seus congêneres graças ao trabalho de Rachel Ward e do roteiro, que flui com bom ritmo e senso de clímax. É um divertimento correto, levando-se em consideração as circunstâncias de sua realização, e pode tranquilamente servir como um entretenimento ligeiro.

2 comentários:

Paulo Alt disse...

Alguém também esteve aqui lendo o post. ;)

E concordo quanto ao "sobressair-se" mesmo sendo uma produção televisiva. Principalmente pela ousadia daquele final. Principalmente por envolver crianças nesse final.

Esse eu não exclui do note e vou guardar.

Zukm.t ppb
Bjsssss

Anônimo disse...

...outro que curtia o filme!
O adorava quando menor.
Uma estória bem polêmica - ainda mais envolvendo menores de idade; e VIOLÊNCIA.
Se nota que até na AUSTRÁLIA há perigo. Uma vez uma pessoa de lá veio aqui ao Brasil (conheci rapidamente num happy hour) e disse que 'não seria bom andar pelas ruas da cidade onde tal morava à noite (Sydney)'.
Ainda no filme: há algumas falhas, como TODO FILME TEM.
E o inesperado/cheguei a trocar e mails com 2 pessoas ligadas a tal _ a mãe de uma das crianças (pessoa dedicada mesmo. Teve até a ver com o CUIDADO DAS CRIANÇAS). E um dos malfeitores. Bem diferente do papel.
Cheguei a ver em outras línguas. E no original ainda melhor.

Rodrigo

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